Sentidos e experiências relatados por mulheres em relacionamentos não monogâmicos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0383.2021v42n2p289

Palavras-chave:

Amor, Poliamor, Gênero, Relacionamentos abertos

Resumo

Nas últimas décadas uma das principais transformações sociais e sexuais foi o questionamento do ideal de relacionamento afetivo e sexual baseado na monogamia, sendo a não monogamia uma das suas principais manifestações. O objetivo desta pesquisa foi compreender relatos de mulheres que vivenciam ou vivenciaram relacionamentos amorosos e sexuais não monogâmicos. Dez mulheres com idades entre 20 e 34 anos que vivenciam ou vivenciaram ao menos um relacionamento não monogâmico foram entrevistadas. Seus relatos foram agrupados em três categorias a partir de uma análise de conteúdo temática. Os principais resultados destacaram: as transformações das intimidades no que se refere à liberdade afetiva e sexual; a multiplicidade de parceiros episódicos ou constantes; os questionamentos das opressões de gênero e de orientações sexuais heteronormativas e monogâmicas; a importância do diálogo como estratégia de resolução dos conflitos e de enfrentamento do ciúme. Todos esses resultados apontam para as transformações das intimidades contemporâneas que promovem a visibilidade de grupos, comunidades e sujeitos outrora reprimidos. É necessária a continuidade do debate visando alterar as opressões entre os gêneros ainda persistentes na sociedade brasileira.

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Biografia do Autor

Ana Clara Rubin Corá, Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Rafael De Tílio, Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM

Doutorado em Ciências  pela Universidade de São Paulo (USP).Professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

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Publicado

06.12.2021

Como Citar

RUBIN CORÁ, A. C.; DE TÍLIO, R. Sentidos e experiências relatados por mulheres em relacionamentos não monogâmicos. Semina: Ciências Sociais e Humanas, [S. l.], v. 42, n. 2, p. 289–308, 2021. DOI: 10.5433/1679-0383.2021v42n2p289. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/43875. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos Seção Livre