Transexualidade e visibilidade trans em mídias digitais: as narrativas de Mandy Candy no YouTube

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0383.2019v40n1p89

Palavras-chave:

Transexualidade, Narrativa autobiográfica, YouTube, Identidade de gênero, Mulheres-Trans.

Resumo

Este artigo visa discutir a visibilidade “trans” nas novas mídias, principalmente no YouTube, a partir do estudo de narrativas autobiográficas veiculadas nessa plataforma por uma mulher transexual brasileira, Amanda Guimarães. Mais conhecida como Mandy Candy, ela teve seu canal/perfil no site selecionado por ser a primeira youtuber transexual do Brasil (BBC Brasil, 2016), ter a maior quantidade de inscritos entre youtubers trans e relatar suas experiências pessoais, postadas publicamente. Valendo-nos do canal Mandy Candy como ponto inicial de exploração dessa problemática, foram selecionados os cinco vídeos mais populares de Amanda, relacionados diretamente à transexualidade. O conteúdo dos vídeos foi analisado criticamente, mediante uma perspectiva interdisciplinar, articulando contribuições de estudos de narrativas oriundos da Psicologia Social, estudos de gênero contemporâneos das Ciências Sociais e reflexões no campo da Comunicação Social. Oscilando entre o entretenimento, a instrução e o testemunho pessoal, os vídeos de Amanda conferem visibilidade à condição transexual por meio de conteúdos francos que ajudam a reduzir estigmas e a transfobia. Por outro lado, também revelam que a transgenitalização e a busca de um corpo que passe como cisgênero (“passabilidade cis”) envolvem a conformidade aos padrões estéticos normativos de feminilidade.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Stephanie Caroline Ferreira de Lima, Universidade Federal do Ceará - UFC

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará - UFC.

Idilva Maria Pires Germano, Universidade Federal do Ceará - UFC

Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará. Professora Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará - UFC.

Referências

APA - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

AMORIM, A. S. Homens (In)visíveis: a experiência de transhomens brasileiros nas mídias virtuais. 2016. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: https://goo.gl/JKJvAp. Acesso em: 16 maio 2017.

ARÁN, M. A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Ágora, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 49-63, 2006. Disponível em: https://goo.gl/fSoGka. Acesso em 19 out. 2017.

BALZER, C.; LaGATA, C.; BERREDO, L. TMM annual report 2016. Berlin: TGEU Transgender Europe, 2016. (TvT Publication Series, v. 14, Oct.). Disponível em: https://transrespect.org/wp-content/uploads/2016/11/TvT-PS-Vol14-2016.pdf. Acesso em: 20 out. 2017.

BARBOSA, B. C. “Doidas e putas”: usos das categorias travesti e transexual. Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana, Rio de Janeiro, n. 14, p. 352-379, 2013. Disponível em: https://goo.gl/B6g83c. Acesso em: 20 out. 2017.

BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: DUARTE, R. (org.). O belo autônomo: textos clássicos de estética. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica: Crisálida, 2017.

BENTO, B. O que é transexualidade. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2008.

BURGESS, J.; GREEN, J. YouTube: online video and participatory culture. Cambridge: Polity Press, 2009.

BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CLAM – CENTRO LATINOAMERICANO EM SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS. Orientação sexual na CID-11. Rio de Janeiro: UERJ, 2014. Disponível em: https://goo.gl/dfku4E. Acesso em: 7 nov. 2017.

FRY, P.; MACRAE, E. O que é homossexualidade. São Paulo: Abril Cultural, 1985.

GUIMARÃES, A. Meu nome é Amanda. Rio de Janeiro: Fábrica231 Rocco, 2016d.

JESUS, J. G.; ALVES, H. Feminismo transgênero e movimentos de mulheres transexuais. Cronos, Natal, v. 11, n. 2, p. 8-19, jul./dez. 2010. Disponível em: https://goo.gl/aTXQ95. Acesso em: 18 out. 2017.

LATTANZIO, F. F.; RIBEIRO, P. C. Transexualidade, psicose e feminilidade originária: entre psicanálise e teoria feminista. Revista de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 72-82, 2017. Disponível em: https://goo.gl/iArrpv. Acesso em: 18 out. 2017.

LUCON, N. Mandy Candy: Antes de me assumir mulher trans, tive que superar a minha própria transfobia. NLucon blog. 10 ago. 2016. Disponível em: https://nlucon.com/2016/08/11/mandy-candy-antes-de-me-assumir-mulher-trans-tive-que-superar-a-minha-propria-transfobia/. Acesso em: 8 ago. 2017.

MANDY CINDY. Sinto prazer na pepeca depois da cirurgia? out. 2016a. Disponível em: https://goo.gl/NzLps4. Acesso em: 9 set. 2017.

MANDY CINDY. Como era minha voz de “homem” (como mudei minha voz). nov. 2016b. Disponível em: https://goo.gl/9qpMBr. Acesso em: 9 set. 2017.

MANDY CINDY. Eu conto que sou trans para os homens? mar. 2016c. Disponível em: https://goo.gl/aPizek Acesso em: 9 set. 2017.

MANDY CINDY. Eu sou mais que uma mulher trans. abr. 2017a. Disponível em: https://goo.gl/NkcFCc. Acesso em: 17 nov. 2017.

NATANSOHN, G. (org.). Internet em código feminino: teorias e práticas. Buenos Aires: La Crujía Ediciones, 2013.

PRECIADO, P. B. Testo Yonqui. Madri: Espasa Calpe, 2008.

SAMPAIO, J. V.; GERMANO, I. M. P. “Tudo é sempre de muito!”: produção de saúde entre travestis e transexuais. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 25, n. 2, p. 453-472, maio/ago. 2017.

SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995. Disponível em: https://goo.gl/m4Fcj4. Acesso em: 5 mar. 2017.

Downloads

Publicado

15.05.2019

Como Citar

LIMA, S. C. F. de; GERMANO, I. M. P. Transexualidade e visibilidade trans em mídias digitais: as narrativas de Mandy Candy no YouTube. Semina: Ciências Sociais e Humanas, [S. l.], v. 40, n. 1, p. 89–102, 2019. DOI: 10.5433/1679-0383.2019v40n1p89. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/34164. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos Seção Livre

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)