A arquitetura do trato urinário de ovinos não é afetada pela obstrução uretral aguda

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0359.2021v42n3p1111

Palavras-chave:

Histopatologia, Hidronefrose, Morfometria, Carneiro, Urólito.

Resumo

Urolitíase acomete o trato urinário de pequenos ruminantes causando a saída prematura de animais destinados à reprodução. O estudo morfométrico dos órgãos pode ser empregado como método de auxílio diagnóstico. Assim, este estudo objetivou descrever as alterações macroscópicas, histopatológicas e histomorfométricas do trato urinário de ovinos com urolitíase. Com esse fim, foram utilizados 14 ovinos hígidos, machos, da raça Santa Inês com idade aproximada de 90 dias, que receberam dieta experimental. Após o desenvolvimento da urolitíase os animais foram reorganizados em dois grupos experimentais distintos D1 (sem urolitíase) e D2 (com urolitíase) para a análise comparada dos dados. Os ovinos foram necropsiados para descrição das alterações patológicas, seguindo-se a análise morfométrica macroscópica e descrição quanto as características histopatológicas e histomorfométricas. Necrose de processo uretral e bexiga urinária repleta foram observados em todos os animais que desenvolveram a doença. Na comparação entre os ovinos com e sem urolitíase não houve diferença significativa (P < 0,05) nas variáveis morfométricas macroscópicas avaliadas, a exceção da largura do ureter direito. Quanto à avaliação histopatológica, foram observadas áreas multifocais de discreta a moderada congestão dos tufos glomerulares e proteína no lúmen tubular nos rins. No fígado, observou-se nas regiões centrolobulares, discreta a moderada degeneração gordurosa e apenas em um animal foi observada, macro e microscopicamente, área focal ulcerada na mucosa da bexiga. Os achados da presente pesquisa demonstraram que a dieta formulada foi eficaz na indução da doença clínica. Na urolitíase obstrutiva aguda em ovinos, lesões teciduais em fígado e trato urinário são observadas, mas não há alterações histomorfométricas significativas.

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Biografia do Autor

Thiago Arcoverde Maciel, Universidade Federal de Campina Grande

Prof. Dr., Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Patos, PB, Brasil.

Clédson Calixto de Oliveira, Universidade Federal de Campina Grande

Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Clínica e Cirurgia para Animais de Grande Porte do Hospital Veterinário, UFCG / Patos, UFCG, Patos, PB, Brasil.

Millena de Oliveira Firmino, Universidade Federal de Campina Grande

Discente de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Laboratório de Patologia Animal da UFCG / Patos UFCG, Patos, PB, Brasil.

Lismara Castro do Nascimento-Hama, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Discente do Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Jaboticabal, Jaboticabal, SP, Brasil.

Luis Antonio Mathias, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Prof. Dr., Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal, UNESP, Jaboticabal, Jaboticabal, SP, Brasil.

Silvana Martinez Baraldi Artoni, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Profa Dra, Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, UNESP, Jaboticabal, Jaboticabal, SP, Brasil.

Daniela Oliveira, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Profa. Dra, Departamento de Anatomia Animal, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco, UAG / UFRPE, Garanhuns, PE, Brasil.

Lizandra Amoroso, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Profa Dra, Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, UNESP, Jaboticabal, Jaboticabal, SP, Brasil.

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Publicado

2021-03-19

Como Citar

Maciel, T. A., Oliveira, C. C. de, Firmino, M. de O., Nascimento-Hama, L. C. do, Mathias, L. A., Artoni, S. M. B., Oliveira, D., & Amoroso, L. (2021). A arquitetura do trato urinário de ovinos não é afetada pela obstrução uretral aguda. Semina: Ciências Agrárias, 42(3), 1111–1128. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2021v42n3p1111

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