A longa temporalidade do estado racialista e o impasse da república democrática no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2018v23n2p123

Palavras-chave:

Estado racialista, Pensamento político brasileiro, Republicanismo

Resumo

O presente artigo analisa as linguagens com que se estabelece e se legitima um Estado racialista no Brasil. Para tanto, aborda a emergência da tradição liberal oligárquica de fins de século XIX, demonstrando como suas ideias contribuíram para a despolitização da questão racial, assim como para a interdição do princípio da soberania popular no contexto da Abolição e do fim do Império. Em seguida, o texto se concentra em analisar como o pensamento brasileiro do século XX, na diversidade e força de seus principais intérpretes, não foi capaz de estabilizar uma crítica politizante e central do Estado racialista. Pretende-se, nesse sentido, sugerir uma abordagem republicana e democrática que articule a questão racial enquanto orgânica à formação da democracia no Brasil.

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Biografia do Autor

Juarez Guimarães, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Doutorado em Ciências Sociais pela  Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

André Drumond, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF.

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Publicado

2018-09-02

Como Citar

GUIMARÃES, J.; DRUMOND, A. A longa temporalidade do estado racialista e o impasse da república democrática no Brasil. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 23, n. 2, p. 123–159, 2018. DOI: 10.5433/2176-6665.2018v23n2p123. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/34803. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê