Trabalhos domésticos e de cuidados sob a ótica da teoria da reprodução social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2018v23n3p70

Palavras-chave:

Divisão Sexual do Trabalho, Feminismo, Gênero, Reprodução Social

Resumo

No cerne da pluralidade das teorias e análises feministas, pesquisadoras da Teoria da Reprodução Social (TRS) ancoradas em noções marxianas de trabalho, valor, força de trabalho e reprodução social, elaboram a ideia de que tanto a produção de mercadorias quanto os trabalhos domésticos e de cuidados compõem a totalidade sistêmica do capitalismo, de que ambos são necessários à regeneração do capital. Elas compreendem que os conflitos em torno da reprodução social se configuram em um ponto chave na disputa entre capital e trabalho. Este texto analisa a problemática atual dos trabalhos domésticos e de cuidados, localizada em uma crise que impõe uma nova divisão sexual e internacional do trabalho e que evoca uma renovação na teoria social, expressada no desenvolvimento feminista da TRS.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Fabiana Sanches Grecco, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Doutora em Ciência pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Referências

ABRAMO, Laís; VALENZUELA, María Elena. Tempo de trabalho remunerado e não remunerado na América Latina: uma repartição desigual. In: ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa (Org.). Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. São Paulo, SP: Boitempo, 2016. Pt. 3, p.113-124.

AMORIM, Henrique José Domiciano. Valor-trabalho e imaterialidade da produção nas sociedades contemporâneas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2012.

ARAÚJO, Angela; LOMBARDI, Maria Rosa. Trabalho informal, gênero e raça no Brasil do início do século XXI. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 149, p. 452-477, maio/ago. 2013.

ARRUZZA, Cinzia. Funcionalista, determinista e reducionista: o feminismo da reprodução social e seus críticos. Cadernos Cemarx, Campinas, n. 10, p. 39-60, 2017 [2016].

ÁVILA, Maria Betânia. O tempo do trabalho produtivo e reprodutivo na vida cotidiana. Revista ABET, v. 9, n. 2, p. 53-70, 2010.

BELUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. Valor e capitalismo: um ensaio sobre a economia política. Campinas: Instituto de Economia da Unicamp, 1998.

BELUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. Prefácio à edição brasileira. In: RUBIN, Isaak Illich. A teoria marxista do valor. São Paulo: Editora Pólis, 1987 [1928].

BENERÍA, Lourdes. The crisis of care, international migration, and public policy. Feminist Economics, Houston, TX, v. 14, n. 3, p. 1-21, 2008.

BENSTON, Margaret. The political economy of woman's liberation. Monthly Review, New York, NY, v. 21, n. 4, p. 13-27, 1969.

BERTOLIN, Patrícia Tuma Martins. Violência institucional nas sociedades de advogados: os óbices à ascensão das mulheres. In: SCHINKE, Vanessa Dorneles. A violência de gênero nos espaços de direito. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2017. v. 1, p. 215-228.

BHATTACHARYA, Tithi. How not to skip class: social reproduction of labor and the global working class. In: BHATTACHARYA, Tithi (Org.). social reproduction theory remapping class, recentering oppression. London: Pluto Press, 2017. p. 68-74.

BONELLI, Maria da Glória. Profissionalismo, gênero e diferença nas carreiras jurídicas. São Carlos, SP: EduFSCar, 2013.

BRUSCHINI, Cristina. Trabalho doméstico: inatividade econômica ou trabalho não-remunerado? Revista Bras. Est. Pop., São Paulo, v. 23, n. 2, p. 331-353, jul./dez. 2006.

CARRASCO, Cristina. La economía feminista: un recorrido a través del concepto de reproducción. Ekonomiaz, Araba, ES, n. 91, p. 50-75, 2017.

CARRASCO, Cristina. Notas para un tratamiento reproductivo de trabajo doméstico. Cuadernos de Economía, Madrid, v. 16, p. 1-20, 1988.

DALLA COSTA, Mariarosa; JAMES, Selma. The power of woman and the subversion of the community. Inglaterra: The Falling Wall Press, 1972.

DELPHY, Christine. A materialist feminism is possible. In: DELPHY, Christine. Close to home: a materialist analysis of women’s oppression. Amherst, MA: University of Massachusetts Press, 1984. p. 154-181.

DELPHY, Christine. O inimigo principal: a economia política do patriarcado. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n.17, p. 99-119, maio/ago. 2015 [1970].

DELPHY, Christine. Pour une théorie générale de l'exploitation. Deuxième partie: repartir du bon pied. Mouvements, Liège, FR, v. 1, n. 31, p. 97-106, 2004.

DELPHY. Christine, Pour une théorie générale de l'exploitation. En finir avec la théorie de la plus-value. Mouvements, Liège, FR, v. 2, n. 26, p. 69-78, 2003.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. Rio de Janeiro: Editora Elefante, 2017 [2004].

FERGUSON, Susan; MCNALLY, David. Capital, força de trabalho e relações de gênero. Revista Outubro, São Paulo, n. 29, p. 23-59, novembro de 2017 [2013].

FERGUSON, Susan. Feminismos interseccional e da reprodução social: rumo a uma ontologia integrativa. Cadernos Cemarx, Campinas, n. 10, p.13-38, 2017 [2016].

FOLBRE, Nancy. Holding hands at midnight: the paradox of caring labor. Feminist Economics, v. 1, n. 1, p. 73-92, 1995.

FOLBRE, Nancy. The invisible heart. Economics and Family values. New York: The News Press, 2001.

FRASER, Nancy. Contradictions of capital and care. New Left Review, n. 100, p. 99-117, july-aug, 2016.

FRIEDMAN, Sarah. Still a Stalled Revolution? Work/Family Experiences, Hegemonic Masculinity, and Moving Toward Gender Equality. Sociology Compass, v. 9, n. 2, p. 140-155, 2015.

GEORGES, Isabel. O ‘cuidado’ como ‘quase conceito’: porque está pegando? Notas sobre a resiliência de uma categoria emergente”. In: DEBERT, Guita Grin; PILHEZ, Mariana Marques (Org.). Textos didáticos. Campinas: IFCH/Unicamp, 2017. n. 66, p. 125-151.

GRECCO, Fabiana Sanches. Algumas análises críticas feministas à teoria do valor. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL MARX E ENGELS, 9., 2018, Campinas. Anais... Campinas, 2018.

GRECCO, Fabiana Sanches. O debate sobre a reprodução social no Brasil nos marcos da ‘crise do cuidado’. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 41., 2017, Caxambu/MG. Anais... Caxambu/MG, 2017.

GUIMARÃES, Nadya Araújo. Casa e mercado, amor e trabalho, natureza e profissão: controvérsias sobre o processo de mercantilização do trabalho de cuidado. Cadernos Pagu, Campinas, n. 46, p. 59-77, abr. 2016.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. A classe operária tem dois sexos. Revista Estudos Feministas, n. 1, p. 93-100, 1994.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. Les paradigmes sociologiques à l'épreuve des catégories de sexe: quel renouvellement de l'épistémologie du travail? In: DURAND, Jean-Pierre; LINHART, Daniele (Coord.). Les ressorts de la mobilisation au travail. Paris: Octarès Editions, 2005. p. 263-272. (Collection Le travail en Débats, Série Colloques et Congrès).

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, p. 595-609, set./dez. 2007.

HIRATA, Helena. Divisão: relações sociais de sexo e do trabalho: contribuição à discussão sobre o conceito de Trabalho. Em Aberto, Brasília, ano 15, n. 65, p. 38-49, jan./mar. 1995.

HIRATA, Helena. O trabalho de cuidado. Revista SUR, São Paulo, v. 13, n. 24, p. 53-64, 2016.

HIRATA, Helena. Vida reprodutiva e produção: família e empresa no Japão. In: KARTCHEVSKY, Andrée et al. O sexo do trabalho. Rio de Janeiro: Guerra e Paz, 1986.

HIRATA, Helena. Globalização, trabalho e gênero. Revista de Políticas Públicas, São Luis, v. 9, n. 1, p.111-128, jul./dez. 2005.

HIRATA, Helena; GUIMARÃES, Nadya Araújo. Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Editora Atlas, 2012.

HOCHSCHILD, Arlie R. The culture of politics: traditional, postmodern, cold-modern, and warmmodern ideals of car. Social Politics, Oxford, n.3, p. 331-346, 1995.

HOCHSCHILD, Arlie Russell. Amor e ouro. In: DEBERT, Guita Grin; PILHEZ, Mariana Marques (Org.). Textos didáticos. Campinas: IFCH/Unicamp, 2017. n. 66, p. 5-27.

HOCHSCHILD, Arlie Russell. Emotion Work, Feeling Rules, and Social Structure. The American Journal of Sociology, Chicago, v. 85, n. 3, p. 551-575, Nov. 1979.

HUNT, E. K. História do pensamento econômico. Petrópolis: Vozes, 2008.

KERGOAT, Danièle. Em defesa de uma sociologia das relações sociais. In: KARTCHEVSKY, Andrée et al. O sexo do trabalho. Rio de Janeiro: Guerra e Paz, 1986.

KERGOAT, Danièle. A relação social de sexo: da reprodução das relações sociais à sua subversão. Pro-Posições, Campinas, v. 13, n. 1, p. 47-59, jan./abr. 2002.

KERGOAT, Danièle. Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais. Revista Novos Estudos, São Paulo, n. 86, p. 93-103, Mar. 2010.

KERGOAT, Danièle. La division du travail entre les sexes. In: KERGOAT, Jacques et. al. Le monde du travail. Paris: Decouverte, 1998. p. 319-327.

KERGOAT, Danièle. O cuidado e a imbricação das relações sociais. In: ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa (Org.). Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. São Paulo, SP: Boitempo, 2016. Part. 1.

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA, Helena et al. (Org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009 [2000]. p. 67.

MANDEL, Ernest. Tratado de economía marxista. México: Ediciones Era, 1971. Tomo II.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã (I – Feuerbach). São Paulo: Editora HUCITEC, 1993.

MARX, Karl. O capital. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

MARX, Karl. Para a Crítica da Economia Política. Tradução de Edgard Malagodi. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

MATHIEU, Nicole Claude. Sexo e gênero. In: HIRATA, Helena et al. (Org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 222.

MELO, Hildete Pereira; CONSIDERA, Claudio Monteiro; SABBATO, Claudio Di. Os afazeres domésticos contam. Economia e Sociedade, Campinas, v. 16, n. 3, p. 435-454, dez. 2007.

MENEGATTI, Jessica Cristina Luz. Teoria da dissociação-valor: análise da mercadoria e hierarquia sexual. Cadernos Cemarx, Campinas, n.10, p. 113-130, 2017.

MOLINIER, Pascale. Le travail du care. Paris: La Dispute, 2013.

MORGAN, Mary. Economic man as model man: ideal types, idealization and caricatures. Journal of the History of Economic Thought, Cambridge, v. 28, n. 1, p.1-27, Mar. 2006.

NELSON, Julie. The study of choice or the study of provisioning? Gender and the definition of economics. In: FERBER, Marianne A.; NELSON, Julie A. (Ed.). Beyond Economic Man: feminist theory and economics. Chicago: University of Chicago Press, 1993.

OIT - ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Perfil do trabalho decente no Brasil: um olhar sobre as Unidades da Federação. Brasília: OIT, 2012. p. 131-148.

OIT - ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Trabalho e família: rumo a novas formas de conciliação com corresponsabilidade social. Brasília: OIT, 2009.

PÉREZ OROZCO, Amaia. Amenaza tormenta: la crisis de los cuidados y la reorganización del sistema económico. Revista de Economía Crítica, v. 1, n. 5, p.7-37, Jan. 2006.

PICCHIO, Antonella. Social Reproduction: the political economy of the labour market. Cambridge: CUP, 1992.

ROSDOLSKY, Roman. Gênese e estrutura de O Capital de Karl Marx. Rio de Janeiro: EDUERJ: contraponto, 2001.

RUBIN, Isaak Illich. A teoria marxista do valor. São Paulo: Editora Pólis: 1987.

SAFFIOTI, Heleieth. Emprego doméstico e capitalismo. Petrópolis: Vozes, 1978. Tomo 1.

SAFFIOTI, Heleieth. Emprego doméstico e capitalismo. Rio de Janeiro: Avenir Editora Limitada, 1979. Tomo 2.

SCHOLZ, Roswitha. O valor é homem: teses sobre a socialização pelo valor e a relação entre os sexos. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 45, p. 15-36, jul. 1996.

SECCOMBE, Wally. The housewife and her labour under capitalism. New Left Review, London, n. 83, p.3-24, Jan./Feb.1974.

SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigações sobre a sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. v. 1.

VOGEL, Lise. Marxism and the oppression of women: Toward a Unitary Theory. New Brunswick, New Jersey, 1983.

Downloads

Publicado

2018-12-29

Como Citar

GRECCO, F. S. Trabalhos domésticos e de cuidados sob a ótica da teoria da reprodução social. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 23, n. 3, p. 70–102, 2018. DOI: 10.5433/2176-6665.2018v23n3p70. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/34318. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê