A dinâmica de desigualdades e interseccionalidades no trabalho de mulheres da limpeza pública urbana: o caso das garis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v20n2p160

Palavras-chave:

Interseccionalidade, Desigualdade, Gênero, Raça, Trabalho

Resumo

As características históricas do estado-nação brasileiro, a formação étnico-racial do seu povo e a modelagem da sociedade nos parâmetros modernos trouxeram particularidades às categorias sócio-profissionais. Algumas possuem distinções singulares entre homens e mulheres, são majoritariamente constituídas por grupos negros (pretos e pardos) com baixa escolaridade, respondem a fluxos migratórios internos no país, não acenam com ascensão social, têm direitos trabalhistas reduzidos e, por fim, são invisibilizadas socialmente. Ao mesmo tempo, estão ausentes das estatísticas econômicas, subsumidas das políticas de desenvolvimento e são pouco estudadas pela academia. Este texto é parte dos resultados da investigação sociológica sobre a categoria profissional “mulheres garis” (varredoras das ruas) do Distrito Federal (DF, Brasil). O texto analisa, a partir de dinâmicas e condições interseccionais de um ofício considerado abjeto e desvalorizado da perspectiva socioeconomicamente, profundas desigualdades com consequências diretas sobre as próprias trabalhadoras e as estruturas do mundo do trabalho.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Lourdes Maria Bandeira, Universidade de Brasília - UNB

Doutora em Antropologia. pela Université de Paris V René Descartes - UPV. Professora da Universidade de Brasília - UNB.

Tânia Mara Campos de Almeida, Universidade de Brasília - UNB

Doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília - UNB. Professora da Universidade de Brasília - UNB.

Referências

ABREU, Alice. América Latina: globalización, género y trabajo. In: TODARO, Rosalba; RODRIGUEZ, Regina (Ed.). El trabajo de las mujeres en el tempo global. Santiago de Chile: Isis Internacional y CEM, 1995.

ALMEIDA, Tânia Mara et al. (Org.). Gênero e feminismos: convergências (in) disciplinares. Brasília: ExLibris, 2010.

ARAÚJO, Clara; SCALON, Celi (Org.). Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

ÁVILA, Maria Betânia. O tempo do trabalho das empregadas domésticas: tensões entre dominação/exploração e resistência. 2009. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.

BANDEIRA, Lourdes Maria. Importância e motivação do Estado Brasileiro para pesquisas de uso do tempo no campo de gênero. Revista Econômica, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 47-63, jun. 2010.

BANDEIRA, Lourdes Maria; ALMEIDA, Tânia Mara. Relações de gênero, violência e assédio moral. Brasília: AGENDE, 2005.

BANDEIRA, Lourdes Maria; OLIVEIRA, Eleonora. Representações de gênero e moralidade na pratica profissional da enfermagem. Revista da Associação Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 51, n. 4, p. 141-166, out.- dez. 1998.

BRUSCHINI, Cristina. O trabalho da mulher brasileira nas décadas recentes. In: SEMINÁRIO NACIONAL: POLÍTICAS ECONÔMICAS, POBREZA E TRABALHO, 2., 1995, Brasília, Anais... Brasília: Ipea, 1995 (Série Seminários, 7).

BRUSCHINI, Cristina; SORJ, Bila (Org.). Novos olhares: mulheres e relações de gênero no Brasil. São Paulo: FCC, 1994.

BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. New York: Routledge, 1990.

CEPAL, Las mujeres en América Latina y el Caribe em los años noventa: elementos de diagnóstico y propuesta. Série Mujer y Desarrolo, Santiago de Chile, n. 18, 1997.

COSTA, Fernando Braga. Garis: um estudo de psicologia sobre invisibilidade pública. 2002. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis,v. 10, p.171-188, jan./jun. 2002.

DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 1976.

FONTOURA, Natália; GONZALEZ, Roberto. Aumento da participação de mulheres no mercado de trabalho: mudança ou reprodução da desigualdade? Mercado de Trabalho, Brasília, v. 41, p. 21-26, nov. 2009.

GUTIERRES, Marcelo. Gari, o homem invisível. Como pessoas são transformadas em objetos. Boletim USP, São Paulo, n. 1146, mar. 2003.

HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 26, n. 1, p.61- 73, 2014.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. La división sexual del trabajo: permanência y cambio. Buenos Aires: Asociación Trabajo y Sociedad, Centro de Studios de la Muljer e Piette/Conicet, 1997.

IBGE. Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios. Síntese de indicadores. 2012. Disponível em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2012/ Acessado em 11 de novembro de 2015.

IPEA. Retrato das desigualdades de gênero e raça. Brasília: IPEA, 2011.

KERGOAT, Danièle. Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n. 86, p. 93-103, mar. 2012.

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA, Helena et al. (Org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: UNESP, 2009.

KRISTEVA, Julia. The power of horror: an essay on abjection. New York: Columbia University Press, 1986.

KÜCHEMANN, Berlindes Astrid. Estratégias de sobrevivência de mulheres no setor informal urbano. In: KOHLHEPP, Gert (Org.). Brasil: modernização e globalização. Madrid: Iberamericana, 2001.

KÜCHEMANN, Berlindes Astrid. Mulheres no mundo do trabalho: em busca de um modelo de desenvolvimento inclusivo. In: DAL ROSSO, Sadi; FORTES, José Augusto (Org.). Condições de trabalho no limiar do século XXI. Brasília: Época, 2008.

MELO, Hildete; CASTILHO, Marta. Trabalho reprodutivo - quem faz e quanto custa. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 135-158, jan.- abr. 2009.

MELO, Hildete; CONSIDERA, Cláudio; SABBATO, Alberto. Os afazeres domésticos contam! Economia e Sociedade, Campinas, v. 16, n. 3, p. 435-454, dez. 2007.

MOLINIER, Pascale. O ódio e o amor, caixa preta do feminismo? uma crítica da ética do devotamento. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 10, n. 16, p. 227-242, dez. 2004.

OBSERVATÓRIO BRASIL DA IGUALDADE DE GÊNERO. A crise econômica internacional e os (possíveis) impactos sobre a vida das mulheres. Mercado de Trabalho, Brasília, n. 40, p. 27-35, ago. 2009.

ORTNER, Sherry; WHITEHEAD, Harriet. Accounting for sexual meanings in sexual meanings: the cultural construction of gender and sexuality. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.

PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras, Sociedade e Cultura, Campinas, v. 11, n. 2, p. 263-274, 2008.

QUERINO, Ana Carolina et al. Gênero, raça e educação no Brasil contemporâneo: desafios para a igualdade. In: BONETTI, Aline; ABREU, Maria Aparecida (Org.). Faces da desigualdade de gênero e raça no Brasil. Brasília: IPEA, 2011.

RICO, Nieves. Formación de los recursos humanos femeninos: prioridad del crecimiento y la equidad. Série Mujer y Desarrollo, Santiago de Chile, n. 15, 1996.

SEGATO, Rita Laura. Las estructuras elementales de la violencia: ensayos sobre género entre la antropología, el psicoanálisis y los derechos humanos. Buenos Aires: Prometeo, 2003.

SOARES, Vera. Mulher, autonomia e trabalho. In: SEMINÁRIO AUTONOMIA ECONÔMICA E EMPODERAMENTO DA MULHER, 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: FUNAG, 2011(mimeo). Disponível em: . Acesso em: 13 nov. 2015.

WOLF, Virgínia. Kew gardens: o status intelectual da mulher. Um toque feminino na ficção Profissões para mulheres. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

YANNOULAS, Silvia Cristina. Perspectivas de género y políticas de formación e inserción laboral en América Latina. Buenos Aires: RedEtis, 2005.

Downloads

Publicado

2015-12-25

Como Citar

BANDEIRA, L. M.; ALMEIDA, T. M. C. de. A dinâmica de desigualdades e interseccionalidades no trabalho de mulheres da limpeza pública urbana: o caso das garis. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 20, n. 2, p. 160–183, 2015. DOI: 10.5433/2176-6665.2015v20n2p160. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/24126. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê