Relações conceituais como elementos constitutivos essenciais dos sistemas de organização do conhecimento

Autores

  • Walter Moreira

DOI:

https://doi.org/10.5433/1981-8920.2019v24n2p1

Palavras-chave:

Organização do Conhecimento, Relações Conceituais, Sistemas de Organização do Conhecimento

Resumo

Introdução: Para além da simples percepção ou contemplação do objeto, para que se efetue o processo de conhecimento é preciso identificar, reconhecer e estabelecer relações conceituais. Desse modo, é preciso refletir sobre o conceito como elemento a partir do qual se constrói o conhecimento bem como sobre as relações que os conceitos estabelecem entre si nos sistemas e processos de organização do conhecimento. Objetivo: Propõe-se analisar a função das relações conceituais na configuração dos sistemas de organização do conhecimento e comparar tais sistemas entre si por meio da análise da qualidade das relações conceituais que apresentam. Metodologia: Pesquisa de caráter qualitativo e descritivo com sistematização de conceitos. Resultados: As ontologias, tomadas como exemplos avançados de sistema de organização do conhecimento, por seu recurso característico de formalização, podem ser empregadas para explicitar a base ontológica que sustenta, necessariamente, qualquer tipo de sistema de organização do conhecimento. Ainda há carência, contudo, grosso modo, de contribuições mais efetivas da ciência da informação para a compreensão do problema referente à categorização, à classificação e à organização das relações lógico-semânticas entre conceitos no que se refere à construção e manutenção de bases ontológicas para sistemas de organização do conhecimento. Conclusões: As ontologias renovam o interesse no problema relativo à precisão na definição e delimitação dos conceitos que constituem, por suas relações, o conhecimento nos domínios. Essa perspectiva, entretanto, não se apoia exatamente no aspecto de artefato conceitual que caracteriza, de certo modo, as ontologias, mas no seu aspecto ôntico, na possibilidade de se desenhar com elas sistemas de organização conhecimento que expressem terminologia, conceitos e relações mais precisos visando ações de compartilhamento. 

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE. National Information Standards Organization. ANSI/NISO Z39.19-2005 (R2010): guidelines for the construction, format and management of monolingual controlled vocabularies. Bethesda: NISO Press, 2010.

ARNTZ, R.; PICHT, H. Introducción a la terminología. Madrid: Fundación Sánchez Ruipérez, 1995.

BARBOSA, M. A. Relações possíveis conjunto significante/conjunto significado. In: ENCONTRO NACIONAL DOS GT DE LEXICOLOGIA, LEXICOGRAFIA E TERMINOLOGIA DA ANPOLL, 1., 1997, Recife. Anais [...] Recife: UFRJ, 1997.

BARITÉ, M.; CASTROMÁN, G. C.; COLOMBO, S.; BLANCO, A. D.; DELLA, M. L.; SIMÓN, L.; VERGARA, M.; Diccionario de organización del conocimiento: clasificación, indización, terminología. Montevideo: PRODIC, 2013.

BLAIR, D. Wittgenstein, language and information: back to the rough ground!. Dordrecht: Springer, 2006.

BOWKER, L. Lexical knowledge patterns, semantic relations, and language varieties: exploring the possibilities for refining information retrieval in an international context. Calaloging & Classification Quarterly, v. 37, n. 1/2, p. 153-171, 2003.

CAMPOS, M. L. A. Aspectos semânticos da compatibilização terminológica entre ontologias no campo da bioinformática. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 10., 2009, João Pessoa. Anais [...] João Pessoa: [s.n.], 2009.

CINTRA, A. M. M. TÁLAMO, M. F. G. M.; LARA, M. L. G.; KOBASHI, N. Y. Para entender as linguagens documentárias. 2.ed. rev. ampl. São Paulo: Polis/APB, 2002.

CLARKE, S. G. D. Thesaural relationships. In: BEAN, C. A.; GREEN, R. (ed.). Relationships in the organization of knowledge. Dordrecht: Kluwer, 2001. p. 37-52.

CUNHA, M. B.; CAVALCANTI, C. R. O. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.

DAHLBERG, I. Teoria do conceito. Ciência da informação, v. 7, n. 2, p. 101-107, 1978.

FEATHER, J.; STURGES, P. (eds.). International encyclopedia of information and library science. 2.ed. London: Routledge, 2003.

FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Trad. de Salma Tannus Muchail. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

GREEN, R. Relationships in the organization of knowledge: an overview. In: BEAN, C. A.; GREEN, R. (eds.). Relationships in the organization of knowledge. Dordrecht: Kluwer, 2001. p. 3-18.

GROLIER, E. La classification cent ans après Dewey. Bulletin de l'Unesco à l'lntention des Bibliothèques, v. 30, n. 6, p. 349-358, nov./déc. 1976.

HJØRLAND, B. Concept theory. Journal of The American Society for Information Science and Technology, v. 60, n. 8, p. 1519-1536, 2009.

HJØRLAND, B. Are relations in thesauri “context-free, definitional and true in all possible worlds”? Journal of the Association for Information Science and Technology, v. 66, n. 7, p. 1367-1373, 2015a.

HJØRLAND, B. Theories are knowledge organizing systems (KOS). Knowledge Organization, v. 42, n. 2, p. 113-128, 2015b.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 25964: information and documentation: thesauri and interoperability with other vocabularies - part 1: thesauri for information retrieval. Genebra, 2011.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 25964: information and documentation- thesauri and interoperability with other vocabularies - part 2: interoperability with other vocabularies. Genebra, 2013.

KHAZRAEE, E.; LIN, X. Desmistifying ontology. In: SLAVIC, A.; CIVALLERO, E. (eds.). Classification and ontology: formal approaches and access to knowledge: proceedings of the International UDC Seminar. Würzburg: Ergon Verlag, 2011. p. 41-53.

KRIEGER, M. G. Do ensino de terminologia para tradutores: diretrizes básicas. Cadernos de Tradução, v. 1, n. 17, p. 189-206, 2006.

LACERDA, C. A. (ed.) iDicionário Aulete. [S. l.]: Lexicon Editora Digital, 2018. Disponível em: http://www.aulete.com.br. Acesso em: 07 jul. 2019.

LAKOFF, G. Women, fire, and dangerous things: what categories reveal about the mind. Chicago: University of Chicago Press, 1990.

LANCASTER, F. W. El control del vocabulario en la recuperación de información. 2.ed. València: Universitat de València, 2002.

LARA, M. L. G. A representação documentária: em jogo a significação. 1993. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.

LARA, M. L. G. Linguística documentária: seleção de conceitos. 2009. Tese (Livre-docência) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.

MACHADO, L. M. O.; MARTÍNEZ-ÁVILA, D.; SIMÕES, M. G. M. Concept theory in library and information science: epistemological analysis. Journal of Documentation, v. 75, n. 4, p. 876-891, 2019.

MITCHELL, J. S. Relationships in the Dewey Decimal Classification System. In: BEAN, C. A.; GREEN, R. (ed.). Relationships in the organization of knowledge. Dordrecht: Kluwer, 2001. p. 211-226.

MITCHELL, J. S.; DEWEY, M.; BEALL, J.; MARTIN, G.; MATTHEWS, W. E.; NEW, G. R. (eds.). Introduction to the Dewey Decimal Classification. In: MITCHELL, J. S. Dewey Decimal Classification and relative index: vol. 1: manual, tables. 23. ed. Dublin: OCLC, 2011. p. XLIII-LXXI.

MOREIRA, W. Tesauros e ontologias como modelos de sistemas de organização do conhecimento. Brazilian Journal of Information Science, v. 13, n. 1, p. 15-20, 2019.

NEF, F. Properties. In: POLI, R.; SEIBT, J. (eds.). Theory and applications of ontology: philosophical perspectives. New York: Springer, 2010. p. 135-151.

OLSON, H. A. The power to name: locating the limits of subject representation in libraries. Dordrecht: Kluwer Academic, 2002.

PANSE, F. Duplicate detection in probabilistic relational databases. 2014. Dissertation (PHD in Informatik) – Universität Hamburg, Hamburg, 2014.

PINTO, H. S.; MARTINS, J. P. Reusing ontologies. In: Proceedings of AAAI 2000 spring symposium series, workshop on bringing knowledge to business processes. Menlo Park: AAAI Press, 2000. p. 77-84.

REY, A. Essays on terminology. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing, 1995.

SALES, L. F. Ontologias de domínio: estudos das relações conceituais e sua aplicação. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2006.

SEMIDÃO, R. A. M.; ALMEIDA, C. C.; MOREIRA, W. Diretrizes para análise conceitual: as perspectivas de Hjørland, Dahlberg e Lakoff. In: RIBEIRO, F.; CERVEIRA, M. E. (orgs.). Informação e/ou conhecimento: as duas faces de Jano: atas do I Congresso ISKO Espanha e Portugal e XI Congresso ISKO España. Porto – Portugal: Faculdade de Letras da Universidade do Porto – CETAC.MEDIA, 2013. p. 589-602.

SMIRAGLIA, R. P. The progress of theory in knowledge organization. Library Trends, v. 50, n. 3, p. 330-349, 2002.

SOLER MONREAL, C.; GIL LEIVA, I. Posibilidades y límites de los tesauros frente a otros sistemas de organización del conocimiento: folksonomías, taxonomías y ontologías. Revista Interamericana de Bibliotecología, v. 33, n. 2, p. 361-377, jul./dic. 2010.

SVENONIUS, E. The epistemological foundations of knowledge representations. Library Trends, v. 52, n. 3, p. 571–587, 2004.

WALLENIUS, K. Video annotation for studying the brain in naturalistic settings. 2010. Thesis (Master of Science in Technology) – Aalto University, Helsinki, 2010.

ZENG, M. L. Knowledge organization systems (KOS). Knowledge Organization, v. 35, n. 2/3, p. 160-182, 2008.

Downloads

Publicado

2019-11-30

Como Citar

Moreira, W. (2019). Relações conceituais como elementos constitutivos essenciais dos sistemas de organização do conhecimento. Informação & Informação, 24(2), 1–30. https://doi.org/10.5433/1981-8920.2019v24n2p1

Edição

Seção

Artigos