A invenção bibliográfica da arte na modernidade: notas históricas sobre a organização do conhecimento artístico no século XVI

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1981-8920.2018v23n2p58

Palavras-chave:

Bibliografia histórica, Arte, Giovan Paolo Lomazzo, Antonio Possevino

Resumo

Introdução: Propomos uma discussão sobre dois textos de natureza bibliográfica do século XVI, mais especificamente o quarto capítulo da Idea del tempio della pittura, de Giovan Paolo Lomazzo (publicado pela primeira vez em 1591), dedicado aos “antigos e modernos escritores de arte” (Lomazzo, 1971, p. 34) e o capítulo dedicado aos “Preceitos de pintura transmitidos pelos antigos e modernos” de Antonio Possevino, de seu Tractatio de Poesia et pintura ethnica, humana et fabulosa collata cum vera, honesta et sacra (1595). Trata-se de fontes históricas que permitem observar alguns aspectos da organização do conhecimento na arte quando esta começa a ser identificada como área com suas especificidades. Objetivos: Entender as escolhas da literatura sobre arte que estabeleceu as bases e demarcou as fronteiras de uma área de conhecimento chamado Arte. Ambos os autores devem ser considerados, além do bem mais conhecido Vasari, como personalidades que iniciaram a elaborar abordagens sistemáticas aos livros de arte, desenhando um campo de conhecimento através da compilação de bibliografias, de certa maneira uma abordagem inovadora nessa área do conhecimento na época, que se chamou de Arte. Metodologia: A abordagem metodológica desse estudo é histórica. O estudo das fontes originais combina-se com a revisão da literatura, pesquisando sobre que configuração do campo do conhecimento foi esboçada pelos autores e como determinou o desenvolvimento dos estudos sobre arte. Resultados: Os autores apresentam um repertório bibliográfico que aborda as questões de uma área em formação, a da Arte, através de perspectivas comuns, utilizando fontes antigas e modernas e, ao mesmo tempo, cada um refletindo interesses distintos. Lomazzo apresenta uma preocupação de natureza prática e Possevino de natureza mais moral. Conclusões: O conhecimento sobre a natureza do campo da arte, na medida em que ele constitui suas bases bibliográficas em registros textuais e visuais, oferece uma rica seara de estudos para o campo informacional, apresentando-se como peculiar em relação ao tratamento de seus documentos desde sua configuração inicial.

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Biografia do Autor

Giulia Crippa, Universidade de São Paulo - USP

Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo - USP. Professora da Universidade de São Paulo - USP.

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Publicado

2018-09-06

Como Citar

Crippa, G. (2018). A invenção bibliográfica da arte na modernidade: notas históricas sobre a organização do conhecimento artístico no século XVI. Informação & Informação, 23(2), 58–77. https://doi.org/10.5433/1981-8920.2018v23n2p58

Edição

Seção

Dossiê Temático