A polêmica do tempo de constituição da estrutura psicótica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2020v11n1p117

Palavras-chave:

psicose infantil, psicanálise com crianças, risco psíquico.

Resumo

O artigo pretende sistematizar a divergência teórica relativa ao momento de constituição da estrutura psicótica. Há autores que afirmam que essa estrutura se decide na adolescência, pois consideram que a estruturação está atrelada ao desenvolvimento do organismo. Outros defendem que a psicogenética não é o objeto de estudo da psicanálise, portanto a estrutura não se modificaria de acordo com a idade cronológica. Os primeiros propõem que a direção do tratamento vise à inscrição do Nome-do-pai, e os segundos, que possibilite a construção de uma suplência. Além disso, essa divergência teórica implica diferentes posições com relação à lei 13.438, que obriga pediatras, em todo o Brasil, a aplicar um protocolo de identificação de risco psíquico. Conclui-se que cada tese implica intervenções nos âmbitos clínico e político, de maneira que a forma com que a teoria é articulada seja necessariamente associada a uma posição ética.

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Biografia do Autor

Luiza Drehmer de Mello e Silva, Universidade Federal do Paraná

Mestre em Docência e Psicologia Clínica pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente atende crianças, adolescentes e adultos em consultório particular. 

Rosane Zétola Lustoza, Universidade Federal do Paraná

Doutorado em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. professor adjunto  da Universidade Federal do Paraná e docente do Mestrado em Psicologia da UFPR. 

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Publicado

2020-05-04

Como Citar

Silva, L. D. de M. e, & Lustoza, R. Z. (2020). A polêmica do tempo de constituição da estrutura psicótica. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 11(1), 117–134. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2020v11n1p117

Edição

Seção

Artigos Originais