A poética da voz no território do maravilhoso napolitano e baiano: transmissão oral, conselho e troca de saberes

Autores

  • Adriana Aparecida de Jesus Reis Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE https://orcid.org/0000-0002-9717-4642

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2020v15.e41211

Palavras-chave:

Ciclo noivo-animal, Contos maravilhosos, Oralidade, Giambattista Basile, Marco Haurélio.

Resumo

O mito de “Eros/Cupido e Psiquê” foi narrado nos livros IV, V e VI do romance antigo O asno de ouro por Lúcio Apuleio. O texto da literatura latina forneceu a fonte para o escritor napolitano Giambattista Basile (1575 -1632) escrever sua obra-prima Lo cunto de li cunti (O conto dos contos). Ele usou mito como inspiração para escrever o nono conto de fadas da segunda jornada, o qual recebeu o título de “O cadeado”. Parente em primeiro grau de “O cadeado” é o conto maravilhoso “Angélica mais afortunada (O príncipe Teiú)”. Essa história foi coletada pelo folclorista brasileiro Marco Haurélio em Igaporã, na Bahia, e registrada em seu livro Contos e fábulas do Brasil (2011). Este artigo busca analisar não somente o diálogo intertextual entre os contos maravilhosos napolitano e baiano, mas principalmente os elementos populares que se ligam à transmissão dessas narrativas pela oralidade, tendo em vista que tais histórias primeiro foram contadas oralmente por contadores e depois ouvidas por compiladores e folcloristas que as registraram em suas coletâneas maravilhosas. Verifica-se que os escritores deram um toque particular às narrativas coletadas, demonstrando a presença de uma oralidade, porém reconstruída por recursos que evidenciam suas culturas locais. 

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Biografia do Autor

Adriana Aparecida de Jesus Reis, Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE

Mestranda em Letras na UNESP/IBILCE - SJRP

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Publicado

2020-12-20

Como Citar

Reis, A. A. de . J. (2020). A poética da voz no território do maravilhoso napolitano e baiano: transmissão oral, conselho e troca de saberes. Boitatá, 15(30), 121–133. https://doi.org/10.5433/boitata.2020v15.e41211