O que escrever quer dizer, uma leitura de “Da cabula”

Autores

  • Julio Souto Salom Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Luciéle Bernardi de Souza Universidade Federal de Santa Maria https://orcid.org/0000-0002-2787-6630

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2012v7.e34836

Palavras-chave:

Cultura popular, Oralidade, Literatura Marginal

Resumo

Focaremos neste artigo a relação entre as culturas dominadas ou populares, e a cultura dominante ou canônica, plasmada especialmente nos âmbitos da oralidade e a escrita. Para tal fim, servimo-nos como provocação da peça Da Cabula, de Allan da Rosa, contextualizada dentro da chamada Literatura Marginal. Nesta peça o tema central será a apropriação da escrita por uma mulher analfabeta, mas ao mesmo tempo, esta aquisição será compatibilizada com a afirmação da própria identidade e das raízes afrodescendentes. A partir das singularidades desta peça (considerando as conotações e as representações do enredo, aspectos formais como o registro escrito da oralidade, até a mesma apresentação gráfica do livro), e da trajetória da Literatura Marginal dentro do campo literário brasileiro, refletiremos nas possibilidades de empoderamento de sujeitos subalternos através das utilizações rituais da palavra.

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Biografia do Autor

Julio Souto Salom, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (UFRGS)

Luciéle Bernardi de Souza, Universidade Federal de Santa Maria

Graduanda do curso de Ciências Sociais e Letras Português pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

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Publicado

2012-10-29

Como Citar

Salom, J. S., & Souza, L. B. de. (2012). O que escrever quer dizer, uma leitura de “Da cabula”. Boitatá, 7(14), 127–143. https://doi.org/10.5433/boitata.2012v7.e34836

Edição

Seção

Seção Livre