Mulheres nobres, macacos ignóbeis: Nelson Rodrigues e Xerazade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2017v12.e32950

Palavras-chave:

Nelson Rodrigues, As Mil e Uma Noites, Obsessões sexuais, Arquétipos.

Resumo

Um conto de Nelson Rodrigues e uma história narrada por Xerazade em As Mil e Uma Noites apresentam uma surpreendente afinidade temática e de atmosfera, embora os destinos das duas protagonistas sejam inversos após seus encontros com um grande macaco: uma delas parte da celebração do casamento e da renovação da vida para ser tragada pela morte, ao passo que a outra parte de um processo de destruição certa para ser resgatada para a vida. Em ambos os casos há uma obsessão por um animal monstruoso, símbolo do que há de mais primitivo por baixo de nossa frágil capa de civilização. Reatualizando a ideia psicanalítica da necessidade humana de renúncia ou ao menos de controle dos instintos como fundamento da civilização, as duas histórias apresentam muitos pontos de convergência, embora pertençam a épocas e universos culturais muito distintos. Partindo de uma leitura cerrada dos dois contos, este artigo analisa seus significados e as estratégias narrativas dos dois autores.

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Biografia do Autor

Adriano de Paula Rabelo, Universidade de São paulo

Doutor em Literatura Brasileira e pós-doutorando em História pela Universidade de São Paulo.

Referências

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Publicado

2017-12-27

Como Citar

Rabelo, A. de P. (2017). Mulheres nobres, macacos ignóbeis: Nelson Rodrigues e Xerazade. Boitatá, 12(24), 99–114. https://doi.org/10.5433/boitata.2017v12.e32950