Coco dançando e candobe mineiro: tradições performáticas banto-brasileiras

Autores

  • Ridalvo Felix de Araujo Universidade Federal de Minas Gerais
  • Sônia Queiroz Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2014v9.e31746

Palavras-chave:

Coco dançado, Candombe, Culturas afro-brasileiras

Resumo

Grande parte das tradições de cantos dançados encontradas no Brasil resulta do continuum inscrito pelos palimpsestos de matrizes africanas que tiveram que ser ressignificadas. Estudos têm revelado, nos últimos tempos, que a maioria das manifestações afro-brasileiras é ramificada na grande família linguística e cultural banto. No solo brasileiro, muitos africanos protagonizaram várias e complexas etnogêneses sucessivamente reiniciadas ao longo dos últimos três séculos: formas diversas de culto aos antepassados, cosmologias de vidas distintas do sistema europeu dominante, com valores, costumes, crenças e tradições que constituíram as culturas afro-brasileiras. Estudamos duas culturas de cantos dançados encontradas no Nordeste e Sudeste do país: a primeira, o coco dançado; a segunda, o candombe mineiro. Essas culturas orais distintas são comparadas através das performances e dos instrumentos musicais cujas técnicas de confecção são, na maioria dos casos, utilizadas pelos povos congo-angoleses. Além disso, expomos alguns depoimentos e narrativas de capitães e mestres sobre a origem da tradição dos cantos dançados e como esses registros são fundamentos para a elaboração de atos poéticos, tradicionalmente praticados no cotidiano das comunidades.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Ridalvo Felix de Araujo, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando em Teoria da Literatura e Literatura Comparada no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFMG

Sônia Queiroz, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora da Faculdade de Letras da UFMG

Referências

AMORIM, Ninno. Os cocos no Ceará: dança, poesia e música oral em Balbino e Iguape. 2008. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.

ANDRADE, Mário de. Os cocos. 2. ed. Organização e notas de Oneyda Alavarenga. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002.

CARNEIRO, Edison. Samba de umbigada. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1961.

CARNEIRO, Edison. Folguedos tradicionais. 2. ed. Rio de Janeiro: FUNARTE/INF, 1982.

CASCUDO, Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1962. (Terra Brasilis)

CASTRO, Yeda Pessoa. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 2005.

HORTA, Carlos Felipe de Melo Marques. O grande livro do folclore. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000.

LOPES, Ney. Novo dicionário banto do Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

LUCAS, Glaura. Os sons do Rosário: o congado mineiro dos Arturos e Jatobá. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2002. p. 86-95.

MARTINS, Leda Maria. Performancesdotempoespiralar. In: RAVETTI, Graciella; ARBEX, Márcia (Org.). Performance, exílio, fronteiras: errâncias territoriais e textuais. Belo Horizonte: Pós-Lit/UFMG, 2002. p. 69-91.

MORENO, Josane Cristina Santos. In: AYALA, Marcos; AYALA, Maria Ignez Novais. Cocos: alegria e devoção. Natal: EDUFRN – Ed. UFRN, 2000. p. 41-46.

MUKUNA, Kazadi wa. Contribuição bantu na música popular brasileira: perspectivas etnomusicológicas. São Paulo: Terceira Margem, 2006.

PEREIRA, Edimilson de Almeida. Os tambores estão frios: herança cultural e sincretismo religioso no ritual de candombe. Juiz de Fora/Belo Horizonte: Funalfa Edições/ Mazza Edições, 2005.

RAMOS, Arthur. O folclore negro do Brasil. 2 ed.São Paulo: Livraria-Editora da Casa do Estudante do Brasil, 1954.

RAMOS, Arthur. Introdução à antropologia brasileira: as culturas negras. Rio de Janeiro: CEB/Guanabara, 1971. (Coleção Arthur Ramos, 3).

SILVA, Marinaldo José da; AYALA, Maria Ignez Novais. Da brincadeira do coco à jurema sagrada: os cocos de roda e de gira. In: AYALA, Marcos; AYALA, Maria Ignez Novais. Cocos: alegria e devoção. Natal: EDUFRN, 2000. p. 117-135.

TRAVASSOS, Lorena; CARVALHO, Nadja. Serena, serená: um documentário sobre a memória da cultura paraibana. CAOS – Revista Eletrônica de Ciências Sociais, n. 11, p. 25- 41, 2006.

TINHORÃO, José Ramos. Os sons dos negros no Brasil. São Paulo: Ed. 34, 2011.

ZUMTHOR, Paul. Performance, leitura, recepção. Tradução de Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. 2. ed. São Paulo: COSACNAIFY, 2007.

Downloads

Publicado

2014-10-30

Como Citar

Araujo, R. F. de, & Queiroz, S. (2014). Coco dançando e candobe mineiro: tradições performáticas banto-brasileiras. Boitatá, 9(18), 211–233. https://doi.org/10.5433/boitata.2014v9.e31746

Edição

Seção

Dossiê