Falando as Línguas da Mata: narrativas orais em cosmologias amazônicas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2013v8.e31578

Palavras-chave:

Memória, Oralidade, Rezadeiras

Resumo

Acompanhando memórias em oralidades de rezadeiras que migraram do nordeste brasileiro na década de 1950 para a microrregião bragantina, no Estado do Pará, apresento neste artigo como dona Ângela, conhecida também como “Maria Espírita” ou “Maria Pajé”, descreve sua história familiar, experiência migratória e consolidação do dom de rezar e outros ofícios mágicos terapêuticos através de “sequestros” realizados por encantarias de águas e florestas, transe e comunicação com entidades em “línguas da mata” e desenvolvimento da capacidade de “domar” seres incorpóreos mediante ensinamentos de “padre rezador-exorcista”. Para visualizar dinâmicas de memórias e oralidades e enfatizar singularidades na arte de compartilhar experiências com seus iguais em cosmologias no entre lugar Pará-Piauí adotei postulados da Antropologia das Religiões, Estudos Culturais Britânicos e metodologia da História Oral.

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Biografia do Autor

Jerônimo da Silva e Silva, Universidade Federal do Pará; Universidade da Amazônia - Unama

Doutorando em Antropologia Social (PPGA/UFPA), Docente do curso de Museologia, Universidade Federal do Pará (UFPA) e Licenciatura em História, Universidade da Amazônia (UNAMA)

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Publicado

2013-10-30

Como Citar

Silva e Silva, J. da. (2013). Falando as Línguas da Mata: narrativas orais em cosmologias amazônicas. Boitatá, 8(16), 160–178. https://doi.org/10.5433/boitata.2013v8.e31578

Edição

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Seção Livre