Deslizamento de sentido e controle interpretativo por meio da nomeação no caso de uma narrativa oral brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2013v8.e31554Palavras-chave:
Narrativa, Discurso, Letramento, NomeaçãoResumo
A partir do referencial teórico da Análise do Discurso francesa (AD), nosso objetivo é mostrar de que maneira a memória discursiva sustenta regiões do sentido em que a interpelação ideológica dos arquivos impõe ao sujeito do discurso, no caso de uma narrativa oral, uma forma de lidar com o deslizamento dos sentidos, que obriga lançar mão da nomeação. Aborda-se o deslizamento de sentido em função da interpelação ideológica, a qual recalca alguns pontos da memória sócio-histórica (interdiscurso); disso decorre um processo de naturalização semântica que interfere no processo de produção de uma narrativa oral por uma mulher brasileira negra e não-alfabetizada. Trata-se da narrativa intitulada “Piqueno Piqueninho”, que sinaliza pontos de ressignificação de “Pequeno Polegar”, coletada por Perrault. A análise mostra como a mobilização de certas regiões do interdiscurso possibilita ao sujeito ocupar posições, que valorizam a singularidade dos gestos de interpretação, dentre estes, o uso da nomeação, que assegura ao sujeito um lugar de alienação/separação com mecanismos do discurso da escrita, por conta do efeito de unidade e retroação.
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