Das bruxas medievais às benzedeiras atuais: a oralidade como manutenção da memória na arte de curar - uma pesquisa exploratória

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2016v11.e31288

Palavras-chave:

Bruxas, Oralidade, Benzedeiras, Memória.

Resumo

Neste artigo analisamos como a oralidade pode dar continuidade a práticas ancestrais. Iniciamos o estudo do tema referindo-nos às bruxas medievais, refletidas nas atuais benzedeiras, cuja arte de curar através da palavra e de um modus faciendi próprio vem perpetuando uma prática social que remonta à infância da humanidade. Para embasar nossas considerações, nos fundamentamos em investigadores da área como Conceição (2008), Rosário et al. (2014), Theotonio (2011) e Silva (2009) e ilustramos esta pesquisa exploratória analisando uma benzedeira da cidade de Tianguá, no Ceará, com quem fizemos uma entrevista semiestruturada e três observações participativas. Concluímos que a oralidade é um fator inestimável de preservação da memória quando o tema é o curandeirismo e que é mister conservarmos a tradição da benzedura, que pouco a pouco se vai perdendo, por desestimada que é na urbanidade pós-moderna em que vivemos, invisível para a mídia e preterida pela literatura, que a exclui.

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Biografia do Autor

Yls Rabelo Câmara, Faculdade Ateneu

Doutora em Filologia Inglesa pela Universidad de Santiago de Compostela (Santiago de Compostela, Espanha). Professora na Faculdade Ateneu (Fortaleza, Ceará).

Carlos Sanz Mingo, Cardiff University

Doutor em Filosofia e Letras pela Universidad de Valladolid (Valladolid, Espanha). Professor na Cardiff University (Cardiff, País de Gales).

Yzy Maria Rabelo Câmara, Universidad John Kennedy

Doutoranda em Psicologia Social pela Universidad John Kennedy (Buenos Aires, Argentina). Professora no Centro Universitário Estácio do Ceará (Fortaleza, Ceará).

Referências

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Publicado

2016-10-11

Como Citar

Câmara, Y. R., Mingo, C. S., & Câmara, Y. M. R. (2016). Das bruxas medievais às benzedeiras atuais: a oralidade como manutenção da memória na arte de curar - uma pesquisa exploratória. Boitatá, 11(22), 231–236. https://doi.org/10.5433/boitata.2016v11.e31288

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Seção Livre