Sobre narrativas orais indígenas: tempo e relações de poder

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2016v11.e31282

Palavras-chave:

Genealogia, Etnografia, Enunciação

Resumo

Desde 1998, realizo projetos com sociedades indígenas Tupi e o contato com suas narrativas orais demonstrou como elas organizam-se em diferentes temporalidades. O apagamento dessas diferenças imposto pelo sistema colonial criou a ficção de um tempo universal da história. Neste artigo, analiso diferentes temporalidades das narrativas orais Tupi. Para isso, desenvolvo, primeiro, uma reflexão sobre o processo de naturalização do tempo ocidental e sua importância na escrita da história universal, enunciada pelas línguas europeias, revisito as críticas feitas sobre o tempo etnográfico e as divergências entre tempo e representação nos estudos da linguagem. Na segunda parte, descrevo diferentes temporalidades das línguas tupi relacionadas à criação do lua e analiso a narrativa oral “Kwarahy, Sahy, Sahy-Tatawai e o fogo Suruí” do povo indígena Suruí-Aikewára, a partir das formulações de Michel Foucault (2005) sobre tempo descontínuo e genealogia e procuro mostrar como as condições de possibilidades históricas atravessam o tempo cosmológico dessa sociedade.

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Biografia do Autor

Ivânia dos Santos Neves, Universidade Federal do Pará

Doutora pela Unicamp. Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras e do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da UFPA.

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Publicado

2016-10-11

Como Citar

Neves, I. dos S. (2016). Sobre narrativas orais indígenas: tempo e relações de poder. Boitatá, 11(22), 132–147. https://doi.org/10.5433/boitata.2016v11.e31282

Edição

Seção

Dossiê