Semelhanças e diferenças entre conventos e recolhimentos femininos da América Portuguesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2020v13n25p671

Palavras-chave:

Instituições femininas, Conventos, Recolhimentos, Práticas educativas, América portuguesa

Resumo

Os conventos e recolhimentos femininos que existiram na América Portuguesa devem ser considerados como instituições educativas, pois, no interior desses espaços, acontecia o aprendizado de leituras, escritas, trabalhos manuais etc. No levantamento realizado de pesquisas existentes sobre a temática e documentos do Arquivo Histórico Ultramarino detecta-se que existiu um número superior de recolhimentos em relação aos conventos, uma vez que o primeiro tipo soma 23 e o segundo seis instituições (sendo três recolhimentos que se transformaram em conventos). Pretendo buscar a compreensão da definição conceitual de convento e recolhimento para o período estudado. Para além das especificidades, é necessário observar as semelhanças e diferenças entre essas instituições, bem como partir do princípio de que é importante perceber uma totalidade e trabalhar com um jogo de escalas para comparar e compreender as diversas intencionalidades da busca feminina por esses espaços. Os conventos se tornaram zonas de recepção de mulheres pertencentes às famílias mais abastadas com o propósito da prática religiosa, enquanto os recolhimentos propiciavam o ingresso de mulheres de diversos grupos sociais e, com o passar do tempo, cada vez mais vinculadas às práticas educativas escolares.

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Biografia do Autor

Ana Cristina Pereira Lage, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e mucuri

Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pós-doutora em Educação Universidade Estadual de Maringá. Professora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

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Publicado

21-08-2020

Como Citar

LAGE, A. C. P. Semelhanças e diferenças entre conventos e recolhimentos femininos da América Portuguesa. Antíteses, [S. l.], v. 13, n. 25, p. 671–699, 2020. DOI: 10.5433/1984-3356.2020v13n25p671. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/39657. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Sociedades cientificas