Lutas clandestinas, maternidades em dilema: memórias de mulheres militantes nas ditaduras civismilitares do Cone Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2020v13n25p538

Palavras-chave:

História da América Latina, Estudos de gênero, Ditaduras no cone sul, Militância política, Maternidade

Resumo

Os temas que envolvem as memórias políticas de mulheres entraram definitivamente no horizonte das pesquisas históricas. Especial atenção tem sido direcionada aos testemunhos de mulheres militantes nos períodos das ditaduras civis-militares na América do Sul. Partindo do diálogo com essa produção recente da historiografia latino-americana, este artigo propõe analisar a relação entre memória, história, subjetividade e experiência a partir das questões de gênero que atravessaram as tensões e ambiguidades entre a militância política de mulheres nas organizações de esquerda e a maternidade como dilema desse processo. É dado o enfoque a dois países do Cone Sul em que profundas similaridades são percebidas, Brasil e Argentina. Adotando como fontes privilegiadas relatos autobiográficos, depoimentos e entrevistas publicados em livros e outros suportes, o artigo busca indicar a complexidade do assunto, colocando em evidência os matizes e a pluralidade de experiências e visões a respeito da militância em seu entrelaçamento com a maternidade.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Romilda Costa Motta, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Professora Substituta na Universidade do Espírito Santo.

Lívia de Azevedo Silveira Rangel, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Pós-doutoranda em História na Universidade Federal do Espírito Santo.

Referências

ACTIS, Munú; ALDINI, Cristiana; GARDELLA, Liliana; LEWIN, Miriam; TOKAR, Elisa. Ese infierno: conversaciones de cinco mujeres sobrevivientes de la ESMA. Buenos Aires: Sudamericana, 2001.

ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO. Brasil: Nunca Mais. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985.

BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Tradução Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida. Tradução Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.

BEGUÁN, V. et al. Nosotras, presas políticas: obra colectiva de 112 prisioneras políticas entre 1974 y 1983. Buenos Aires: Nuestra América, 2006.

CAPELATO, Maria Helena. Memória da ditadura militar argentina: um desafio para a história. Clio Revista de Pesquisa Histórica, Recife, n. 24, p. 61-81, 2006.

CARNOVALE, Vera. Los combatientes: historia del PRT-ERP. Buenos Aires: Siglo XXI, 2011.

CIOLLARO, Noemí. Pájaros sin luz: testimonios de mujeres de desaparecidos. Buenos Aires: Planeta, 1999.

DIANA, Marta. Mujeres guerrilleras: sus testimonios en la militancia de los setenta. Buenos Aires: Booket, 2006.

FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (org.). Usos & abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 2006.

JOFFILY, Mariana Rangel. Vale a pena se a gente souber amar, se a gente souber lutar. Entrevistas realizadas à pesquisadora. Trabalho realizado no Curso de História, 1996. Mimeo.

JOFILLY, Olívia Rangel. Esperança equilibrista. Resistência feminina à Ditadura Militar. 2005. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – PUC/SP, 2005.

MALUF, Marina. Ruídos da memória. São Paulo: Siciliano, 1995.

MANFREDINI, Luiz. As moças de Minas: uma história dos anos 60. São Paulo: Alfa-Ômega, 1989.

MARTINS, Ana Paula Vosne. História da maternidade e história oral: trajetórias historiográficas e desafios metodológicos. Curitiba: [s. n.], 2008. Mimeo.

MARTINS, Ercílio da Silva. Das palavras às armas: PRT-ERP e Montoneros através da imprensa militante na Argentina das décadas de 1960 e 70. Epígrafe, São Paulo, v. 6, n. 6, p. 43-66, 2018.

MENICUCCI, Eleonora Menicucci. Eleonora Menicucci: As mulheres estão na linha de frente da resistência contra o golpe. [Entrevista concedida a] MOSER, Magali. Catarinas, Santa Catarina, 12 ago. 2017. Entrevista. Disponível em: https://catarinas.info/eleonora-menicucci-as-mulheres-estao-na-linha-defrente-da-resistencia-contra-o-golpe/. Acesso em: 12 ago. 2017.

OBERTI, Alejandra. ¿Lo personal es político?: repensar la historia de las organizaciones político militares. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 23, n. 3, p. 893-911, 2015.

OKIN, Susan Moller. Gênero, o público e o privado. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 305-332, 2008.

OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. O elogio da diferença: o feminino emergente. Rio de Janeiro: Rocco, 2012.

PEREIRA, Ivonete. Estudo de casos: narrativas sobre a militância e a maternidade nas ditaduras brasileira e argentina (1964-1989). História Oral, São Paulo, v. 12, n. 1/2, p. 103-128, 2009.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação viva. São Paulo: T.A., 1991.

SCAVONE, Lucila. A maternidade e o feminismo: diálogo com as ciências sociais. Cadernos pagu, Campinas, v. 16, p. 137-150, 2001.

SEPÚLVEDA, Patricia Graciela. Mujeres insurrectas: condición femenina y militancia en los 70. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2015.

SIMÓN, Paula Cecilia. Palabras de mujeres: los testimonios femeninos sobre la cárcel y el campo de concentración en la última dictadura militar argentina (1983-2014). Vegueta, Las Palmas, n. 19, p. 457-485, 2019.

SORJ, Bila. O feminismo como metáfora da natureza. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, p. 143-150, 1992.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Lembranças de um tempo sem sol. In: PEDRO, Joana Maria;

WOLFF, Cristina (org). Gêneros, feminismos e ditaduras no cone sul. Florianópolis: Editora Mulheres, 2010. p. 284-292.

WOLFF, Cristina. Eu só queria embalar meu filho: gênero e maternidade no discurso dos movimentos de resistência contra as ditaduras no Cone Sul. Aedos, Rio de Janeiro, n. 13, v. 5, p. 117-131, 2013.

Downloads

Publicado

21-08-2020

Como Citar

MOTTA, R. C.; RANGEL, L. de A. S. Lutas clandestinas, maternidades em dilema: memórias de mulheres militantes nas ditaduras civismilitares do Cone Sul. Antíteses, [S. l.], v. 13, n. 25, p. 538–566, 2020. DOI: 10.5433/1984-3356.2020v13n25p538. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/39235. Acesso em: 19 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos