Filosofia da história, utopia e crise: semelhanças e diferenças entre Reinhart Koselleck e Jörn Rüsen

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2020v13n25p801

Palavras-chave:

Koselleck, Rüsen, Filosofia da história, Utopia, Crise

Resumo

O foco deste artigo é analisar e comparar as obras de Reinhart Koselleck e Jörn Rüsen, provavelmente os dois historiadores alemães mais disseminados no Brasil atualmente, mas que carecem de estudos comparativos. A aproximação entre os autores será feita a partir dos tópicos da filosofia da história, da utopia e da crise. O objetivo é perceber como cada autor trabalha estes temas, e quais as possíveis semelhanças e diferenças entre as duas abordagens. A nossa tese é a de que os dois autores partem de um mesmo problema: como entender e assimilar a catástrofe da Segunda Guerra Mundial e do Nacional-socialismo; etretanto, chegam a resultados diferentes: Rüsen se liga diretamente a uma certa tradição Iluminista (Kant), e elabora uma teoria mais otimista sobre o futuro e sobre a humanidade; já Koselleck apresenta uma posição crítica mais incisiva contra à reabilitação de tradições Iluministas e da Filosofia da História do século XIX, contrapondo um ceticismo ao otimismo de Rüsen.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Gustavo Castanheira Borges de Oliveira, Universidade Federal de Ouro Preto

Doutorando pelo Programa de História da Universidade Federal de Ouro Preto. Professor de História no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Referências

ASSIS, Arthur Alfaix. A didática da história de J. G. Droysen: constituição e atualidade. Revista Tempo, Niterói, v. 20, p. 1-18, 2014.

ASSIS, Arthur Alfaix. Jörn Rüsen contra a compensação. Intelligere, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 13-33, 2017.

BAROM, Wiliam Carlos Cipriani. Contribuições de Rüsen em ensino de História nas pesquisas de pós-graduação. In: SILVA, Cristiani Bereta da; ZAMBONI, Ernesta (org.). Ensino de história, memória e culturas. Curitiba: CRV, 2013. p. 245- 274.

BAROM, Wiliam Carlos Cipriani; CERRI, Luís Fernando. A teoria da história de Jörn Rüsen entre a modernidade e a pós-modernidade: uma contribuição à didática da história. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 37, n. 3, p. 991-1008, set./dez. 2012.

BENTIVOGLIO, Julio. Johann Martin Chladenius e o pensamento histórico alemão no século XVIII. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA ANPUH, 26., 2011, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ANPUH, 2011. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/ 1300459379_ARQUIVO_ ComunicacaoAnpuh2011.pdf. Acesso em: 10 out. 2017.

BLANKE, Horst Walter. Para uma nova história da historiografia. In: MALERBA, Jurandir (org.). A história escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006. p. 27-64.

CALDAS, Pedro S. Pereira. O limite do historismo: Johann Gustav Droysen e a importância do conceito de Bildung na consciência histórica alemã do século XIX. Revista Filosófica de Coimbra, Coimbra, v. 15, n. 19, 2006.

CARDOSO, Carlos Luiz; KUNZ, Elenor; CUNHA, António Camilo. Fundamentos antropológicos do se-movimentar: Percepção, movimento e salutogênese. Revista Portuguesa de Educação, Braga, v. 29, n. 1, 2016, p. 155-184, 2016.

CHAMORRO MUÑOZ, Alicia Natali; PALACIO MUNÕZ, Manuel Darío. El sentido sucedâneo: una aproximación a la antropologia filosófica de Odo Marquard. Universitas Philosophica, Bogotá, ano 33, n. 66, 2016.

CHLADENIUS, Johann Martin. Princípios gerais da ciência histórica: exposição dos elementos básicos para uma nova visão sobre todos os tipos de saberes. Tradução de Sara Baldus. Campinas: Editora UNICAMP, 2013.

DROYSEN, Johann Gustav. Histórica: lecciones sobre la enciclopedia y metodologia de la historia. Tradução de Ernesto Garzón Valdés, Rafael Gutiérrez Girardot. Barcelona: Editorial Alfa, 1983.

GAMA, Jane Borralho; MARTINS, Francisco. O discurso breve do paciente: compreender e interpretar segundo Weizsaecker. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 18, n. 1, p. 37-42, jan./jun. 2012.

GERTZ, René E.; CORREA, Sílvio Marcus de S. (org.). Historiografia alemã pósmuro: experiências e perspectivas. Passo Fundo: Editora UPF, 2007.

HOBBES, Thomas de Malmesbury. Leviatã: os pensadores. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997.

HÖLSCHER, Lucien. Utopie. Utopian Studies, Michigan, v. 7, n. 2, p. 1-65, 1996.

KANT, Immanuel. Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita. Tradução de Rodrigo Nave, Ricardo Terra. 3. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

KOSELLECK, Reinhart et al. O conceito de história. Tradução de René Gertz. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2013.

KOSELLECK, Reinhart. Crítica e crise. Tradução de Luciana Villas-Boas Castelo- Branco. Rio de Janeiro: UERJ: Contraponto, 1999.

KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre História. Trad. Markus Hediger. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora PUC-Rio, 2014.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuições à semântica dos tempos históricos. Tradução de Wilma P. Mass e Carlos A. Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora PUC-Rio, 2002a.

KOSELLECK, Reinhart. História(s) e teoria da história. [Entrevista cedida a] Carsten Dutt. Tradução de Luiz Costa Lima. História da historiografia, Ouro Preto, n. 18, p. 311-324, ago. 2015.

KOSELLECK, Reinhart.The practice of conceptual history: timing history, spacing concepts. Tradução de Todd Samuel Presner. Stanford, California: Stanford University Press, 2002b.

MACHADO, Lucas Nascimento. Hegel e a relação entre ceticismo e filosofia: ceticismo e o problema da autodeterminação no idealismo alemão. 2014. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade de São Paulo - USP, São Paulo, 2014.

MARQUARD, Odo. Las dificultades con la filosofía de la historia. Tradução de Enrique Ocanã. Valencia: Pre-Textos, 2007.

MARX, Karl. Teses contra Feuerbach. Tradução José Arthur Giannotti. In: MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. 4. ed. São Paulo: Nova Cultura, 1987. (Os pensadores, v. 1).

MOSES, A. Dirk. German intellectuals and the Nazi past. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

NEVES, Abílio Afonso Baeta; GERTZ, René E (org.). A nova historiografia alemã. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1987.

OLIVEIRA, G. C. B. de. “Conflito” e “humanidade”: as antropologias históricas de Reinhart Koselleck e Jörn Rüsen. Diálogos, Maringá, v. 22, n. 3, p. 166-185, 2018.

OLSEN, Niklas. Carl Schmitt, Reinhart Koselleck and the foundations of history and politics. History of European Ideas, Oxford, v. 2, n. 37, p. 197-208, 2011.

OLSEN, Niklas. History in the plural: an introduction to the work of Reinhart Koselleck. New York: Berghahn Books, 2012. E-book Kindle.

PIMENTEL, Pablo Fernando Campos. Conservadorismo: ceticismo e antiracionalismo político. Cognitio-Estudos, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 155-164, 2019.

QUADROS, Marcos Paulo. O ceticismo em Edmund Burke e os pilares do conservadorismo moderno. Intellèctus, São Paulo, ano 14, n. 1, p. 168-187, 2015.

RÜSEN, Jörn. Como dar sentido ao passado: questões relevantes de meta-história. Tradução de Valdei Araújo, Pedro S. P. Caldas. História da historiografia, Ouro Preto, n. 2, p. 163-209, 2009.

RÜSEN, Jörn. Cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã. Tradução Nélio Schneider. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

RÜSEN, Jörn. Retórica e estética da história: Leopold von Ranke. In: MALERBA, Jurandir (org.). História e narrativa: a ciência e a arte da escrita histórica. Tradução de Thiago Aguiar de Moraes, Diego de Lima Webber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016. p. 85-103.

RÜSEN, Jörn. Teoria da história: uma teoria da história como ciência. Tradução de Estevão de Rezende Martins. Curitiba: Editora UFPR, 2015.

VILLAS BÔAS, Luciana. “Reinhart Koselleck”. In: PARADA, Maurício. Os historiadores: clássicos da história. Petrópolis, RJ: Vozes: PUC-Rio, 2014. cap. 5, v. 3.

WIKLUND, Martin. Além da Racionalidade Instrumental: sentido histórico e racionalidade na teoria da história de Jörn Rüsen. Tradução de Pedro Spinola Pereira Caldas. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 1, p. 19-44, ago. 2008.

Downloads

Publicado

21-08-2020

Como Citar

OLIVEIRA, G. C. B. de. Filosofia da história, utopia e crise: semelhanças e diferenças entre Reinhart Koselleck e Jörn Rüsen. Antíteses, [S. l.], v. 13, n. 25, p. 801–832, 2020. DOI: 10.5433/1984-3356.2020v13n25p801. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/36705. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Primeiros Passos