Patrimônio, agência e memória: a demolição da sede da Sociedade Italiana de Espírito Santo do Pinhal (SP)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2014v7n14p199

Palavras-chave:

Patrimônios, Memórias, História, Italianos, Fascismo

Resumo

Analisa-se, neste artigo, as estratégias empreendidas por um grupo de pinhalenses no processo de demolição da sede da Sociedade Italiana de Mútuo Socorro “Dante Alighieri”, na cidade de Espírito Santo do Pinhal (SP), que embora não reconhecida pelas agências oficiais de patrimônios, era considerada social e culturalmente significativa de forma a se configurar em um patrimônio para os descendentes de italianos. Duas “situações críticas”, situadas em tempos diferenciados, servem de baliza para as interpretações aqui desenvolvidas: (1) o confisco dos bens dos imigrantes italianos, em 1942, quando da entrada do Brasil na 2a Guerra Mundial e (2) a demolição da sede da Sociedade Italiana em 1991. Analisa-se a interação social de duas organizações disciplinares no tempo e no espaço — a Sociedade Italiana e a uma loja maçônica — com vários agentes sociais, filhos de italianos, de forma a acompanhar o debate cultural na prática social. Busca-se articular a relação entre as memórias indizíveis e, portanto silenciadas, do período da guerra, com os dados de documentos cartorários, entrecruzados com dados históricos, visando à interpretação da demolição da sede, como resultado da conduta estratégica empreendida por um grupo de pinhalenses, que objetivava eliminar as marcas tangíveis do fascismo na cidade.

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Biografia do Autor

Izabela Maria Tamaso, Universidade Federal de Goiás - UFG

Mestra e Doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília. Professora adjunto II da Universidade Federal de Goiás.

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Publicado

22-12-2014

Como Citar

TAMASO, I. M. Patrimônio, agência e memória: a demolição da sede da Sociedade Italiana de Espírito Santo do Pinhal (SP). Antíteses, [S. l.], v. 7, n. 14, p. 199–229, 2014. DOI: 10.5433/1984-3356.2014v7n14p199. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/20599. Acesso em: 29 mar. 2024.