O Serviço Voluntário em Hospitais do Terceiro Setor em Londrina: Da sua configuração à construção de novos referenciais de gestão

Rosa Yoko Okabayashi*

Selma Frossard Costa**

*. Assistente Social do Hospital Universitário de Londrina. Mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina. rosayoko@sercomtel.com.br
** Docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina. Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. selmafro@sercomtel.com.br

RESUMO:

O presente texto tem origem na dissertação de mestrado defendida pela autora, na UEL, em 2007. Aborda como questão central, a configuração e a gestão do voluntariado nas instituições hospitalares do Terceiro Setor no Município de Londrina, Estado do Paraná. Objetiva contribuir na construção de referenciais para a sua gestão. O universo de pesquisa foi constituído pelos hospitais Santa Casa, do Câncer e Evangélico, todos de Londrina. A pesquisa é qualitativa e analisada a partir de dois eixos: 1) A sua configuração; 2) A Gestão do Voluntariado. São eixos interligados e levam às conclusões: a “atividade voluntária” vem se transformando em “serviço voluntário” nas instituições hospitalares; o voluntariado acumula diferentes atribuições dentro do hospital e o assistente social firma-se como referência profissional; o voluntariado é marcado fortemente pelas características da esfera privada, porém com possibilidades para a ação política.

PALAVRAS CHAVE: voluntariado; gestão; ação política. 

ABSTRACT:

It approaches as the core issue, the configuration and management of volunteers at the hospital institutions in Londrina County, Parana State. It aims to contribute to the construction of references for its management. The research universe was constituted by the Santa Casa, Cancer and Evangelical Hospitals, all from Londrina. The research is qualitative and analyzed in two axes; 1) Its configuration; 2) The Volunteer Management. The axes are interlinked and conclude that: the “volunteer activity” has become “volunteer services” at the hospital institutions, the volunteers add different jobs at the hospital and the social worker is a personal reference, the volunteer is strongly marked by the private sphere characteristics, however with political actions possibilities.

KEY WORDS: volunteer; management; political action.


1 A CONFIGURAÇÃO DO SERVIÇO VOLUNTÁRIO NAS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES DO TERCEIRO SETOR DE LONDRINA.

A análise da configuração está voltada às três esferas de atuação  do voluntariado dentro dos hospitais pesquisados: (a) manutenção financeira do hospital, (b) gestão administrativa –diretoria – do hospital e (c) prestação de serviços aos pacientes e/ou aos hospitais.

Entende-se como atuação do voluntariado na esfera da manutenção financeira dos hospitais, aquela que ocorre através da doação de recursos financeiros próprios ou outros recursos provenientes de eventos promovidos para a captação, como a venda de artesanatos, cartões de datas comemorativas, bazares, chás, jantares e bingos.

Entre os hospitais pesquisados, dois contam com voluntários que contribuem efetivamente em sua manutenção financeira, desde a sua fundação. O terceiro, não possui fontes fixas de contribuições voluntárias, conta apenas com uma comissão interna formada por funcionários, responsável por diversos tipos de eventos, desde aqueles com caráter científico até para a captação de recursos financeiros (chás, jantares, dentre outros). Os integrantes dessa comissão não podem ser considerados voluntários para efeito dessa pesquisa, mesmo que seus integrantes trabalhem eventualmente fora do horário de expediente, pois a legislação não permite dois vínculos, um trabalhista e outro voluntário, na mesma instituição.

Em relação aos dois primeiros hospitais, são homens e mulheres, na maioria cadastrados nos hospitais ou na entidade mantenedora, que realizam doações próprias, em valores fixos e mensais, ou buscam sistematicamente a captação de recursos na comunidade.

Os três hospitais recebem ainda, ajuda de instituições filantrópicas específicas que doam recursos financeiros ou auxiliam na compra de determinados materiais, descartáveis e permanentes, e equipamentos ao funcionamento institucional. Eis alguns exemplos: aparelho micoondas, geladeira, sistema de ar condicionado, sistema de segurança por vídeo, poltronas para as mães ou acompanhantes, aparelho de televisão, central de telefonia com discagem direta a ramal, material para confecção de armários, roupas hospitalares.

A somatória dos voluntários contribuintes financeiramente aos hospitais, incluindo aqueles vinculados às instituições filantrópicas de apoio, perfaz um total aproximado de 650 pessoas.  Segundo seus gestores, a maioria desses voluntários é casada, têm renda própria, através do trabalho ou de beneficio previdenciário (aposentadoria). Os entrevistados não têm precisão quanto à situação financeira, mas a maioria foi identificada como pessoas com poucos recursos, com uma escolaridade média equivalente ao 1o. grau, contrastando com uma minoria formada por empresários da classe média alta, que também contribuem financeiramente para uma das instituições.

Para justificar o porquê dessa maioria formada de “pobres”, conforme classificado por um dos entrevistados, afirma: “eles acabam precisando e sentindo na pele a necessidade, por isso são mais sensíveis às carências sociais”.

Essa constatação corrobora as afirmações de Santiago (apud PEREIRA, 2000) e Teodósio (2004). Falam que o trabalho voluntário não é praticado pelas pessoas desprovidas de preocupação econômica e a divulgação da mídia em torno das celebridades, que se tornaram voluntárias, gera uma pseudo-impressão dos grupos economicamente favorecidos serem mais solidários. Na verdade, afirma este último, “parece haver uma relação inversa entre posse de recursos e disposição à ação voluntária” (TEODÓSIO, 2004, p.4).

O gestor deve ter o cuidado de não ”relegar aos destituídos, a própria solução de seus problemas” (TEODÓSIO, 2004, p.4), pois o voluntariado emerge  muito mais em conseqüência de um processo de reforma do Estado, subordinando o social ao econômico, do que como fruto de uma sociedade civil forte e organizada, que atende as suas próprias carências.

A “condição de pobreza” do voluntariado pode interferir na potencialidade e comprometer o seu agir político:

A pobreza força o homem livre a agir como escravo. A riqueza privada, portanto, tornou-se condição para admissão à vida publica não pelo fato do seu dono estar empenhado em acumulá-la, mas ao contrário, porque garantia com razoável certeza que ele não teria que prover para si mesmo os meios do uso e do consumo, e estava livre para exercer a atividade política (ARENDT, 1993, p. 74).

Outro aspecto relevante é a “pressão” exercida pelas demandas oriundas dos pacientes e demandas da instituição. As tensões geradas pela pobreza não devem ser encaradas como “naturais” para o voluntariado, como se lhe coubesse a responsabilidade pela sua solução.

A forma como se encara o papel do voluntariado pode usurpar-lhe a sua expressão de liberdade.

ARENDT, a respeito da liberdade, fala:

[...] a liberdade situa-se exclusivamente na esfera política; que a necessidade é primordialmente um fenômeno pré-politico, característico do lar privado; e que a força e a violência são justificadas nesta última esfera por serem os únicos meios de vencer a necessidade – por exemplo, subjugando escravos – e alcançar a liberdade. Uma vez que todos os seres humanos são sujeitos à necessidade, têm o direito de empregar a violência contra os outros; a violência é um ato pré-politico de libertar-se da necessidade da vida para conquistar a liberdade no mundo (ARENDT, 1993, p.40).

Nessa concepção de liberdade, encontrada na antiga polis grega, só era possível realizá-la na esfera política, na qual a ação e o discurso, ao mesmo tempo em que permitiam aos homens “serem iguais”, faziam-nos também, seres “distintos”. Ao contrário, a opressão, a violência e a imposição de ordens eram características da esfera privada. Na época, era preferível ser um homem livre e pobre, que enfrentasse diariamente a insegurança de um mercado de trabalho, a ser um escravo doméstico e gozando de uma vida tranqüila. Era preferível um trabalho árduo e penoso, mas livre, à servidão dos escravos.

Ser livre significava ao mesmo tempo não estar sujeito às necessidades da vida nem ao comando de outro e também não comandar. Não significava domínio, como também não significava submissão. (ARENDT, 1993, p. 41).

Essa forma de vivenciar a liberdade não condiz com a realidade do voluntariado brasileiro, que precisa do trabalho para suprir as suas próprias necessidades, porém a liberdade faz parte da condição humana. E é possível potencializá-la ao invés de diminuí-la, a depender da filosofia adotada pelo seu gestor. Ao potencializá-la poderá lançar o voluntariado na esfera pública, aquela em que se privilegia a visão e a audição por diversos ângulos e todos podem ser vistos e ouvidos (ARENDT, 1993). É na esfera pública, que é possível interferir, com palavras e persuasão, nas áreas de interesses comuns.

Na gestão administrativa dos três hospitais, aquela na qual os voluntários têm direito à voz e voto nas deliberações relacionadas aos interesses da instituição, os voluntários apresentam um perfil bem diferenciado. Em número reduzido, são apenas oito profissionais, sendo sete do sexo masculino. São todos graduados, quatro médicos, dois administradores de empresa e uma contadora. Foram classificados pelos entrevistados como possuidores de renda alta e todos têm atividade remunerada (ou renda própria) fora dessas instituições. São pessoas voluntárias, no sentido de doarem espontaneamente o seu tempo e os seus conhecimentos nas áreas especificas. Mas também atendem a requisitos “obrigatórios”, ou seja, os cargos “devem” ser preenchidos por voluntários, pela natureza filantrópica das instituições. Essa relação revela uma face “voluntária” das pessoas e outra “obrigatória” por parte das instituições, que não podem prescindir de voluntários.

Essa obrigatoriedade, às vezes, traz contradições conforme colocação de um dos gestores entrevistados,

 “como os voluntários não ganham, não são remunerados, se fossem ganhar, o hospital não seria filantrópico. Existem dificuldades para vir e participar todos os dias...dificuldades para se interessarem a participar...”

Os voluntários disponibilizam a doação de um tempo e de um trabalho, mas em função de uma exigência legal. Se determinada pessoa não for voluntária para o preenchimento do cargo, outra será. Não é uma opção facultativa. Os voluntários da gestão administrativa são mais facilmente confundidos com os ocupantes de cargos remunerados.

Na esfera da prestação de serviços, vislumbra-se a atuação dos voluntários junto aos pacientes e junto às próprias instituições. A prestação de serviços aos pacientes está relacionada ao desenvolvimento, pelos voluntários, de atividades recreativas, ocupacionais, de apoio espiritual, emocional. São pessoas  dedicadas aos cuidados com o paciente, seja ouvindo, conversando, oferecendo um copo de água, realizando um passeio interno, detectando e atendendo carências materiais. Inclui-se ainda nesta perspectiva, a ação assistencial através da doação de recursos diversos (cestas básicas, medicamentos, roupas) aos pacientes. A prestação de serviços aos hospitais, é aquela, cujos beneficiários maiores são as próprias instituições, seja através da doação de trabalho propriamente dito ou de serviços como: “o hospital manda 200 lençóis para as voluntárias  fazerem a bainha. Elas fazem e devolvem. Ou manda 100 pijamas cortados e elas costuram as peças, montando os pijamas para uso interno dos pacientes”.

Portanto, a prestação de serviços tem uma relação direta com os pacientes ou com a instituição, sem interferir, necessariamente, na gestão administrativa ou financeira.

Identificou-se cerca de cem voluntários atuantes na esfera da prestação de serviços; a grande maioria formada por mulheres na faixa etária de 40 a 60 anos, casadas, com escolaridade média até o segundo grau. Uma parcela desses voluntários é formada por pessoas com trabalho remunerado e a outra, por donas de casa, classificadas pelos seus gestores como de “classe média baixa”.

Nas três esferas mencionadas, chama a atenção como as relações de gênero[1] também perpassam pelo voluntariado. A presença masculina marca a esfera da gestão administrativa, a esfera das decisões. A feminina está na esfera dos cuidados com o paciente e na captação de recursos. Na esfera da manutenção financeira dos hospitais através de doações com recursos financeiros próprios, aparecem de uma forma mesclada, homens e mulheres.

Interessante observar que na esfera da manutenção financeira dos hospitais, quando o assunto é captação, está mais ligado às mulheres. Envolve entrar em contato, divulgar, argüir, realizar trabalho de sensibilização e convencimento, promover campanhas e eventos. Já, quando o assunto é doação de recursos próprios, que envolve “menor esforço” no sentido de procedimentos a executar, envolve tanto homens como mulheres.

Esses dados retratam uma sociedade de tradição patriarcal e capitalista, na qual atribuiram-se historicamente, às mulheres, características como a sensibilidade, a humanização, a capacidade de discutir relações, a responsabilidade pela assistência e pela unidade familiar.  Sobre o assunto, Carrasco (2003) fala de duas esferas, uma pública e outra privada, com pouca inter-relação entre ambas e baseadas em princípios antagônicos. A pública, pertencente aos homens, focada no “social, político e econômico-mercantil e regida pelos critérios de êxito, poder, direito de liberdade e propriedade universais” (CARRASCO, 2003, p.16). E a privada, também conhecida como doméstica, dominada pela presença feminina, baseada em laços afetivos e sentimentos, relacionada com as “necessidades subjetivas (sempre esquecidas) das pessoas” (CARRASCO, 2003, p.16).

As mulheres ocuparam tradicionalmente a esfera doméstica e disponibilizaram os homens, pais, esposos e filhos, a dedicarem-se ao máximo, a um tempo mercantilizado, o qual pode ser transformado em dinheiro, prestígio e poder. E a esfera das relações privadas, espaço eminentemente feminino, ou seja, dos cuidados, afetos, relações domésticas, que sustentam a unidade familiar, não foram sequer reconhecidos como um tempo empregado para o desenvolvimento humano. É como se tudo fizesse parte da “aptidão” das mulheres:

As pessoas esquecem que as meninas precisam treinar para apreender tudo isso e agem como se toda mulher nascesse com essas aptidões, como se fosse dádiva da natureza. Se é dádiva, não precisa ser reconhecida, nem devidamente remunerada. Porém se os homens fossem treinados para realizar essas tarefas, seria necessário um grande investimento (FARIA; NOBRE, 1997, p.14).

Essa relação de gênero, presente na família, nas instituições e no Estado, também influencia o voluntariado e, sobretudo, no espaço em que  ocupa no mundo contemporâneo.

O voluntariado de hospitais, formado em sua maioria por mulheres, situa-se muitas vezes, no compartilhar de intimidades (Sennet apud SILVA, 2004) com o paciente, mais na necessidade de ajudar a si próprio do que ao outro. É um espaço no qual depara-se com o humano cheio de fragilidades, sofrimento, dependência e que às vezes se somam à condição de miserabilidade em todos os sentidos (emocional, físico,  financeiro, familiar), gerando sentimentos de impotência perante a própria vida. A ausência de saúde, a instalação da doença, representa uma dor incomparável, a mais sofrível das dores:

Se ... perguntares por que (alguém) deseja a saúde, ele responderá prontamente: porque a doença é dolorosa. Se insistires em saber mais e pedires uma razão pela qual ele odeia a dor, ele não te poderá apresentar nenhuma. (A dor) é um fim último, sem qualquer subordinação a outro objeto (ARENDT, 1993, p.322).

Identifica-se nesse espaço, um desencantamento e vazio de esperanças, frutificando uma ação voluntária que busca mais um reforço terapêutico a si próprio, ao voluntário, do que propriamente uma luta por determinada causa social.

As trocas estabelecidas nesse tipo de relação podem ser caracterizadas como de uma benemerência “neoindividualista”, na qual agrega-se “à vontade de ajudar ao outro, o desejo de ajudar a si mesmo” (Silva, 2004, p.22). O gestor social deve estar atento ao risco de não limitar a prática voluntária à mera identificação de sentimentos como a solidão, o vazio de esperanças, o compartilhar de intimidades.

O voluntariado há que ser reconhecido e valorizado não apenas como alguém que se identifica com o sofrimento humano, mas como alguém consciente de que

A dor e os sentimentos intensos movimentam-se e tomam outro sentido na experiência de ação, na vida ativa. Passam a ser comunicáveis. Passam a estar no mundo, criam identidade para quem até então era alheio, anônimo, improvável (SILVA, 2004, p.18).

A ação voluntária quando desvinculada da perspectiva neoindividualista pode potencializar a formação de uma esfera política. O compartilhamento de intimidades pode assumir identidade pública e materializar-se na forma de uma compreensão de causas e efeitos, de mobilização de outras pessoas, de maneira que resulte na melhoria da condição humana do paciente.

De acordo com Silva (2004), o voluntariado representa uma ruptura com o isolamento. Ao buscar “o outro”, ele realoca o seu tempo, não mais empregado para a manutenção de suas necessidades metabólicas (labor) e para o trabalho. Sai do isolamento , interage com outras pessoas na “expectativa de um novo tornar a ser” (SILVA, 2004, p. 25).

Nesse “novo tornar a ser”, entra a ação, característica  fundamental do voluntariado, que  efetivamente, pode transformar-se em “atividade política por excelência”  (ARENDT, 1993, p.17), o que elevaria  a sua condição para aquela esfera pública arendtiana, ou seja, para um  “mundo comum”, no qual haveria  a visibilidade por  todos.

Esse “mundo comum” nas instituições hospitalares, entretanto, é influenciado por vários fatores que podem dificultar ou facilitar a ação política do voluntariado. Tais fatores podem estar vinculados a uma exigência estatutária, que “obriga a participação”, a grupos de apoio, com ou sem base religiosa e a interesses particulares, ou ainda, ao entrelaçamento de todos eles. Uma questão interessante, foi a religiosa, muito arraigada na ação voluntária no segmento hospitalar. Essa motivação religiosa como base da ação voluntária talvez possa ser atribuída às origens dos próprios hospitais, todas associadas às instituições religiosas ou a grupo de pessoas reconhecidas pela sua religiosidade.

Às vezes, a religiosidade é critério explícito e excludente para ser aceito pelo grupo atuante junto aos pacientes do hospital. Em outras palavras, se a pessoa fizer parte do grupo, de determinada religião, a sua credencial está praticamente garantida para a entrada no hospital. Caso não faça parte do grupo, o candidato deve “apresentar um projeto, que será analisado pela área de Recursos Humanos. Ele é chamado para entrevista e se aprovado, faz-se o termo de adesão.” O gestor entrevistado esclarece que isso “não impossibilita a formação de outros grupos”. Embora não se negue novas possibilidades, a via de ingresso mais rápida é a religiosa. Em outra instituição, a religião não é critério básico para ser voluntário, porém ainda se percebe que os voluntários em sua maioria, têm a questão religiosa como a motivação principal: ”os voluntários não fazem parte de uma Ong, mas de uma religião...não de uma única, mas de várias. Uns são espíritas, outros evangélicos, católicos...” . O gestor deixa claro que a religião é uma forte determinante da motivação do voluntariado nos hospitais.

O que mobiliza o voluntariado não é especifica e necessariamente a causa social, que poderia ser um doente de câncer, um renal crônico, um portador de HIV positivo.... mas a sua relação com Deus: “Deus está na centralidade. O que os voluntários consideram importante não é ajudar o Hospital, é ajudar o paciente e a Deus. Elas estão fazendo também para o próximo, mas estão trabalhando acima de tudo, para Deus.”

Essa “ligação com Deus”, segundo um dos gestores, já trouxe muitos problemas em épocas anteriores, “as pessoas faziam orações para exorcizar os demônios ou acreditavam que a cura vinha tão somente através de Deus, o que acabava interferindo nas condutas médicas... .

A questão religiosa é tratada por Arendt (1993, p. 63), pela via da “caridade” edificada e proposta por Santo Agostinho,

Encontrar um vínculo entre os homens, suficientemente forte para substituir o mundo, foi a principal tarefa política da antiga filosofia cristã; e foi Agostinho quem propôs edificar sobre a caridade não apenas a “irmandade cristã”, mas todas as relações humanas.

Trata-se de um princípio mantenedor da união das pessoas em uma esfera destituída de interesses mundanos. Os membros dessa comunidade formariam um “corpus”, que teria como modelo, a relação entre irmãos da mesma família, reconhecida como uma relação apolítica e, mesmo, antipolítica. Porém, segundo a autora,

[...] diferentemente do bem comum tal como o cristianismo o concebia – a salvação da alma como interesse comum a todos – o mundo comum é aquilo que adentramos ao nascer e que deixamos para trás quando morremos. Transcende a duração de nossa vida tanto no passado quanto no futuro: preexistia a nossa chegada e sobreviverá à nossa breve permanência (ARENDT, 1993, p.65).

A ótica cristã, segundo a mesma autora, parte da premissa de que cada um deve cuidar de seus afazeres e negócios e não, dos negócios comuns públicos. Essa maneira de ver o mundo também influencia o voluntariado, que tem muitas raízes na cristandade. A ação, atividade política por excelência, embora seja  atividade fundamental da condição humana, é reservada para poucos, como por exemplo, para aqueles participantes de uma gestão administrativa hospitalar, espaço das deliberações. Uma grande parcela de voluntários ainda mantém a referência na extra-terrenidade, no caráter apolítico e não-público. 

Paixão (2004, p. 91) fala da falta de espaço para as reflexões que poderiam levar à ação voluntária política:

[...] temos a suspeita de que falta um espaço para a reflexão do que é diaconia e que esta ação tem um pé no evangelho e, o outro, no mundo, pois as pessoas são corpo e alma ao mesmo tempo – tem necessidades espirituais e materiais simultaneamente.Ambas as partes merecem cuidado. Tendo essa compreensão de ação, a Igreja/sua diaconia, desenvolveria, de fato, uma ação voluntária política.

A autora faz uma análise a partir de uma pesquisa realizada com um grupo de mulheres luteranas, que presta ações assistenciais há 25 anos, em São Leopoldo, RS. O grupo confecciona e doa acolchoado, tricô, crochê, costura, roupas para “ancionatos, instituições de educação infantil e a Casa Aberta” (PAIXÃO, 2004, p.92). Segundo ela, as voluntárias desse grupo não conseguem diferenciar a ação de outros grupos da ação da Igreja, não conseguem fazer uma leitura da inter-relação da fé com a ação. Cita essa dificuldade de discernimento como o “ponto nevrálgico” da questão, provavelmente o mesmo ocorrido com os grupos religiosos aqui pesquisados e vinculados aos hospitais.  Prossegue

 [...] os objetivos se limitam a ajudar. Mas não se evidencia um discurso articulado entre elas. Não há um planejamento, exceto no sentido de organizar quem faz o acolchoado, tricô, crochê...o ajudar é apenas uma ação material. Mesmo quando apontam para a dimensão de um mundo melhor isso não se traduz em ação política (PAIXÃO, 2004, p.92).

Uma das conclusões da autora é que as ações desse grupo estão voltadas aos seus aspectos internos, as suas semelhanças:

O ‘ser grupo’ se constitui pelas semelhanças de sentimentos, crenças e pelos aspectos da satisfação, do bem-estar que a ajuda material para o outro/a lhes traz...atitudes assim são excludentes, pois não permitem um aprendizado através da relação com o outro sujeito. Fica-se na solidariedade mecânica que beneficia apenas quem é igual e semelhante. Dessa forma, a ação que realizam não está a serviço de uma mudança que possibilite através da alteridade, a promoção de sujeitos autônomos (PAIXÃO, 2004, p.101).

Num mundo em que se deposita no trabalho, a glorificação teórica suprema e, na troca de produtos (ARENDT, 1993), a principal atividade política, o voluntariado representa uma inversão da lógica desses valores. O trabalho voltado para o mercado não ocupa a centralidade de sua existência. O voluntariado precisa de outros valores para sustentar a sua ação. Por isso, a justificativa religiosa talvez seja a mais forte e a mais convincente para o auto-fortalecimento dos voluntários, já que, tradicionalmente, as conquistas coletivas em espaços públicos, que poderiam gerar o empoderamento, não têm feito parte de sua história.

O voluntariado ainda não assumiu a sua pluralidade (Arendt, 1993) na condição de ser humano, isto é, “viver como ser distinto e singular entre iguais” (ARENDT, 1993, p.191). A igualdade está na condição de ser humano, mas  “a diferença” ainda não foi conquistada,  a qual seria obtida por meio do discurso e da ação. Para isso, ainda é necessário muito cuidado, pois é um ser cheio de carências, que precisa ser fortalecido, para que se sinta revigorado, “sair de si” e enxergar o “outro”. A emancipação das pessoas só se alcança quando ele próprio, no caso, o voluntário, sentir-se emancipado, liberto, capaz de ir além das perspectivas neo-individualistas.

2 A GESTÃO DO SERVIÇO VOLUNTÁRIO NAS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES DO TERCEIRO SETOR DE LONDRINA

Em um dos hospitais pesquisados, o assistente social relata que há cerca de vinte anos, os voluntários realizavam visitas aos pacientes internados, atuando como uma extensão da igreja, através de orações. Com o tempo, perdeu-se essa prática e só em 2004, o voluntariado retornou para “atendimento dos pacientes” no leito hospitalar, desta feita, sob a coordenação do assistente social. Este afirma que antigamente os voluntários iam para o hospital e permaneciam o tempo desejado e a todo momento, solicitavam a intervenção dos funcionários para atender as queixas do   paciente ou as próprias . Essa situação irritava os funcionários, que viam na figura do voluntário, mais uma pessoa para atrapalhar em vez de ajudar. E os credos religiosos eram motivos de conflitos com os pacientes e indiretamente com a equipe profissional, por incentivar a cura de doenças através de outros meios.

Em outro hospital, há cerca de cinco anos, grandes conflitos de relacionamento envolveram a instituição hospitalar e os voluntários. Estes faziam parte de uma entidade filantrópica de apoio ao hospital e prestavam serviços assistenciais aos pacientes, especialmente internados.  Na época, houve intensa divulgação pela mídia e a Promotoria Pública foi acionada para intermediar as relações. Questionamentos realizados pelos voluntários no tocante a condutas técnicas e administrativas das equipes profissionais do hospital pareciam o “estopim” dos conflitos. A prestação de serviço por esses voluntários, naquele hospital, foi suspensa por aproximadamente um ano. Aos poucos, mediante diálogo e consenso entre as partes, os voluntários, alguns substituídos e outros antigos, foram retornando à antiga função dentro do hospital.

Percebe-se que o assistente social surge como o profissional que referencia o serviço voluntário dentro desses hospitais, mesmo sendo, muito mais em decorrência de uma avalanche de demandas institucionais do que como resultado de uma antecipação profissional face às mesmas. Um dos entrevistados declara “a direção me solicitou para assumir o voluntariado e eu concordei”.  É oportuno enfatizar que os assistenciais responsáveis pela gestão do voluntariado são os dois que trabalham nos hospitais com voluntários atuando na esfera da prestação de serviços diretos junto aos pacientes. O terceiro, o dentista, possui uma função representativa junto ao hospital e executa atividades burocráticas.

Na medida em que o voluntariado dentro dos hospitais foi se ampliando em termos de quantidade e atribuições, diversificaram-se também, as demandas surgidas com a sua presença . A respeito do assunto, um dos assistentes sociais fala “eles começaram a questionar as condutas técnicas, principalmente médicas e de enfermagem”. Vários outros problemas surgiram, como o de oferecer alimentos a pacientes em dieta ou alimentos não permitidos pela equipe técnica do hospital, conflitos com funcionários que se sentiam inseguros mediante a falta de clareza em relação ao papel do voluntariado, visitas realizadas aos pacientes, por voluntários em horários inoportunos, dentre outros. A idéia predominante era de que o voluntário “tudo podia”, mas aos poucos, ela foi-se materializando em forma de problemas. E estes, exigiam soluções institucionais. A falta de clareza em relação às suas atribuições e consequentemente dos seus limites, levava o voluntariado a ações conflitantes com os interesses dos hospitais e, com isso, acabavam prejudicando os próprios pacientes.

Em um dos hospitais, se a diretoria era a referência maior para as questões pontuais do voluntariado, houve a precisão de disponibilizar um profissional para atender as suas necessidades. Em outro, há mais de vinte anos, o assistente social é a referência do serviço voluntário, mas nos últimos seis anos, declara ter sido muito mais exigido em termos de demandas relacionadas ao assunto.

O reordenamento do voluntariado dentro dos dois hospitais desponta-se como uma necessidade institucional para dar respostas aos problemas apontados. A reorganização de atividades em forma de “serviços”, segundo conceito já citado, passa a exigir uma nova forma de gestão. Na prática, isso se expressa de várias maneiras: através de um voluntariado rapidamente identificável, de forma a distingui-lo dos demais funcionários da instituição: usa crachá próprio e jaleco padronizado de voluntário; recebe orientações sobre a rotina hospitalar, como a lavagem das mãos antes e depois de qualquer contato com o paciente, a não ofertar alimentos ou medicamentos, respeito aos procedimentos da equipe de saúde, informações sobre o estado geral dos pacientes.

Os voluntários também possuem um acompanhamento profissional, setores delimitados para a sua atuação, datas e horários definidos para entradas e saídas. Apólices de seguro são pagas para alguns voluntários para a cobertura de riscos de acidentes acontecidos em horários de sua atuação. Reuniões com os voluntários são realizadas periodicamente e quando não, o assistente social tem a consciência de que mais tempo deveria ser dedicado para a gestão do serviço. Observa-se que essa reorganização acrescentou muito mais demandas ao profissional, que já vinha com uma sobrecarga de trabalho, sem, no entanto, diminuir o volume de trabalho anterior ou  contratar novos profissionais.

De acordo com Dohme (2005), “A crença desgastada de que o voluntário executará ‘milagres’, sem a menor necessidade de supervisão e nunca exigindo nada em troca, é falsa e a maior causa de insucesso”. Concorda-se com essa afirmação e na prática ela se corrobora nas palavras de uma das assistentes sociais gestoras: “se houvesse um projeto, um planejamento adequado, problemas como os ocorridos (já citados) envolvendo voluntários, pacientes, administração do hospital e promotoria pública, poderiam ter sido evitados”.

Segundo os assistentes sociais entrevistados na qualidade de gestores do voluntariado, a grande contribuição dada por eles, está relacionada ao papel do voluntariado, hoje mais claro, mais definido. Antes “eles vinham e podiam fazer qualquer coisa, não tinha uma coordenação” , relata um deles. Hoje o voluntariado é reconhecido e respeitado pelos funcionários e pela instituição.

Os momentos propiciados pelo gestor ao voluntariado, seja através de contatos, reuniões, supervisões ou outros instrumentos adotados ou denominados de formas diferentes, podem levar ao que Bavaresco chama de “conhecimento sobre o objeto em questão” (2004, p.36). E esse conhecimento, “[...] partindo da realidade empírica e a ela retornando, traz o contributo da melhoria de vida, realizando assim, a transmutação da utopia em sonho e do sonho, em realidade”.

A autora associa a ação voluntária à necessidade do ser humano em participar ativamente de seu grupo social, buscar a concretização de objetivos comuns e que para isso, encontra na linguagem, uma das expressões mais vigorosas. Essa afirmação é verdadeira, na medida em que o homem é um animal “social” antes de ser animal “político” (ARENDT, 1993, p.41).

 E nesse espaço de participação, “[...] encontramos o verdadeiro significado da política como mediadora dos desejos individuais para obter, por meio de senso comum, a coesão para a passagem do individual ao coletivo” (BAVARESCO, 2004, p.36). Segundo a mesma, esse tipo de ação geraria autonomia, que por sua vez, levaria ao empoderamento dos seus agentes. Prossegue afirmando que o conhecimento gerado sobre um determinado objeto, dá aos agentes da ação voluntária, autonomia e liberdade, pré-requisitos necessários para as tomadas de decisões resultantes em melhorias para a coletividade.

Com base nesse princípio, o gestor do serviço voluntário deve não só estimular a geração do conhecimento sobre o seu objeto, como também viabilizar esse espaço dentro da instituição. Um espaço para reflexões, aprendizagem e planejamento das ações. O voluntariado e o seu gestor precisam priorizar esse tipo de encontro, caso contrário, correm o risco de serem “engolidos” pelas demandas institucionais e esgotarem a ação voluntária na prestação mecânica de serviços.

A ação emancipadora deve ser estimulada  “[...] carregada de um vigor, uma força tal que seja capaz de gerar uma ‘liga’ entre os seres humanos na obtenção dos objetivos, de forma eficiente e eficaz, que revertam em benefícios ao próprio grupo” (BAVARESCO, 2004, p.38). A definição do oposto de seu conceito, ajuda a clarear e reforçar o significado da ação emancipadora. Assim, a ação alienadora é definida como aquela em que “[...] o exercício do poder nela contida conduza à submissão do outro e se converta em um autobenefício, não ensejando a possibilidade de uma análise crítica dos objetivos presentes” (BAVARESCO, 2004, p.38).

Para enfatizar a importância da linguagem, Arendt (1993, p.11) declara: “Sempre que a relevância do discurso entra em jogo, a questão torna-se política por definição, pois é o discurso que faz do homem um ser político”. E é essa capacidade que faz do homem um sujeito singular, distinto dos demais seres animados. E como refere Paixão (2004), a ação política é uma questão de aprendizagem , “Se é questão de aprendizagem, precisa ser ensinada” (PAIXÃO, 2004, p.110). Ela pode ser ensaiada, exercitada e ensinada nos espaços coletivos propiciados pelo seu gestor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As ações de voluntariado vêm crescendo conforme a pesquisa realizada nos hospitais de Londrina, onde se observa a transformação da atividade voluntária, a pontual e esporádica, em serviço voluntário, prestado com uma freqüência determinada, sob regras internas e na vigência de uma lei.

O acúmulo de suas funções nesse processo está expresso em suas ações contínuas: orações, auxílios materiais aos pacientes, atividades recreativas, captação de recursos para as instituições hospitalares. O voluntário “polivalente” em suas habilidades é o mais requisitado e valorizado.

Essa presença acentuada nos hospitais a partir de 2000, deu mais visibilidade ao voluntariado, não apenas pelas suas ações, mas também pelos problemas gerados. O assistente social firmou-se como referência profissional, habilitado para a gestão do serviço voluntário intra-institucional, passando a ser cada vez mais requisitado para “resolver” os problemas surgidos na relação entre voluntários, com os pacientes, com a equipe de saúde e com a própria instituição. O assistente social é chamado para dar um reordenamento ao voluntariado. A reidentificação feita através do cadastramento de voluntários ou grupos de voluntários, a redefinição de atribuições, fixação de regras e limites, orientações diversas, a aplicação da lei do voluntariado, são algumas dessas mudanças.

Existem indicativos nas falas dos gestores e na legislação pertinente aos hospitais filantrópicos, apontando firmemente para o crescimento dessa “onda voluntária” , embora não se possa afirmar que ela seja gradual e contínua.

As demandas institucionais têm requisitado o assistente social como o profissional de referência para a gestão de voluntariado, mas poderia ser um psicólogo, um enfermeiro, um administrador, pois o voluntariado no contexto atual, é também uma estratégia de recursos financeiros para o funcionamento hospitalar.

O assistente social, no entanto, profissional historicamente vinculado à prestação de serviços de assistência social, é o gestor capacitado a decifrar a realidade, rever conceitos, avaliar e implementar ações inovadoras na área. Terá condições para discernir os interesses mercantilistas, neoindividualistas daqueles potencializadores da ação política.

Iamamoto (2001, p.48) fala: “possibilidades novas de trabalho se apresentam e necessitam ser apropriadas e desenvolvidas; se os assistentes sociais não fizerem, outros farão, absorvendo progressivamente espaços ocupacionais até então a eles reservados”.

Para isso, é necessário priorizar na agenda profissional, um espaço para “o conhecimento do objeto” , citado por Bavaresco (2004) em outro contexto, mas aplicável na realidade do voluntariado. Espaço no qual se possa exercitar a argüição, a sociabilização, a reconstrução de uma identidade, tendo como parâmetros, novos referenciais teóricos. Se o homem não se conhece, é como se não existisse. É necessário conhecer-se e dar-se a conhecer.

Embora o voluntariado hospitalar conserve características da esfera privada, é possível dar os primeiros passos em direção à esfera pública. O voluntariado identifica-se com a natalidade (Silva, 2004), pois em algum momento decorrido, ele deslocou-se, saiu do seu isolamento. Mesmo saindo em busca de objetivos terapêuticos, foi um passo a frente. Há a possibilidade de ser reconstituído em sua individualidade e potencializado a sua ação na esfera dos interesses comuns.

 

Bibliografia

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 6023: Informação e documentação – referencias – elaboração. Rio de janeiro, ago. 2002a.

BARBOSA, Maria Nazaré. Voluntário remunerado: um contra-senso jurídico. 2006. Disponível em: <http://integração.fgvsp.br/ano7/03/opinião.htm>. Acesso em: 16 jul. 2006.

BARBOSA, Maria Nazaré Lins. Voluntariado empresarial: aspectos jurídicos.2005. Disponível em: < www.cereja.org.br/arquivos_upload/voluntariado>. Acesso em: 19 jun. 2006.

BATISTA, Alfredo.  Reforma do Estado: uma prática histórica de controle social. Rev. Serviço Social e Sociedade. São Paulo, Cortez, n. 61, nov. 1999.

BAVARESCO, Rosa Maria Serra. O Voluntário e sua condição de sujeito. In: Novo Voluntariado Social, Teoria e Ação. Porto Alegre: Dacasa, 2004.   

______. Câmara dos Deputados. Lei do Voluntariado: lei 9.608 de 18/02/98.  Brasília: 1999.

______. Lei 91 de 28 de agosto de 1935: determina regras pelas quais são as sociedades declaradas de utilidade pública.  Rio de Janeiro, 1935.

CARRASCO, C. A sustentabilidade da vida humana: um assunto de mulheres? In: FARIA, N.;

COSTA, Selma Frossard. O Espaço contemporâneo de fortalecimento das organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos: o Terceiro Setor em evidência. In: O Desafio da Construção de uma Gestão Atualizada e Contextualizada na Educação Infantil: um estudo junto às creches e pré-escolas não governamentais que atuam na esfera da assistência social, no município de Londrina-Pr. Londrina, 2003. 233 p. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo – USP. São Paulo.

DOHME, Vânia D’Angelo. Voluntariado e sua administração nas Organizações Sociais. Disponível em: <http://integração.fgvsp.br/ano4/5administrando.htm>. Acesso: em 12 jul. 2006.

FERNANDES, Karina Ribeiro.  A Constituição de Redes Organizacionais como nova forma de Gestão das Organizações do Terceiro Setor. Integração: Revista Eletrônica do Terceiro Setor. n. 39, jun. 2004. Disponível em: <http://integracao.fgvsp.br/ano7/06/administrando.htm.> Acesso em: 20 jul. 2005.

FERNANDES, Rubem César. Privado porém público: o terceiro setor na América Latina. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

IRMANDADE DA SANTA CASA DE LONDRINA. Disponível em: <www.iscal.com.br> Acesso em: 13 nov. 2006.

KAMEYAMA, Nobuko.  A nova configuração das Políticas Sociais. Revista Praia Vermelha, n.5, Rio de Janeiro, UFRJ, Programa de Pós Graduação em Serviço Social, 2. Sem/2001.

MAIA, Marilene. Gestão Social – Reconhecendo e construindo referenciais. Revista Virtual Textos & Contextos, n. 4, dez. 2005.

MANUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR. Disponível em:< www.saúde.sc.gov.br > Acesso em: 08 fev. 2007.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade, 19 ed. Petrópolis:Vozes, 1994.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 2004.

MOTTER , Denise Galhardi; OKABAYASHI, Rosa Yoko. O Voluntariado na perspectiva de gênero: reflexões a partir de uma experiência com a Associação dos Voluntários do Hospital Universitário de Londrina. Serviço Social em Revista, v.7, n. 2, jan/julho, 2005.

NOGUEIRA, Marco Aurélio. As possibilidades da política: idéias para a reforma democrática do Estado.  São Paulo: Paz e Terra, 1998.

OKABAYASHI, Rosa Yoko. Ser ou estar voluntário? Folha de Londrina. Londrina, 05 dez. 2005.

PAIXÃO, Márcia Eliane L. Ação Voluntária e identidade: o caso das mulheres luteranas. In: Novo voluntariado Social, teoria e ação. Porto Alegre: Dacasa, 2004.   

PEREIRA, Ligia Pereira. Requisitos para a configuração do trabalho voluntário a partir da lei 9.608/98. 2000. Monografia (Bal. Ciências Jurídicas). Ribeirão Preto.

SALOMON, Lester. A emergência do terceiro setor: uma revolução associativa global. Revista USP de Administração, v. 33, n.1, jan./mar. de 1998.

SCHREIDER, Érika. ONGs, terceiro setor e sociedade civil: terminologias. In: Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, 11. Fortaleza, 2004. Anais... Fortaleza, 2004.

SIILVA, Jacqueline Oliveira. (Org.) et al. Voluntariado: uma ação política de novo tipo?. In: Novo voluntariado Social, teoria e ação. Porto Alegre: Dacasa, 2004.   

TEODÓSIO, Armindo dos Santos de Souza. Mitos do Voluntariado no Brasil: para além de boas intenções. Revista Integração (eletrônica), CETS/FGVSP, Maio, 2004.



[1] O estudo das relações de gênero, centrado nas relações sociais entre homens e mulheres, teve início na década de 1980, com o objetivo de não apenas focalizar as mulheres como objetos de estudo, mas também, os processos de formação da feminilidade e da masculinidade... as pessoas pensam e agem, construindo práticas sociais diferenciadas conforme o sexo... famílias, instituições e Estado são constituintes e constituídos de gêneros, na medida em que determinam e, ao mesmo tempo, são permeáveis pelas relações de sexo e de poder, estando sempre presente uma relação de hierarquização, colocando as mulheres em posição de inferioridade aos homens.(MOTTER; OKABAYASHI, 2005)

>> volta para índice