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Introdução à poética rousseauniana
Minicurso
"Introdução à poética rousseauniana"
Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado
É por demais conhecido o caráter multifacetado da produção de Jean-Jacques Rousseau. A literatura, a filosofia, a pedagogia e a música são algumas das esferas de reflexão e produção tocadas pela obra do autor genebrino. Diante de semelhante polimatia, poder-se-ia questionar a unidade de tão rico universo, fato este apenas reforçado pelas especificidades de escrita de cada uma das áreas. Deste modo, conjugar obras como Julie, Les confessions, o Discours sur les sciences et les arts, o Émile ou ainda o Dictionnaire de musique, constitui uma tarefa das mais desafiadoras. Porém, somando-se ao fato de que Rousseau era um homem de seu tempo, representando com propriedade muito do espírito iluminista e do século XVIII em geral, outro ponto contribui para o estabelecimento da unidade na obra rousseauniana: a sua poética. Entendendo, aqui, o termo “poética” para além dos limites do poema e mesmo da literatura estritamente considerada, atinge-se o âmbito da invenção e das leis que esta própria invenção estabelece para se configurar e se sustentar. Em suma, pensar uma poética rousseauniana corresponde a contemplar o espaço da gênese profunda de seus textos, levando não apenas à sua arte literária, mas também ao seu ato de escrita como um todo.
Em função do que foi exposto, este minicurso proporá uma introdução à poética de Jean-Jacques Rousseau, buscando desvelar aspectos de sua escrita que sejam significativos e modelares no que diz respeito ao seu processo de invenção textual. Utilizando para tanto não apenas seus textos literários, mas mesmo obras de natureza filosófica ou científica em geral, esta introdução destacará, também, de que maneira o “como” da escrita de Rousseau é de fundamental importância para seu “o que”, propiciando uma visão da conjunção orgânica entre a forma e o conteúdo de seu discurso. Assim, por meio de uma abordagem poética que problematize sua escrita, abrir-se-á espaço para uma reflexão mais profunda a respeito da própria recepção da obra rousseauniana, considerando-se tanto sua leitura quanto sua tradução, sobretudo no contexto da esfera acadêmica e editorial do Brasil. O resultado de semelhante perspectiva será um Rousseau mais severo e exigente com relação a seus leitores e estudiosos, porém, igualmente mais instigante.
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