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SOBRE A LOGO
A logomarca da VI EBRARQ foi realizada pelo Prof. Eduardo Inocenti Jussiane com base na fotografia (a seguir) de uma icônica pintura rupestre do Paraná.
No abrigo São José da Lagoa 2, no município paranaense de Piraí do Sul, existe um painel complexo em diferentes tons de vermelho, com 0,5x 0,7m, completamente diferenciado dos já documentados no sul do Brasil, com mais de cem figuras humanas, em movimento, envolvidas por três grandes semicírculos, e que pode estar relacionado a outros abrigos próximos com desenhos geométricos e figuras humanas associadas. O painel parece representar um mito Jê.
O painel maior do abrigo São José da Lagoa, em rochas areníticas, situa-se entre 6 e 7m de altura, sendo que no topo da cena aparecem três seres fantásticos, animais humanizados, com dois dançando juntos e um terceiro maior com provável chocalho nas mãos. Logo abaixo está uma fileira horizontalizada com 14 figuras humanas estilizadas como se estivessem dançando, com braços para baixo, e na ponta direita mais 8 figuras deitadas ou inclinadas situadas próximas de onde termina uma grande linha diagonal que atravessa parte do painel. Todas as figuras desta fila parecem ter duas pontas grandes na cabeça, representando adornos ou uma transformação mítica. Abaixo desta primeira fila está uma figura humana sozinha com os braços para cima, um provável xamã, e numa terceira fileira estão 11 indivíduos também com braços para cima. As figuras humanas das três primeiras fileiras possuem tamanho maior que as das duas fileiras mais baixas. A quarta fileira possui 33 indivíduos representados, e a quinta fileira tem 36 figuras humanas, todos com os braços para cima, e em movimento.
Todas as figuras são chapadas, menos as duas linhas, dois semicírculos, unidas por traços diagonais cruzados internos criando um desenho assemelhados a uma pele de cobra.
Essas duas linhas sustentam 23 cabeças galhadas de cervídeos masculinos, situadas abaixo da última fileira com figuras humanas. Observando essa parte do painel, da esquerda para a direita, os três primeiros pares de cabeças de cervídeos se olham, as duas cabeças subsequentes olham para a direita, as três posteriores para a esquerda, e as doze últimas para a direita, em direção de onde se encontram a grande linha diagonal com o grande semicírculo mais baixo que possui três fileiras próximas de pontas de tridentes semicirculares, que parecem encerrar um mundo diferenciado num momento mítico.
O abrigo apresenta películas com recristalização de caulinita e calcita sobre parte das pinturas, além de fraturas e escamação, o que dificulta a visualização completa desse painel espetacular. É possível verificar que existem no centro do painel algumas pinturas com linhas e traços, que podem ter sido pintadas em épocas diferenciadas.
Também é importante ressaltar que a conservação do abrigo São José da Lagoa 2, situado em propriedade particular, vem sendo buscada através de ações de educação patrimonial, que incluem a conscientização da comunidade regional, além de estudos para implantação de área de proteção ambiental, já que em locais próximos foram identificados outros sítios rupestres com características diferenciadas.
Para saber mais:
PARELLADA, Claudia Inês. 2015. Arte rupestre no Paraná: novas discussões. Revista Tecnologia e Ambiente, Dossiê IX Reunião da Sociedade de Arqueologia Brasileira / Regional Sul, v. 21, n.1, p.45-69, Criciúma, Santa Catarina.
PARELLADA, Claudia Inês. 2016. Paisagens transformadas: arqueologia de povos Jê no Paraná, sul do Brasil. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, USP, São Paulo, n.27, p.158-167.
Crédito da fotografia: Claudia Inês Parellada - Departamento de Arqueologia - Museu Paranaense
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