"O equipamento tem permitido avaliar os parâmetros cardiovasculares em camundongos", explica a professora Marli Pinge
Pesquisa coordenada pela professora Marli Cardoso Martins Pinge, do Centro de Ciências Biológicas (CCB), mostra que camundongos que apresentam síndrome metabólica, associada à Doença de Chagas, têm alto índice de mortalidade. Trata-se do projeto "Interação da obesidade e Doença de Chagas: estudo sobre o perfil oxidativo, inflamatório e cardiovascular e potencial terapêutico da vitamina C".
O projeto visava estudar a vitamina C, mas muitas informações foram reveladas e elevaram as atividades de pesquisa a outro patamar."Nós descobrimos que, de fato, a associação é letal. A gente entendeu com esse projeto uma mensagem de alerta para a síndrome metabólica. Uma vez presente e o indivíduo estar sujeito a outras patologias, a morte pode ser iminente", explica a professora.
Para caracterizar a síndrome metabólica, é necessária a identificação de pelo menos três fatores. A pesquisa considera a obesidade, a resistência à insulina e a hipertensão. "A partir do momento em que o animal se torna adulto e com todas as características que nós desenvolvemos nesse trabalho, induzimos a infecção pelo Trypanosoma cruzi e avaliamos a fase aguda", explica a professora. Conforme a professora, 100% dos animais obesos morrem até 19 dias do início da infecção. Entre os não obesos, 87,5% sobrevivem acima dos 30 dias.
Os estudos, realizados no Laboratório de Fisiologia e Fisiopatologia Cardiovascular do CCB, contam com a colaboração do professor Waldiceu Verri Junior, também do Departamento de Ciências Patológicas, e do professor Eduardo de Almeida Araújo, do Departamento de Histologia. O projeto tem financiamento da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), agência de fomento vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Com o financiamento, a professora Marli destaca a compra de um equipamento, que possibilitou um sistema de medida indireta de pressão arterial. "O equipamento tem permitido avaliar os parâmetros cardiovasculares em camundongos", diz a professora. "Esse investimento pode ser usado por docentes em outros projetos de pesquisa", acrescenta.
O fisioterapeuta Bruno Lucchetti é formado pela Unoeste de Presidente Prudente e fez mestrado em Patologia Experimental, programa de pós-graduação da UEL. Hoje, é orientado pela professora Marli Pinge, no programa de pós-graduação multicêntrico de Ciências Fisiológicas. "Quando começamos os experimentos, não imaginávamos que a síndrome metabólica poderia agravar tanto a fase aguda da Doença de Chagas".
Lucchetti diz que os resultados têm um alto impacto científico. Ele lembra que a América Latina é uma região endêmica para infecção por Doença de Chagas e os índices de obesidade e de síndrome metabólica aumentam na região. "A comunidade científica e médica deve ficar atenta à essa combinação muito grave", diz o pesquisador. "O próximo passo é procurar uma maneira de amenizar os efeitos da síndrome metabólica na Doença de Chagas".
Ele ressalta que realizar Mestrado e Doutorado na UEL trouxe muito conhecimento e benefícios, tanto para sua carreira profissional quanto para a vida pessoal. "Hoje no meu último ano de Doutorado já consegui emprego como docente. Devo essa oportunidade graças à formação de excelência que tive nesses seis anos fazendo pesquisa na UEL", relata.
Esta matéria foi publicada no Jornal Notícia nº 1.406. Confira a edição completa: