A escrita camp de uma narradora trans no romance do fundo do poço se vê a lua, de Joca Reiners Terronl

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2018v35p70

Palavras-chave:

Literatura brasileira contemporânea, Estética camp, Gênero, Identidade

Resumo

Esse artigo apresenta um exercício de leitura do romance brasileiro contemporâneo Do fundo do poço se vê a lua (2010), do escritor Joca Reiners Terron, a partir do problema configurado pela instalação de uma ambiência camp pela narradora-protagonista, uma transgênero que sonha ser a Cleópatra de Elizabeth Taylor. A hipótese-guia reside na concepção de que, pelo recurso à estética camp, Terron reafirma algumas teses sobre o trabalho do escritor no cenário contemporâneo, o futuro da literatura e a relação com a instância leitora. Do ponto de vista teórico, foram acionadas referências multidisciplinares, tanto da crítica literária quanto da antropologia, da sociologia e da comunicação. Metodologicamente, a opção foi a crítica textual (Bergez 2006). Como resultados, concluímos que o romance foi construído pela categoria camp em associação com outras estéticas, como o kitsch, a paródia, o pastiche, o fake, sempre à luz do artifício, a fim de cumprir o objetivo de Terron, que é questionar o lugar do escritor e da literatura na relação entre estética, narrativa e subjetividades contemporâneas.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Lilian Reichert Coelho, Universidade Federal do Sul da Bahia

Mestre em Estudos Literários pela UNESP-Araraquara. Doutora em Letras da Universidade Federal da Bahia. Professora Adjunta da Universidade Federal do Sul da Bahia, campus Paulo Freire.

Referências

BARTHES, Roland. Crítica e verdade. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Perspectiva, 2007.

BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Trad. Maria João da Costa Pereira. Lisboa: Relógio D’Água, 1991.

BENEDETTI, Marcos Renato. Toda feita – o corpo e o gênero das travestis. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

BERGEZ, Daniel. A crítica temática. Daniel Bergez et al. Métodos críticos para a análise literária. Trad. Olinda Maria Rodrigues Prata. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

BIANCHI, Paula Daniela. Cuerpos travestis em los discursos ficcionales latino-americanos. Orbis Tertius: revista de teoría y crítica literaria (Buenos Aires), vol. 4, n. 15, 2009. Disponível em: https://www.orbistertius.unlp.edu.ar/article/view/OTv14n15a06/pdf_372 Acesso em 02 de outubro de 2018.

BOOTH, Wayne C. Distance et point de vue. R. Bartheset al. Poétique du récit. Paris: Seuil, 1977, pp. 85-112.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e a subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DIAS, Ângela Maria & Paula Glenadel (orgs.). Estéticas da Crueldade. Rio de Janeiro: Atlântica, 2004.

FOIS-BRAGA, Humberto. Projeto Amores Expressos: polêmicas editoriais e a narrativa de viagem nos romances Cordilheira e Do fundo do poço se vê a lua. Litterata – Revista do Centro de Estudos Hélio Simões (Ilhéus), v. 5, n. 1, pp. 120-139, 2015. Disponível em: http://periodicos.uesc.br/index.php/litterata/article/view/1009.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir – nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.

JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1987.

LINK, Daniel & María Sandra Arencón Beltrán. Kitsch, camp, boom: Puig e o ser moderno. Revista Eco Pós (Rio de Janeiro), v. 18, n. 3, 2015. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/view/2761.

LOPES, Denilson. Terceiro manifesto Camp. O homem que amava rapazes e outros ensaios. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002, pp. 95-100.

MALINOWSKA, Anna. Bad Romance: Pop and Camp in light of evolutionary confusion. Justyna Stepien. Redefining Kitsch and Camp in Literature and Culture. Newcastle: Cambridge Scholars Publishing, 2014, pp. 9-22.

RICOUER, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Ed. da UNICAMP, 2007.

SARLO, Beatriz. A paixão e a exceção: Borges, Eva Perón, Montoneros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

SODRÉ, Muniz & Raquel Paiva. O império do grotesco. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.

SONTAG, Susan. Camp – algumas notas. Contra a interpretação e outros ensaios. Trad. Ana Carolina Capovilla. Porto Alegre: L&PM, 1987, pp. 318-337.

TERRON, Joca Reiners. Do fundo do poço se vê a lua. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

TERRON, Joca Reiners. Sonho interrompido por guilhotina. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006.

TERRON, Joca Reiners. Sorte & Azar. Blog: https://jocareinersterron.wordpress.com/ Acesso em 12 de outubro de 2017.

VILLAÇA, Nízia & Fred Goés. Em nome do corpo. 2.ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2014.

Downloads

Publicado

21-12-2018

Como Citar

COELHO, L. R. A escrita camp de uma narradora trans no romance do fundo do poço se vê a lua, de Joca Reiners Terronl. Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários, [S. l.], v. 35, p. 70–83, 2018. DOI: 10.5433/1678-2054.2018v35p70. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/terraroxa/article/view/31292. Acesso em: 19 abr. 2024.