O perigo da leitura literária: questões para o campo da psicanálise

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0383.2019v40n1p77

Palavras-chave:

Psicanálise, Literatura, Leitura, Sublimação, Metapsicologia.

Resumo

Partindo de um cenário composto por ilustrações sobre o perigo da leitura no campo do imaginário social, este artigo, que se insere na interface entre a psicanálise e a literatura, pretende destacar questões sobre os efeitos da leitura literária. De natureza teórica, o presente trabalho apoia-se em considerações da crítica literária, por um lado, e, na metapsicologia freudiana, por outro. No campo da crítica literária, autores como Jauss e Iser, que enfatizam a recepção estética e os efeitos do texto, sustentam a nossa hipótese de que a obra literária convoca o leitor para uma participação criativa durante a leitura. No campo da psicanálise, Freud ampara a nossa suposição de que o efeito estético também pode ser pensado a partir da problemática da sublimação. Considerando a implicação da sublimação a partir de consequências benfazejas e iatrogênicas da criação literária, questionamos se a leitura serviria como remédio ou veneno para o leitor.

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Biografia do Autor

Debora Ferreira Leite de Moraes, Universidade de Brasília (UnB)

Psicóloga. Doutora pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora-colaboradora da pós-graduação em Clínica e Cultura da Universidade de Brasília (UnB).

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Publicado

15.05.2019

Como Citar

MORAES, D. F. L. de. O perigo da leitura literária: questões para o campo da psicanálise. Semina: Ciências Sociais e Humanas, [S. l.], v. 40, n. 1, p. 77–88, 2019. DOI: 10.5433/1679-0383.2019v40n1p77. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/35242. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê