Formação na clínica: uma experiência inicial com crianças e famílias orientada pela Psicanálise

Autores

  • Maria Ângela Fávero-Nunes Universidade Paulista - Unip

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0383.2019v40n1p63

Palavras-chave:

Criança, Famílias, Formação profissional, Psicanálise, Psicologia clínica.

Resumo

A complexidade dos problemas atuais tem impulsionado um constante aprimoramento da formação clínica do estagiário de Psicologia que atende às diversas demandas do sujeito contemporâneo. O presente estudo teórico-clínico pretendeu refletir sobre a formação da atitude clínica do aluno de Psicologia a partir de uma experiência inicial de atendimento grupal a crianças e pais, em modalidade de avaliação/intervenção orientada pela Psicanálise. Utilizou-se material clínico das transcrições, observações e supervisões das sessões ocorridas em uma clínica-escola. As queixas iniciais de problemas de aprendizagem e dificuldades na escola puderam ser ampliadas. Uma insegurança foi inicialmente vivida pelos estagiários diante do encontro com as diversidades e familiaridades, com posterior construção de vínculos dentro do grupo e maior envolvimento dos pais nas dificuldades das crianças. As supervisões permitiram a análise de aspectos inconscientes das relações, transferência e contratransferência, considerando a capacidade negativa implicada no atendimento; o supervisor buscou acompanhar os estagiários na metabolização dessa experiência emocional. Eles puderam aprimorar observações, interligar conhecimentos teórico-técnicos com a prática, construir reflexões sobre a postura profissional e a atitude clínica.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Maria Ângela Fávero-Nunes, Universidade Paulista - Unip

Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – IPUSP. Professora Titular da Universidade Paulista - Unip, campus Ribeirão Preto.

Referências

AGUIRRE, A. M. B. et al. A formação da atitude clínica no estagiário de psicologia. Psicologia USP, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 49-62, 2000.

BARBIERI, V. O psicodiagnóstico interventivo psicanalítico na pesquisa acadêmica: fundamentos teóricos, científicos e éticos. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 59, n. 131, p. 209-222, 2009.

BION, W. R. Attention and Interpretation. London: H. Karnac, 1993.

BION, W. R. Experiências com grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupos. Rio de Janeiro: Imago; São Paulo: Edusp, 1975.

BION, W. R. Seminários na Clínica Tavistock. São Paulo: Blucher, 2017.

CHUSTER, A. O objetivo psicanalítico: fundamentos de uma mudança de paradigma na psicanálise. Porto Alegre: Ed. do Autor, 2011.

DAHER, A. C. B.; ORTOLAN, M. L. M.; BONAFÉ SEI, M.; VICTRIO, K. C. Plantão psicológico a partir de uma escuta psicanalítica. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 38, n. 2, p. 147-158, 2017.

DIAS, V. L. L.; VIVIAN, A. G. Bion e uma mudança de paradigma na psicanálise. Aletheia, Canoas, n. 35-36, p. 206-210, 2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141303942011000200017&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 7 out. 2018.

FAVERO-NUNES, M. A.; GOMES, I. C. Transtorno autístico e a consulta terapêutica dos pais. Psico, Porto Alegre, v. 40, n. 3, p. 346-353, 2009.

FREUD, S. As perspectivas futuras da terapia psicanalítica. In: FREUD, S. Obras psicológicas completas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 287-301.

GUIMARÃES, G.; FANTINI, M. N. A. Movimentos transferenciais no psicodiagnóstico interventivo. In ANCONA-LOPEZ, S. (org.) Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. São Paulo: Cortez, 2013. p. 23-44.

IANKILEVICH, E. Planejamento em psicoterapia de orientação analítica. In: EIZIRIK, C. L.; AGUIAR, R. W.; SCHESTATSKY, S. S. (org.). Psicoterapia de orientação analítica: fundamentos teóricos e clínicos. São Paulo: Artmed, 2015. p. 194-211.

JUNG, S. I.; FILLIPPON, A. P. M.; NUNES, M. L. T.; EIZIRIK, C. L. História recente e perspectivas atuais da pesquisa de resultados em psicoterapia psicanalítica de longa duração. Revista de Psiquiatria, Rio Grande do Sul, v. 28, n. 3, p. 298-312, 2006.

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário de psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

MARCELLI, D.; COHEN, D. Infância e psicopatologia. Porto Alegre: Artmed, 2010.

MOURA, R. F. T.; ANCONA-LOPEZ, S. Desafios no psicodiagnóstico infantil. In: ANCONA-LOPEZ, S. (org.). Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. São Paulo: Cortez, 2013. v. 1, p. 226-239.

OSTI, N. M.; BONAFE SEI, M. A importância da família na clínica infantil: um ensaio teórico-clínico. Temas em psicologia, Ribeirão Preto, v. 24, n. 1, p. 145-157, 2016. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2016000100007&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 2 maio 2017.

PINA, A. C. F. P. A importância da capacidade negativa para a busca da verdade: considerações a partir de Bion. 2018. Monografia (Especialização) - Faculdade de Tecnologias, Ciências e Educação, Instituto de Estudos Psicanalíticos, Ribeirão Preto, 2018.

RIBEIRO, D. P. S. A.; TACHIBANA, M.; AIELLO-VAISBERG, T. M. J. A experiência emocional do estudante de psicologia frente à primeira entrevista clínica. Aletheia, Canoas, n. 28, p. 135-145, 2008. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942008000200011&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 9 ago. 2018.

ROUDINESCO, E. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

ROUDINESCO, E. Pourquoi la psychanalyse? Paris: Champs Essais, 1999.

SEI, M. B.; PAIVA, M. L. S. C. Grupo de supervisão em Psicologia e a função de holding do supervisor. Psicologia Ensino & Formação, Brasília, v. 2, n. 1, p. 9-20, 2011. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-20612011000100002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 ago. 2018.

TOSTA, R. M. Consultas terapéuticas: fenómenos curativos y salud. Revista Latino-Americana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 762-775, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142017000400762&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 6 ago. 2018.

SAFRA, G. O uso do material clínico na pesquisa psicanalítica. In: SILVA, M. E. L. (org.). Investigação e psicanálise, São Paulo: Papirus, 1993. p. 119-132.

WINNICOTT, D. W. A capacidade para estar só. In: WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 31-37.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

WINNICOTT, D. W.; TAFURI, M. I.;VIANA, T. C.; LAZZARINI, E. R. Sobre o conceito de contratransferência em Freud, Ferenczi e Heimann. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 179-195, 2013.

ZIMERMAN, D. E. Bion: da teoria à prática. Porto Alegre: Artmed, 2005.

ZIMERMAN, D. E. Psicoterapia analítica de grupo. In: ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 1999. p. 437-450.

Downloads

Publicado

15.05.2019

Como Citar

FÁVERO-NUNES, M. Ângela. Formação na clínica: uma experiência inicial com crianças e famílias orientada pela Psicanálise. Semina: Ciências Sociais e Humanas, [S. l.], v. 40, n. 1, p. 63–76, 2019. DOI: 10.5433/1679-0383.2019v40n1p63. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/34423. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê