Levantamento sobre os tipos de nidificação de abelhas africanizadas em áreas urbanas do semiárido e racionalização da captura de enxames em prol da comunidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n6p2779

Palavras-chave:

Prevenção a acidentes, Apis mellifera L., Nidificação, Captura de enxames em zona urbana.

Resumo

As abelhas africanizadas (Apis mellifera L.) são insetos prolíferos, apresentam enorme capacidade adaptativa e possuem rápida propagação em condições tropicais, no entanto, devido ao seu forte instinto defensivo, podem causar transtornos nas cidades pelo risco de ataques contra pessoas e animais. Diante disso, este trabalho teve como objetivo, avaliar características das nidificações das abelhas africanizadas em Mossoró-RN, podendo gerar informações relevantes para dar suporte a ações de controle populacional destes insetos e de prevenção à acidentes em áreas urbanas, de cidades no Semiárido Brasileiro. Esta pesquisa foi realizada durante o período de abril de 2015 a março de 2018. A partir de 487 ocorrências registradas, diversas informações foram coletadas sobre os enxames: data, estrutura do local onde as abelhas estavam alojadas, ocorrência de nidificação, tamanho populacional do enxame, defensividade das abelhas e presença de rainha e zangões. Os enxames investiram em reprodução durante o ano inteiro, contudo, a criação de rainhas e de zangões foi intensificada na estação chuvosa (jan-jun), enquanto o pico de enxameação ocorreu somente entre abril e setembro, época em que há maior disponibilidade de flores na região e quando a média de temperatura ambiental está amena. Os enxames foram generalistas quanto ao local de nidificação, pois ocuparam estruturas diversificadas como pneus, troncos de árvore, baldes, caixas de esgoto e de papelão, entre muitos outros. A maioria dos enxames foram encontrados em locais abertos (enxame exposto). As abelhas africanizadas apresentam maior grau de exigência quando procuram sítio para construção do ninho, ao invés de local provisório apenas para pouso e descanso. Os enxames foram geralmente pequenos (até 20 mil abelhas) e pouco defensivos, fato que facilitou o resgate de abelhas em áreas urbanas populosas.

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Biografia do Autor

Ricardo Gonçalves Santos, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Dr., Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

Dayson Castilhos, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Pós-Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

Leandro Alves da Silva, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

M.e, Programa de Pós-Graduação em Produção Animal, UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

Daiana da Silva Sombra, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará

Drª, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará, EMATER, CE, Russas, CE, Brasil.

Herica Girlane Tertulino Domingos, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Pós-Doutorado, Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional, Centro de Ciências Agrárias, UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

Kátia Peres Gramacho, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Profª Drª, Apicultura, Centro de Ciências Agrárias, UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

Lionel Segui Gonçalves, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Prof. Dr., Visitante, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

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Publicado

2020-09-19

Como Citar

Santos, R. G., Castilhos, D., Silva, L. A. da, Sombra, D. da S., Domingos, H. G. T., Gramacho, K. P., & Gonçalves, L. S. (2020). Levantamento sobre os tipos de nidificação de abelhas africanizadas em áreas urbanas do semiárido e racionalização da captura de enxames em prol da comunidade. Semina: Ciências Agrárias, 41(6), 2779–2792. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n6p2779

Edição

Seção

Artigos