Estado, capital e trabalho: a flexibilização do direito do trabalho no Brasil na década de 90

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2011v16n1p107

Palavras-chave:

Estados nacionais, Oligopólios transnacionais, Trabalho, Flexibilização

Resumo

O objetivo deste texto é analisar, tendo como base alterações efetuadas no campo do Direito do Trabalho no Brasil nos anos de 1990, como o governo federal brasileiro, alterando a regulamentação jurídica sobre as formas de contratação e de uso da força de trabalho, colaborou diretamente para o avanço no país de formas de organização flexível do trabalho, oriundas de adaptações do chamado sistema toyotista. Através de um levantamento da literatura sobre o assunto e tomando o caso brasileiro como exemplo concreto, nosso intuito é contribuir para uma reflexão acerca dos papéis exercidos pelos Estados nacionais diante da emergência de oligopólios transnacionais privados e suas estratégias de exploração do trabalho em países periféricos, no contexto de uma economia capitalista globalizada.

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Biografia do Autor

Geraldo Augusto Pinto, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

Doutor em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR.

Carolina Spack Kemmelmeier, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

Doutora em Direito pela Universidade de São Paulo - USP. Professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE.

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Publicado

2011-03-13

Como Citar

PINTO, G. A.; KEMMELMEIER, C. S. Estado, capital e trabalho: a flexibilização do direito do trabalho no Brasil na década de 90. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 16, n. 1, p. 107–123, 2011. DOI: 10.5433/2176-6665.2011v16n1p107. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/7884. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê