Precarização do trabalho e processo produtivo do cuidado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2011v16n1p142

Palavras-chave:

Política de saúde, Força de trabalho, Precarização, Processo de trabalho

Resumo

Apesar de suas especificidades, o setor saúde também sofre influências neoliberais que provocam efeitos no mundo do trabalho. Este artigo retrata as conseqüências negativas da precarização sobre o processo de produção de cuidado em saúde, a partir da análise de uma Unidade de Saúde cuja maioria da equipe é terceirizada. Por meio dos relatos obtidos, pode-se verificar o sentimento de desvalorização expresso pelos trabalhadores, assim como a constatação de que a assistência à saúde da população fica comprometida devido ao ambiente tenso, marcado pela instabilidade do emprego, insatisfação e adoecimento dos trabalhadores. Sugerese o investimento em políticas de enfrentamento da precarização no SUS, visto que ela coloca em risco as diretrizes e princípios desta política pública.

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Biografia do Autor

Helaynne Ximenes Faria, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Mestre em Psicologia Institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES.

Maristela Dalbello-Araujo, Universidade Federal do Espirito Santo - UFES

Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Espirito Santo - UFES. 

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Publicado

2011-03-13

Como Citar

FARIA, H. X.; DALBELLO-ARAUJO, M. Precarização do trabalho e processo produtivo do cuidado. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 16, n. 1, p. 142–156, 2011. DOI: 10.5433/2176-6665.2011v16n1p142. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/7880. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê