A UNASUL e o fechamento do ciclo de lutas contra o capitalismo neoliberal na Bolívia. Sobre o conflito entre o poder executivo e os prefeitos da Eastern Media Luna, 2008.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2019v24n1p48

Palavras-chave:

UNASUR, Bolivia, Constituição da Bolívia, Conflito Social

Resumo

Propomos descrever e interpretar as ações da UNASUL em torno do conflito desenvolvido em 2008 entre os prefeitos da Lua Média do Oriente e o Poder Executivo Nacional da Bolívia. Ressaltaremos que as ações da UNASUL tenderam a afirmar a paz e a estabilidade institucional na Bolívia, retrocedendo e confirmando a correlação de forças anunciada com a ascensão de Evo Morales ao governo nacional. Sustentaremos que essa intervenção da UNASUL foi um marco constitutivo de seu surgimento, embora previamente anunciado em sua agenda e estrutura organizacional. Dessa forma, mostraremos que a UNASUL funcionou como suporte do poder estatal para disciplinar a burguesia insurgente. Para demonstrá-lo, primeiramente, descreveremos os acontecimentos ocorridos na Bolívia durante o ano de 2008. Indicaremos que eles foram montados no ciclo de lutas contra as formas capitalistas neoliberais, que persistiram sob a modalidade da disputa pela sanção da nova Constituição em que buscou-se cristalizar os novos equilíbrios entre as forças sociais consagrados na ascensão de Evo Morales ao Poder Executivo. Por fim, descreveremos as ações da UNASUL que permitiram a resolução do conflito e apontaremos as formas pelas quais ela auxiliou na recomposição do poder do Estado após o ciclo de lutas contra o capitalismo neoliberal. Nesse sentido, indicaremos que operou como suporte do poder estatal visando disciplinar a burguesia insurgente. Para isso observaremos que a UNASUL anulou os insurgentes como interlocutores válidos e tendia a mostrar sua culpa.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Rodrigo Federico Pascual, Universidad Nacional de Tierra del Fuego - UNTDF

Doutor em Ciências Políticas pela Universidad de Buenos Aires - UBA. Professor da Universidad Nacional de Tierra del Fuego - UNTDF.

Sabrina Lobato, Universidad Nacional de Tierra del Fuego - UNTDF

Graduado em Ciência Política pela Universidad de Buenos Aires - UBA. Professor da Universidad Nacional de Tierra del Fuego - UNTDF.

Referências

ALBÓ, Xavier. Movimiento y poder indígena en Bolivia, Ecuador y Perú. In: CALDERÓN, Fernando (org.). Movimientos socioculturales en América Latina. Villa Balleste: Siglo XXI: PNUD, 2009.

BOLÍVIA. Decreto Supremo 21060, de 29 de Agosto de 1985. Que la Constitución Política del Estado, en sus artículos 96, inciso 1º, 99 y 143, confiere al Poder Ejecutivo facultad para definir y dirigir la política económica, mediante Decretos y Reglamentos que deben contemplar la objetiva situación económica del Estado y corregir sus distorsiones. La Paz: Palacio de Gobierno, 1985.

BOLÍVIA. Ministerio de Planificación y Del Desarrollo. Estados de cuenta consolidados. Disponível em: http://www.planificacion.gob.bo/uploads/financiera/estados_cuenta_consolidados_al_31_12_2013.pdf. Acesso em: 20 maio 2014.

DO ALTO, Hervé; STEFANONI, Pablo. El MAS: las ambivalencias de la democracia corporativa. In: GARCÍA ORELLANA, Luis Alberto; GARCÍA YAPUR, Fernando Luis (coord.). Mutaciones del campo político en Bolivia. La Paz: PNUD-Bolivia, 2010.

DUNKERLEY, James. Rebelión en las venas. La lucha política en Bolivia 1952-1982. La Paz: Plural Editores, 2003.

FABRICANT, Nicole; GUSTAFSON, Bret. Moving beyond the extractivism debate, Imagining new social economies. 2015. Disponível em: https://nacla.org/article/moving-beyond-extractivism-debate-imagining-new-social-economies. Acesso em: 02 dez. 2018.

FREITAS, Caroline Cotta de Melo. Entre wiphalas, polleras e ponchos: embates entre os discursos de CONAMAQ, do estado plurinacional da Bolívia e do direito internacional. 2012. Tese (Doutorado em Antropologia). Faculdade de Filosofia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

GARCÉS, Fernando. Los indígenas y su estado (pluri)nacional: uma mirada al processo constituynte boliviano. Cochabamba: Jaina: Clacso: UMSS, 2013.

GARCÍA LINERA, Álvaro. Indianismo e marxismo: o desencontro de duas razões revolucionárias. Cadernos de América Latina: Encarte Clacso, n. 2, p.1-5, 2008a.

GARCÍA LINERA, Álvaro (coord.). Sociología de los movimientos sociales en Bolivia: estructuras de movilización, repertorios culturales y acción política. La Paz: Plural Editores, 2008b.

GUTIÉRREZ AGUILAR, Raquel. Los ritmos del Pachakuti. La Paz: Textos Rebeldes, 2008.

HYLTON, Forrest; THOMSON, Sinclair. The chequered rainbow. New Left Review, n. 35, p. 41-64, 2005.

IAMAMOTO, Sue Angelica Serra. O nacionalismo boliviano em tempos de plurinacionalidade: revoltas antineoliberais e constituinte (2000-2009). 2011. Dissertação (Mestrado em Ciência Política). Faculdade de Filosofia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

LEONEL JUNIOR, Gladstone. O novo constitucionalismo latino-americano: um estudo sobre a Bolívia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015.

MAMANI, Pablo. Microgobiernos barriales: levantamiento de la ciudad de El Alto. La Paz: CADES, 2005.

MAS GANÓ em 231alcaldías. Los tiempos, [La Paz], 16 maio 2010. Disponível em: http://www.lostiempos.com/actualidad/nacional/20100516/mas-gano-231-alcaldias. Acesso em: 20 nov. 2018.

MESA agranda su ventaja sobre Morales en eventual balotaje. Página siete: diário nacional independiente, La Paz, 2 dic. 2018. Disponível em: https://www.paginasiete.bo/nacional/ 2018/12/2/mesa-agranda-su-ventaja-sobre-morales-en-eventual-balotaje-201878.html#!. Acesso em: 7 dez. 2018.

MORAES, Renata Albuquerque. Desenvolvimento e vivir bien: o caso do território indígena e Parque Nacional Isidoro Sécure (Bolívia). 2014. Dissertação (Mestrado). Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

OLIVERA, Oscar et al. Nosotros somos la coordinadora. La Paz: Fundación Abril, 2008. Textos rebeldes

PANNAIN, Rafaela Nunes. A crise do Estado boliviano e a autonomia indígena. 2014. Tese (Doutorado em Sociologia). Faculdade de Filosofia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

PANNAIN, Rafaela Nunes. Charagua Iyambae: del fin del silencio guaraní a la construcción de la autonomía sin dueño. In: LÓPEZ, Pavel; GARCÍA GUERRERO, Luciana (org.), Movimientos indígenas y autonomías en América Latina: escenarios de disputas y horizontes de posibilidad. Buenos Aires: Editorial El Colectivo: Clacso, 2018a.

PANNAIN, Rafaela Nunes. La construcción de la autonomía Guaraní Charagua Iyambae: los guaraní frente al estado. Revista Boliviana de Investigación, v. 13, n. 2, La Paz, p. 91-110. dez, 2018b.

RIVERA, Silvia. Luchas campesinas contemporáneas en Bolivia: el movimiento “katarista”, 1970-1980. In: ZAVALETA MERCADO, René (org.). Bolivia Hoy. México: Siglo XXI, 1983. p. 129-168.

SCHAVELZON, Salvador. A assembleia constituinte da Bolívia: etnografia do nascimento de um Estado Plurinacional. 2010. Tese (Doutorado em Antropologia, Museu Nacional). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

STEFANONI, Pablo. El nacionalismo indígena como identidad política: la emergencia del MAS-IPSP (1995-2003). Buenos Aires: CLACSO, 2003. Informe final del concurso: movimientos sociales y nuevos conflictos en América Latina y el Caribe.

STRÖBELE-GREGOR, Juliana. From Indio to Mestizo... to Indio: new indianist movements in Bolivia. Latin America Perspectives, Los Angeles, v. 21, n. 2, p. 106-123, 1994.

STRÖBELE-GREGOR, Juliana. Culture and political practice of the Aymara and Quechua in Bolivia. Latin America Perspectives, Los Angeles, v. 23, n. 2, p. 72-90, 1996.

SVAMPA, Maristella. Consenso de los Commodities y lenguajes de valoración en América Latina. Nueva Sociedad, Buenos Aires, n. 244, mar./abr., p. 30-46, 2013.

TAPIA, Luis. La cuarta derrota del neoliberalismo en Bolivia. Observatorio Social de América Latina (OSAL), n. 17, ano 6, p. 153-158, mayo/ago., 2005.

TAPIA, Luis. El estado en condiciones de abigarramiento. In: GARCÍA LINERA, Álvaro et al. (org.). Estado como campo de lucha. La Paz: CLACSO: Comuna: Muella del Diablo, 2010. p. 97-122.

TAPIA, Luis; LÓPEZ FLORES, Pavel Camilo. ¿Descolonización o neo-colonización del territorio en Bolivia? la defensa de la territorialidad indígena en tierras bajas frente a la recreación neo-extractivista del colonialismo interno. In: PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter, HOCSMAN, Luis Daniel (org.). Despojos y reisistencias en América Latina/Abya Yala. Buenos Aires: Estudios sociológicos editora, 2016. p. 77-106.

URQUIDI, Vivian. Movimento cocaleiro na Bolívia. São Paulo: Editora Hucitec, 2007.

VAN COTT, Donna Lee. From exclusion to inclusion: Bolivia’s 2002 elections. Journal of Latin American Studies, UK, v. 35, n. 4, p.751-775, 2003.

WEBBER, Jeffrey. Carlos Mesa, Evo Morales, and a Divided Bolivia (2003- 2005). Latin American Perspectives, Riverside, CA, v. 37, n. 3, p. 51-70, 2010.

Publicado

2019-05-10

Como Citar

PASCUAL, R. F.; LOBATO, S. A UNASUL e o fechamento do ciclo de lutas contra o capitalismo neoliberal na Bolívia. Sobre o conflito entre o poder executivo e os prefeitos da Eastern Media Luna, 2008. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 24, n. 1, p. 48–73, 2019. DOI: 10.5433/2176-6665.2019v24n1p48. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/35482. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê