As crianças e as linhas de transmissão em São Luís: perspectivas metodológicas de uma pesquisa sobre representações infantis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2019v24n2p307

Palavras-chave:

Crianças, Linhas de transmissão, Metodologia, Representações, Protagonismo infantil

Resumo

Este artigo revisita a pesquisa realizada sobre a presença de comunidades em faixas de servidão de linhas de transmissão da Eletronorte em São Luís, para refletir sobre perspectivas metodológicas na pesquisa sobre representações infantis. Embora as crianças não tenham sido consideradas no projeto inicial - cujo objetivo era analisar as representações e relações que as comunidades rurais de São Luís estabeleciam com os equipamentos da Eletronorte, - fui surpreendida pelo protagonismo infantil. Logo, considerar as crianças em campo tornou-se fundamental para dar conta dos objetivos da pesquisa em sua totalidade, sendo esta a discussão realizada neste artigo. Além de uma análise metodológica, verificamos as representações das crianças sobre os equipamentos, a empresa e a faixa de servidão, e identificamos as ações infantis respaldadas nessas representações através de técnicas como conversas informais e desenhos elaborados pelas crianças compondo, assim, uma etnografia. Logo, embora a pesquisa não se defina como uma pesquisa com ou sobre crianças especificamente, através deste recorte analítico, demonstramos a importância de tomar as crianças como sujeitos de pesquisa como qualquer outra variável em campo – homens, mulheres, idosos – sob pena de não compreendermos completamente uma dada realidade.

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Biografia do Autor

Emilene Leite Sousa, Universidade Federal do Maranhão - UFMA

Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Professora da Universidade Federal do Maranhão - UFMA.

Referências

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Publicado

2019-08-12

Como Citar

SOUSA, E. L. As crianças e as linhas de transmissão em São Luís: perspectivas metodológicas de uma pesquisa sobre representações infantis. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 24, n. 2, p. 307–335, 2019. DOI: 10.5433/2176-6665.2019v24n2p307. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/35291. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos