A filologia vivente de A. Gramsci

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2019v24n1p209

Palavras-chave:

Metodologia, História do Pensamento Político, Antonio Gramsci, Teoria Política

Resumo

Embora não fosse um metodólogo stricto sensu, tendo mesmo criticado a formulação de um método padrão, Antonio Gramsci propôs questões relevantes para o estudo da teoria política. É possível traçar paralelos entre suas formulações e o debate do contextualismo linguístico dos anos 1960 animado pelas contribuições de Q. Skinner. Estou me referindo à abordagem das relações entre texto e contexto, desenvolvida por contextualistas em oposição à escola textualista de análise. Neste artigo pretendo argumentar que Gramsci pode ser aproximado desta tendência no que diz respeito à abordagem histórica dos textos políticos e na atenção ao estudo filológico. No entanto, foi com a formulação da relação entre história e política que procurou superar a perspectiva abstrata e puramente hermenêutica do estudo dos textos, considerando que toda obra do pensamento político é política e, nesta chave, também deve ser entendida a recepção e uso de textos nos diferentes contextos em que são lidos e interpretados. Isso o conduz a explorar o texto considerando as disputas e conflitos políticos nos quais ele é mobilizado, assim como permitiu-lhe tratar das obras de criação individual e dos intelectuais como parte do aparato de hegemonia, capazes de delinear ou conformar contextos linguísticos determinados e segundo uma “direção” preestabelecida.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Sabrina Areco, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul -UEMS

Doutora em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS.

Referências

BARATTA, Giorgio. As rosas e os cadernos: o pensamento dialógico de Antonio Gramsci. Rio de Janeiro, RJ: DP&A, 2004.

BIANCHI, Alvaro. O laboratório de Gramsci: filosofia, história e política. São Paulo: Alameda, 2008.

BRANDIST, Craig. The cultural and linguistic dimensions of hegemony: aspects of Gramsci’s debt to early Soviet cultural policy. Journal of Romance Studies, v. 12, n. 3, p. 24-43, 2012.

BRANDIST, Craig. The dimensions of hegemony: language, culture and politics in revolutionary Russia. Leiden: Brill, 2015.

CARLUCCI, Alessandro. Gramsci and languages. Leiden: Brill, 2013.

COSTANZA, Orlandi. La riflessione linguistica nei Quaderni del carcere. Lares, v. 73, n.1, p. 55-87, 2007.

COUTINHO, Carlos Nelson; GRAMSCI, Antonio. (org.). Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. v. 1.

FEMIA, Joseph V. An historicist critique of "revisionist" methods for studying the history of ideas. In: TULLY, James. Meaning and context: Quentin Skinner and his critics. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1988, p. 113-134.

FEMIA, Joseph V. Gramsci's political thought: hegemony, consciousness, and the revolutionary process. New York: Clarendon Press: Oxford University Press, 1981.

FRANCIONI, Gianni. L’officina gramsciana. Ipotesi sulla struttura dei Quaderni del carcere. Napoli: Bibliopolis, 1984.

GENSINI, Stefano. Linguistics and the political question of language. In: IVES, Peter. ROCCO. Lacorte (ed.) Gramsci, language and translation. United Kingdom: Lexington Books, 2010, p. 63-79.

GRAMSCI, Antonio. Quaderni del carcere. Edizione critica dell’Istituto Gramsci. A cura di Valentino Gerratana. Turim: Giulio Einaudi, 1977.

KOSELLECK, Reinhart. Futures past: on the semantics of historical time. Cambridge, Mass.: The MIT Press, 1985.

KOSELLECK, Reinhart. The practice of conceptual history: timing history, spacing concepts. Stanford: Stanford University Press, 2002.

LO PIPARO, Franco. The linguistic roots of Gramsci’s non-marxism. In: IVES, Peter. ROCCO. Lacorte (ed.) Gramsci, language and translation. United Kingdom: Lexington Books, 2010, p. 19-28.

RAPONE, Leonardo. O jovem Gramsci: cinco anos que parecem séculos. 1914-1919. Rio de Janeiro: Contraponto; Brasília: Fundação Astrogildo Pereira, 2014.

ROSIELO, Luigi. Linguistics and Marxism in the thought of Antonio Gramsci. In: In: IVES, Peter. ROCCO. Lacorte (ed.) Gramsci, language and translation. United Kingdom: Lexington Books, 2010, p. 29-49.

SCHIRRU, Giancarlo. La categoria di egemonia e il pensiero linguistico di Antonio Gramsci. In: D’ORSI, Angelo; CHIAROTTO, Francesca (org.). Egemonie. Napoli: Edizioni Dante & Descartes, 2008.

SCHIRRU, Giancarlo. L’hégémonie de Gramsci entre la sphère politique et la sphère symbolique, Mélanges de l’École française de Rome - Italie et Méditerranée modernes et contemporaines. 2016. Online. Disponível em: http://journals.openedition.org/mefrim/2967. Acesso em: 10 dez. 2017.

SILVA, Ricardo. O contextualismo linguístico na história do pensamento político: Quentin Skinner e o debate metodológico contemporâneo. Dados, 2010, v. 53, n. 2, p. 299-335 .

SKINNER, Quentin. Meaning and Understanding in the History of Ideas. In: TULLY, James. Meaning and context: Quentin Skinner and his critics. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1988, p. 3-53.

WOOD, Neal. The social history of political theory. Political Theory, v. 6, n. 3, p. 345-367, 1978.

Downloads

Publicado

2019-05-10

Como Citar

ARECO, S. A filologia vivente de A. Gramsci. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 24, n. 1, p. 209–227, 2019. DOI: 10.5433/2176-6665.2019v24n1p209. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/32810. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos