Remoções, dispersões, e reconfigurações étnico-territoriais entre os Pataxó Hãhãhãi

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2017v22n2p99

Palavras-chave:

Pataxó Hãhãhãi, Sul da Bahia, Dispersões, SPI

Resumo

Na Bahia, no início do século XX, nas matas do sul e extremo-sul, persistiam pequenos grupos indígenas com pouco ou nenhum contato, notadamente, nas bacias dos rios. Segundo relatórios do órgão indigenista oficial, esses grupos estavam ameaçados por doenças, invasões, maus-tratos, fragilidades culturais, devido à expansão da lavoura cacaueira e, sobretudo, à corrupção no próprio Serviço de Proteção aos Índios. O objetivo deste artigo é apresentar o contexto das violentas remoções e dispersões, promovidas pelo Estado e por agentes civis motivados por interesses econômicos, a que foi submetido o povo Pataxó Hãhãhãi. Para tanto, utilizo narrativas encontradas nos documentos produzidos por funcionários do órgão estatal, assim como trechos de entrevistas e relatos biográficos por mim coletados, em que a memória dos indígenas vem à tona.

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Biografia do Autor

Jurema Machado de Andrade Souza, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB

Doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília - UNB. Professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB.

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Publicado

2017-12-31

Como Citar

SOUZA, J. M. de A. Remoções, dispersões, e reconfigurações étnico-territoriais entre os Pataxó Hãhãhãi. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 22, n. 2, p. 99–124, 2017. DOI: 10.5433/2176-6665.2017v22n2p99. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/31644. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê