“Era eu dizendo uma coisa e todo mundo dizendo outra”: a constituição de vítima de “abuso sexual infantojuvenil” na justiça criminal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2016v21n1p82

Palavras-chave:

Vítima, Abuso sexual infantojuvenil, Justiça criminal, Crime

Resumo

O artigo analisa a constituição da vítima de “abuso sexual infantojuvenil” no Sistema de Justiça Criminal de Fortaleza. Para uma pessoa ser reconhecida como vítima de “abuso sexual infantojuvenil”, faz-se necessário mais do que uma situação sexual imposta por adultos. É preciso formar um dossiê capaz de convencer o juiz de direito de que houve um acontecimento com as características tipificadas no Código Penal brasileiro. É na constituição de um crime que uma vítima acontece. Entretanto, nem sempre são encontrados os elementos esperados pela justiça criminal, o que pode gerar descrença na justiça e arrependimento da denúncia. Na pesquisa, foram realizadas entrevistas em cinco instituições públicas da cidade.

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Biografia do Autor

Irlena Maria Malheiros da Costa, Universidade Federal do Ceará - UFC

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. Professora da Universidade Federal do Ceará - UFC.

Marcelle Jacinto da Silva, Universidade Federal do Ceará - UFC

Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Professora da Universidade Federal do Ceará - UFC.

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Publicado

2016-06-19

Como Citar

COSTA, I. M. M. da; SILVA, M. J. da. “Era eu dizendo uma coisa e todo mundo dizendo outra”: a constituição de vítima de “abuso sexual infantojuvenil” na justiça criminal. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 21, n. 1, p. 82–102, 2016. DOI: 10.5433/2176-6665.2016v21n1p82. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/24642. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê