Deliberando sobre a interseccionalidade: as conferências das mulheres de Recife

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v20n2p208

Palavras-chave:

Deliberação, Mulheres, Interseccionalidade, Brasil

Resumo

Em que condições a deliberação assegura a inclusão de grupos sociais marginalizados? Segundo a crítica feminista das teorias deliberativas, essas podem reproduzir as desigualdades políticas quando não levam em consideração as assimetrias de poder entre grupos sociais. Por esta razão, algumas autoras defendem o reconhecimento explícito das minorias nos dispositivos deliberativos. Este artigo tem por objetivo analisar a dinâmica da deliberação quando reúne um grupo tradicionalmente sub representado e caracterizado pela sua diversidade, ou seja as mulheres. Baseado no estudo das conferências das mulheres de Recife, mostra que a combinação entre a política do reconhecimento e a deliberação leva tanto à integração quanto à marginalização de algumas mulheres, dependendo dos recursos que elas têm para defender suas “perspectivas”.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Maria-Hélène Sa Vilas Boas, University of French Guyana - UGF

Doutora em Ciência Política pela IEP d’Aix-en-Provence, University of French Guyana.

Referências

ALMEIDA, Heloisa Buarque. Classe média para a indústria cultural. Psicologia USP, São Paulo, v. 26, n. 1, p.27-36, 2015.

ALMEIDA, Heloisa Buarque. Consumidoras e heroínas: gênero na telenovela. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 15, n. 1, p.177-192, jan. 2007.

ALVAREZ, Sonia. Engendering democracy in Brazil: women’s movements in transition politics. Princeton: Princeton University Press, 1990.

AVELINO, Mario. Quadro do emprego doméstico brasileiro. Instituto Doméstica Legal, 09 de jan. 2015. Disponível em: http://www.domesticalegal.org.br/peticao/Quadro%20Emprego%20Dom%C3%A9stico%20Brasileiro.pdf, acesso em: 03/nov/2015.

BARROS, Carla. Trocas, hierarquias e mediação: as dimensões culturais do consumo em um grupo de empregadas domésticas. 2007. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

BONETTI, Alinne de Lima. Não basta ser mulher, tem de ter coragem: uma etnografia sobre gênero, poder, ativismo feminista popular e o campo político feminista de Recife-PE. 2007. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007a.

BONETTI, Alinne de Lima. Para além da maternidade militante: mulheres de base e os ativismos. Cadernos do LEPAARQ, Pelotas, v. 4, n. 7-8, p. 81-102, dez. 2007b.

BOURDIEU, Pierre. A Distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp, 2007.

BRAH, Avtar. Diferença, diversidade e diferenciação. Cadernos Pagu, Campinas, n. 26, p. 329-376, 2006.

BRANDT, Maria Elisa Almeida. Minha área é a casa de família: o emprego doméstico na cidade de São Paulo. 2003. Tese(Doutorado em Sociologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

BRITES, Jurema. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, Campinas, n. 29, p.91-109, 2007.

BRITES, Jurema. Trabalho doméstico: questões, leituras e políticas. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 149, p.422-451, maio- ago. 2013.

BRITES, Jurema; PICANÇO, Felícia. O emprego doméstico no Brasil em números, tensões e contradições: alguns achados de pesquisas. Revista Latino-americana de estudos do trabalho, v 19, n. 31, p. 131-158, 2014.

BRUSCHINI, Cristina; LOMBARDI, Maria Rosa. A bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.110, p.67-104, 2000.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Mujeres, cotidiano e política. In: JELIN, Elisabeth (Org.). Participación, cuidadanía e identidad: las mujeres en los movimientos sociales latino-americanos. Genève: UNSRID, 1987. p. 75-128.

CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 117-132, 2003.

CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. Hein Online, Chicago, p. 139-167, 1989.

CRENSHAW, Kimberle. Documento para o encontro de especialistas em aspectos de discriminação racial relativos ao gênero. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p.171-188, 2002.

DAGNINO, Evelina. Participation, citizenship and democracy. Perverse confluence and displacement of meanings. In: NEVEU, Catherine (Org.). Cultures et pratiques participatives: perspectives comparées. Paris: L’Harmattan, 2007. p. 353-370.

DIEESE. O Emprego doméstico no Brasil. Estudos e Pesquisas, n. 68, ago. 2013. Disponível em: http://www.dieese.org.br/estudosetorial/2013/estPesq68empregoDomestico.pdf. acesso em: out. 2015.

DOUGLAS, Mary. Pureza e Perigo. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1976.

DOUGLAS, Mary; ISHERWOOD, Baron. O mundo dos bens: para uma antropologia do consumo. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2004.

FRASER, Nancy. Mapping the feminist imagination: from redistribution to recognition to representation. Constellations, Oxford, v. 12, n. 3, p. 295-307, 2005.

HABERMAS, Jürgen. Droit et démocratie: entre faits et normes. Paris: Gallimard,1997.

HASSENTEUFEL, Patrick. Sociologie politique de l’action publique. Paris: Armand Colin, 2011.

MARIANO, Silvana. O sujeito do feminismo e o pós-estruturalismo. Estudos Feministas, Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, p. 483-505, 2005.

MCBRIDE, Cillian. Deliberative democracy and the politics of recognition. Political Studies, Surrey, v. 53, p. 497-515, 2005.

MOLYNEUX, Maxine. Mobilisation sans émancipation ? Participation des femmes, Etat et révolution au Nicaragua (extraits). In: BISILLAT, Jeanne; VERSCHUUR Christine (Org.). Le genre, un outil nécessaire. Genève, Paris: L’Harmattan, 2000. p. 123-131.

MOUCHARD, Daniel. Etre représenté: mobilisations d’«exclus» dans la France des années 1990. Paris: Economica, 2009.

MOUFFE, Chantal. The return of the political. Londres: Verso, 1993.

OLIVEIRA, Suzanne Marques Dantas de. O feminismo e suas diferenças: um estudo sobre o fórum de mulheres de Pernambuco. 2002. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade Federal do Pernambuco, Recife, 2002.

PATEMAN, Carole. Le contrat sexuel. Paris: Editions la découverte, IEC, 2010.

RAWLS, John. Libéralisme politique. Paris: PUF, 2001.

RIBEIRO, Uriella Coelho. As mulheres no orçamento participativo de Belo Horizonte. In: SEMINÁRIO NACIONAL MOVIMENTOS SOCIAIS, PARTICIPAÇÃO E DEMOCRACIA, 2., 2007, Florianópolis. Anais do segundo Seminário Nacional Movimentos Sociais, participação e democracia. Florianópolis: UFSC, 2007.

SA VILAS BOAS, Marie- Hélène. Du quartier à l’État: sociologie des publics des dispositifs participatifs brésiliens. Le cas des conférences municipales des femmes de Recife et de Londrina. 2012. Thesis (Doctor Political Science) - IEP d’Aix em Provence, 2012.

SA VILAS BOAS, Marie-Hélène. L’institutionnalisation partisane: une étude du setorial femmes du PT à São Paulo. Cahiers des Amériques Latines, Paris, n. 48-49, p. 187-202, 2005.

SADER, Eder. Quando novos personagens entrarem em cena: experiências, lutas e falas dos trabalhadores na grande São Paulo (1970-1980). São Paulo: Paz et Terra, 1988.

SARTI, Cynthia. Feminismo no Brasil: uma trajetória particular. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 64, p. 38-47, 1988.

SINTOMER, Yves. Du savoir d’usage au métier de citoyen? Raisons Politiques, Paris,v. 3, n. 31, p. 115-133, 2008.

SKEGGS, Beverley. Formations of class and gender: becoming respectable. London: Sage, 1997.

SWAIN, Tania. Feminismo e lesbianismo: a identidade em questão. Cadernos Pagu, Campinas, v. 12, p. 121-139, 1999.

TILLY, Charles. La France conteste de 1600 à nos jours. Paris: Fayard, 1986.

WITTIG, Monique. La pensée straight. Paris: Balland, 1982.

YOUNG, Iris Marion. Impartiality and the Civic Public : Some Implications of Feminist Critiques of Moral and Political Theory. PRAXIS International, Oxford, n. 3, p. 381-401, 1985.

YOUNG, Iris Marion. Inclusion and democracy. Oxford: Oxford Universiy Press, 2000.

Downloads

Publicado

2015-12-25

Como Citar

SA VILAS BOAS, M.-H. Deliberando sobre a interseccionalidade: as conferências das mulheres de Recife. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 20, n. 2, p. 208–234, 2015. DOI: 10.5433/2176-6665.2015v20n2p208. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/24127. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê