O peso do corpo negro feminino no mercado da saúde: mulheres, profissionais e feministas em suas perspectivas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2017v22n2p394

Palavras-chave:

Saúde, Interseccionalidade, Etnografia, Política

Resumo

O sistema público de saúde brasileiro tem por princípio a igualdade de acesso. No entanto, não são poucas as desigualdades em sua prática. Partindo da premissa de que surgem da hierarquização das diferenças entre os sujeitos, este artigo se dispõe a refletir sobre a importância da interseccionalidade entre raça, classe e gênero quando a temática é a saúde sexual e reprodutiva das brasileiras. Com esse foco, destaca-se como essa articulação analítica pode descortinar processos cotidianos discriminatórios. Para tanto, considera-se a etnografia de dois serviços de saúde de Brasília; entrevistas com gestores de saúde local e federal e a leitura de algumas feministas negras brasileiras e latino-americanas sobre o assunto. Dessa maneira, procura-se compreender como o corpo negro feminino é pensado pelas mulheres assistidas, pelos profissionais de saúde, gestores de políticas públicas e feministas negras.

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Biografia do Autor

Rosamaria Carneiro, Universidade de Brasília - UNB

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Professora da Universidade de Brasília - UNB.

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Publicado

2017-12-31

Como Citar

CARNEIRO, R. O peso do corpo negro feminino no mercado da saúde: mulheres, profissionais e feministas em suas perspectivas. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 22, n. 2, p. 394–424, 2017. DOI: 10.5433/2176-6665.2017v22n2p394. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/23609. Acesso em: 29 mar. 2024.

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Artigos