Rastreando corpos, produzindo sexos: a inserção da hiperplasia adrenal congênita no teste do pezinho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v20n1p130

Palavras-chave:

Intersexualidade, Hiperplasia Adrenal Congênita, Gênero, Ciência

Resumo

O presente artigo busca refletir sobre o modo pelo qual as intersexualidades estão sendo produzidas e manejadas em um contexto em que as novas biotecnologias constituem ferramentas cruciais no processo de remodelação dos corpos e de produção de subjetividades. Para tanto, a partir de uma “etnografia de arquivo”, são analisados artigos científicos nacionais oriundos da área biomédica que abordam a triagem neonatal da Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC), citada na literatura médica como a causa mais recorrente de intersexualidade, e sua inserção no Programa de Triagem Neonatal (Teste do Pezinho) no Brasil. Os resultados até então obtidos apontam para uma série de controvérsias em relação à inserção dessa condição nos programas de triagem, tais como um elevado número de casos “falso-positivos” e o fato de a mesma não representar necessariamente um risco à vida dos sujeitos (um dos critérios importantes para inclusão nas triagens).

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Biografia do Autor

Janaina Freitas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul -UFRGS

Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

Paula Sandrine Machado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

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Publicado

2015-03-14

Como Citar

FREITAS, J.; MACHADO, P. S. Rastreando corpos, produzindo sexos: a inserção da hiperplasia adrenal congênita no teste do pezinho. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 20, n. 1, p. 130–150, 2015. DOI: 10.5433/2176-6665.2015v20n1p130. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/23257. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê