Mulheres e crianças Kaingang da aldeia Icatu/SP: etiquetas de convivialidade

Autores

  • Thais Regina Mantovanelli da Silva Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2014v19n2p164

Palavras-chave:

Convivialidade, Kaingang, Mulheres, Casa

Resumo

O presente artigo propõe discutir as relações entre mulheres Kaingang da aldeia Icatu, no estado de São Paulo, suas crianças e o espaço das casas. O que a etnografia mostra é a primazia de etiquetas de convívio pautadas pela lógica da não visitação entre pessoas de casas distintas. Tal esquema de convivialidade, que também se estende para as relações entre adultos e crianças, permite a não mistificação da imagem de criança indígena como mensageira ou livre de restrições a certos convívios. Mostra ainda que índios no estado de São Paulo formulam criativamente suas ações trazendo questões importantes para o debate da etnologia indígena, muito além das teorias de aculturação e assimilação, ao qual foram associados.

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Biografia do Autor

Thais Regina Mantovanelli da Silva, Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR

Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR.

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Publicado

2014-12-30

Como Citar

SILVA, T. R. M. da. Mulheres e crianças Kaingang da aldeia Icatu/SP: etiquetas de convivialidade. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 19, n. 2, p. 164–184, 2014. DOI: 10.5433/2176-6665.2014v19n2p164. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/20703. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê