Ser católico é ser exclusivista? reflexões e provocações sobre um fenômeno "moderno"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2013v18n1p257

Palavras-chave:

Catolicismo, Eucaristia, Exclusivismo, Doutrinas, Modernidade

Resumo

A Igreja Católica, através do Vaticano ou por meio de vários movimentos de cunho exclusivista, tende, nos últimos anos, a uma afirmação de sua fé de forma mais tradicional, no sentido de resgatar teologias, doutrinas e costumes que a pronunciem com maior vigor diante do campo religioso cada vez mais plural. Este movimento de acentuar doutrinas católicas – às vezes de forma intransigente ou pouco dialogal – representaria um rosto cada vez mais conservador do catolicismo, mostrando a Igreja como a única ou máxima detentora da verdade religiosa. Este artigo pretende refletir sobre tal postura recorrendo às ciências sociais (em sua análise do catolicismo, através de literatura sociológica e antropológica) e, ao final, perguntando se é algo essencial à identidade católica algum tipo de exclusivismo. A conclusão: exclusivismos acabam por manifestar seu paradoxo, o de serem versões na pluralidade de interpretações.

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Biografia do Autor

Rodrigo Portella, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Doutor em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. Profesor da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF.

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Publicado

2013-03-23

Como Citar

PORTELLA, R. Ser católico é ser exclusivista? reflexões e provocações sobre um fenômeno "moderno". Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 18, n. 1, p. 257–270, 2013. DOI: 10.5433/2176-6665.2013v18n1p257. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/16458. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos