O enunciador em um conto de Clarice Lispector

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2020v20n1p241

Palavras-chave:

Variedade linguística, Semiótica. Enunciação, Literatura

Resumo

Objetiva-se mostrar, como um enunciador, falante do português brasileiro, produz um discurso em que se apresenta como falante nativo do português europeu. Pretende responder às seguintes perguntas: a) Por que uma autora falante da variedade brasileira escreve um conto na variedade europeia do português? b) Quais os efeitos de sentido produzidos pelo uso dessa variedade? A fundamentação teórica recai na Semiótica discursiva e na teoria da enunciação. A metodologia consiste na análise do conto Devaneio e embriaguez duma rapariga, de Clarice Lispector. Discursos em que falantes do português brasileiro procuram reproduzir a variedade europeia do português costumam se valer de procedimentos estereotipados: na linguagem oral centram-se na tentativa de reproduzir os aspectos prosódicos; na escrita, recaem principalmente na utilização de um léxico que atesta as diferenças entre as duas variedades. Os resultados da análise mostram que o enunciador, para passar a imagem ao enunciatário de um falante nativo do português europeu, não se restringiu somente a aspectos linguísticos, mas também a aspectos discursivos, especialmente aqueles relativos à projeção das categorias da enunciação no nível discursivo.

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Biografia do Autor

Ernani Terra, Universidade de São Paulo (GES-USP)

Doutor em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade católica de São Paulo (PUC-SP). Pós-doutorado na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Menbro do Grupo de de Estudos Semióticos da Universidade de São Paulo e do GT de Semiótica da Anpoll.

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Publicado

14-06-2020

Como Citar

TERRA, E. O enunciador em um conto de Clarice Lispector. Entretextos, Londrina, v. 20, n. 1, p. 241–255, 2020. DOI: 10.5433/1519-5392.2020v20n1p241. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/37276. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

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Artigos