Contextualismo vs Minimalismo: um embate sobre a (in)dependência entre Semântica e Pragmática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2018v18n2p219

Palavras-chave:

Contextualismo, Minimalismo, Semântica, Pragmática

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar um debate entre duas correntes teóricas opostas: o minimalismo semântico e o contextualismo semântico. Mostraremos que o cerne dessa disputa faz referência às relações estreitas que a semântica e a pragmática possuem no que tange ao tratamento do significado de uma sentença e a possível influência do contexto em sua compreensão. Para os minimalistas Cappelen & Lepore (2005), o significado de uma sentença é definido em grande parte pelos seus elementos gramaticais; nessa concepção, a referência contextual não apresenta qualquer influência em seu conteúdo semântico, salvo os indexicais. Já os contextualistas como Recanati (2010) defendem que o contexto modaliza o conteúdo semântico de uma sentença: diferentes significados podem ser atribuídos a uma mesma sentença a depender do cenário dos atos de proferimento. A discussão entre essas diferentes abordagens parece uma alusão ao quão dependente ou independente a semântica é da pragmática, se elas estão ou não em relação de interface no tratamento do significado e do contexto. Se considerarmos a concepção minimalista, a semântica e a pragmática são áreas de estudos separadas; porém, se considerarmos a concepção contextualista, essas áreas são interdependentes, ou seja, as condições de verdade de uma sentença dependem da informação contextual do ato de fala.

 

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Biografia do Autor

Daiana Amaral Jeremias, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda do programa de pós-graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina

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Publicado

30-12-2018

Como Citar

JEREMIAS, D. A. Contextualismo vs Minimalismo: um embate sobre a (in)dependência entre Semântica e Pragmática. Entretextos, Londrina, v. 18, n. 2, p. 219–244, 2018. DOI: 10.5433/1519-5392.2018v18n2p219. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/32600. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos