O cordel como um gênero do discurso presente em materiais didáticos em uma perspectiva da variação linguística

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2017v17n1p155

Palavras-chave:

Gêneros discursivos, Material Didático, Cordel, Variação linguística regional Preconceito linguístico

Resumo

Este trabalho pretende traçar um paralelo entre os estudos variacionistas e a teoria dos gêneros discursivos por meio da análise do gênero cordel trabalhado em materiais didáticos e sua relação com a valorização da variação linguística regional, a fim de atuar na eliminação de possíveis preconceitos linguísticos. Para tanto, foram analisados dois materiais didáticos de Língua Portuguesa que contemplam as práticas discursivas com o gênero discursivo cordel, a saber: i) 8º ano da Coleção Tecendo Linguagens, da Editora IBEP (2012) – versão governo, aprovado no PNLD 2014; ii) 7º ano do Projeto Athos: língua portuguesa, da Editora FTD (2014) – versão mercado. A fim de nortear o trabalho, foram delineadas as seguintes perguntas de pesquisa: i) É possível observar nos materiais didáticos estudados pressupostos bakhtinianos articulados à noção de gêneros do discurso?; ii) O trabalho didático com o cordel presente nos materiais didáticos focalizados apresenta ou não a valorização do dialeto da região de onde ele se origina?; iii) Como se articula didaticamente o registro linguístico empregado nos cordéis com os estudos da Sociolinguística Educacional?; iv) O trabalho didático com o gênero cordel foi abordado de forma a eliminar preconceitos linguísticos? Como instrumentos de pesquisa, foram utilizadas a pesquisa e análise do gênero cordel nos materiais didáticos aliadas à luz das teorias discursivas de Bakhtin (2006), do interacionismo sócio-discursivo de Bronckart (2003), os estudos variacionistas de Labov (2008), e na perspectiva da Socioliguística Educacional de Bagno (2007) e Bortoni-Ricardo (2013). De modo geral, foi possível observar algumas reminiscências da articulação com os pressupostos bakhtinianos em relação aos gêneros discursivos; contudo, esses materiais apresentam uma abordagem aquém da variação linguística enquanto característica constitutiva do gênero cordel.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Vanessa Yida, Universidade Estadual de Londrina

Doutoranda em Estudos da Línguagem, pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Línguagem da Universidade Estadual de Londrina.

Referências

ALVES, Roberta Monteiro. Literatura de cordel: por que e para que trabalhar em sala de aula. Revista Fórum identidades, Aracajú, Ano 2, v. 4, p. 103-109, juldez. 2008.

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. 56. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.

BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

BAKHTIN, Mikhail (VOLOCHÍNOV, V.N.). Língua, fala e enunciação. In: BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. Hucitec, 2006. p. 91-111.

BAKHTIN, Mikhail (VOLOCHÍNOV, V.N.). A interação verbal. In: BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. Hucitec, 1995. p. 110-127.

BAHKTIN Mikhail (VOLOCHÍNOV, V.N.). Estética da criação verbal. Traducao Maria Ermantina G. G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 279- 325.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. (Org.). Os doze trabalhos de Hércules: do oral para o escrito. São Paulo: Parábola, 2013.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris; ROCHA, Maria do Rosário. O ensino de português e a variação linguística em sala de aula. In: MARTINS, Marco A. ; VIEIRA, Silvia R.;TAVARES, Maria A. (Org.). Ensino de Português e Sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2014. p. 38-55.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística em sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

BRAIT, Beth. Mikhail Bakhtin: o discurso na vida e o discurso na arte. In: DIETZSCH, Mary Júlia. (Org.). Espaços da linguagem na educação. São Paulo: Humanitas, 1999. v. 1, p. 11-39.

BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Gêneros do discurso na escola: mito, cordel, discurso político, divulgação científica. São Paulo: Cortez, 2000.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília, 1998.

BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: EDUC, 2003.

CAMPOS, Maria Teresa R. A. et al. Projeto Athos: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2014.

EVARISTO, Marcela Cristina. O cordel em sala de aula. In: BRANDÃO, H. N. Gêneros do discurso na escola: mito, cordel, discurso político, divulgação científica. São Paulo: Cortez, 2000. p. 119-184.

FARACO, Carlos Alberto; NEGRI, Lígia. O falante: que bicho c esse, afinal? Letras, Curitiba, n. 49, p. 171-180, 1998.

CHAMBERS, Jack K; TRUDGILL, Peter. La Dialectología. Tradução Carmén Morán González. Madrid: Visor Libros, 1994.

LABOV, William. Padrões sociolingüísticos. Tradução Marcos Bagno, Maria Marta Scherre e Caroline Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008.

LAMBERT, William W.; LAMBERT, Wallace E. Psicologia social. Tradução Álvaro Cabral. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

MACHADO, Irene. Gêneros discursivos. In: BRAIT, Beth (Org.). Bakhtin: conceitos-chave. São Paulo: Editora Contexto, 2005. p. 151-166.

MARTINS, Marco A.; VIEIRA, Silvia R.; TAVARES, Maria A. Contribuições da Sociolinguística brasileira para o ensino de português. In: MARTINS, Marco A.; VIEIRA, Silvia R.; TAVARES, Maria A. (Org.). Ensino de Português e Sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2014. p. 11-35.

NASCIMENTO, Elvira Lopes. Debate na sala de aula: gênero catalizador para aprendizagens e desenvolvimento. In: BUENO, Luiza; COSTA-HÜBES, Terezinha da Conceição (Org.). Gêneros orais no ensino. São Paulo: Mercado de Letras, 2015. p. 206-237.

ROJO, Roxane. Gêneros de discurso/texto como objeto de ensino de língua: um retorno ao trivium? In: SIGNORINI, Inês (Org.). [Re]discutir texto, gênero e discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. p. 73-103.

SEVERO, Cristine Gorski. Entre a sociolinguística e os estudos discursivos: o problema da avaliação. Interdisciplinas: Revista de Estudos em Língua e Literatura, Aracajú, Ano 6, v.14, p. 7-15, jul-dez., 2011.

Downloads

Publicado

29-12-2017

Como Citar

YIDA, V. O cordel como um gênero do discurso presente em materiais didáticos em uma perspectiva da variação linguística. Entretextos, Londrina, v. 17, n. 1, p. 155–183, 2017. DOI: 10.5433/1519-5392.2017v17n1p155. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/27438. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)