Concepções de linguagem: gramática de língua portuguesa e ensino de língua materna

Autores

  • Letícia Aparecida de Araújo Gonçalves Universidade Estadual de Londrina
  • Joyce Elaine de Almeida Baronas Universidade Estadual de Londrina https://orcid.org/0000-0001-7866-5166

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2013v13n2p243

Palavras-chave:

Gramática, Concepção de linguagem, Ensino

Resumo

A língua é heterogênea, variável, sócio-historicamente constituída, entretanto, nem sempre essa visão prevalece na prática diária nas salas de aula. Muitos professores seguem aquilo que é prescrito pela gramática normativa, desconsiderando a mutabilidade da língua, apresentando o “certo” em oposição ao “errado” em língua materna. Neste trabalho, que é um recorte da dissertação de mestrado em andamento, fundamentamos nossas discussões nos pressupostos da sociolinguística e da linguística histórica, com o objetivo de investigarmos as concepções de linguagem que permeavam o ensino no início do século XIX a partir da análise da Gramática normativa da língua portuguesa de Rocha Lima. Para isso, contextualizamos a situação da língua portuguesa no Brasil e seu ensino desde colonização, o papel dos padres jesuítas para a consolidação do ensino em terras brasileiras. Comentamos brevemente as concepções de linguagem baseadas nos trabalhos desenvolvidos por Geraldi (1984), Perfeito (2004; 2005; 2007), Travaglia (2009). Para as discussões sobre a heterogeneidade linguística brasileira e as implicações para o ensino de língua materna, consideramos os estudos de Castilho (1998, 2002, 2010), Camacho (1988), Ilari e Basso (2011), Mattos e Silva (2004). Verificamos com a análise do corpus que, apesar de apresentar na introdução menções ao caráter heterogêneo e variável da língua, o autor mantém-se preso ao prescritivismo, considerando, segundo a concepção de linguagem como expressão do pensamento, as regras de bom uso da língua aquelas presentes nas obras literárias de autores clássicos.

Palavras-chave: Gramática. Concepções de linguagem. Ensino.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Letícia Aparecida de Araújo Gonçalves, Universidade Estadual de Londrina

Mestranda em Estudos da Linguagem na Universidade Estadual de Londrina 

Joyce Elaine de Almeida Baronas, Universidade Estadual de Londrina

Professora Dra da Universidade Estadual de Londrina.

Referências

BUESCU, Maria Leonor Carvalhão. Historiografia da língua portuguesa: século XVI. Lisboa: Livraria Sá da Costa, Ltda, 1984. Col. Nova Universidade: Linguística.

CAMACHO, Roberto Gomes. A variação lingüística. In: SÃO PAULO. Secretaria de Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Subsídios à Proposta Curricular de Língua Portuguesa para os 1º e 2º graus: coletânea de textos. São Paulo: SE/CENP, 1988. v. 1. p. 29-41.

CASAGRANDE, Nancy dos S. A implantação da língua portuguesa no Brasil do século XVI: um percurso historiográfico. São Paulo: EDUC, 2005.

CASTILHO, Ataliba Teixeira de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.

CASTILHO, Ataliba Teixeira de. Variação dialetal e ensino institucionalizado da língua portuguesa. In: BAGNO, Marcos (org.). Linguística da norma. São Paulo: Loyola, 2002.

FARACO, Carlos Alberto. Norma-padrão brasileira: desembaraçando alguns nós. In: BAGNO, Marcos (org.). Linguística da norma. São Paulo: Loyola, 2002.

FARACO, Carlos Alberto. Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. São Paulo: Parábola, 2005.

FÁVERO, Leonor Lopes. As concepções linguísticas no século XVIII: a gramática portuguesa. Campinas-SP: UNICAMP, 1996.

GERALDI, João Wanderley (org.). O texto na sala de aula: leitura e produção. 2. ed. Cascavel: ASSOESTE, 1984.

ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos – a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.

MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. Contradições no ensino de português: a língua que se fala a língua que se ensina. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2003.

MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. Tradição gramatical e gramática tradicional. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1994. Col. Repensando a língua portuguesa.

NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. São Paulo: Humanitas/FAPESP, 2000.

PEREIRA, Rosimeri da Silva. As reformas educacionais do século XX e a disciplina língua portuguesa – entre o ensino clássico e o moderno. (s.d). Disponível em: histedbr.fae.unicamp.br. Acesso em: 29 nov. 2012.

PERFEITO, Alba Maria. Concepções de linguagem, teorias subjacentes e ensino de língua portuguesa. In: SANTOS A. R.; RITTER, L. C. B. (org.) Concepções de linguagem e ensino. Maringá: EDUEM, 2005. (Formação do professor. EAD 18). v. 1, p. 27-79.

PERFEITO, Alba Maria. Concepções de linguagem e análise linguística: diagnóstico para propostas de intervenção. In: Congresso latino-americano sobre formação de professores de línguas, 1., Florianópolis, 2007. Anais... Florianópolis, UFSC, 2007. p. 824-836.

PERFEITO, Alba Maria; Cecilio, Sandra Regina; Costa-Hübes Terezinha da Conceição. Leitura e análise linguística: diagnóstico e proposta de intervenção. Acta Sci. Human Soc. Sci. Maringá, v. 29, n. 2., p. 137-149, 2007.

ROCHA LIMA, Carlos Henrique. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Livraria José Olympo Editora, 1974.

SALOMÃO, Ana Cristina Biondo. Variação e mudança linguística: panorama e perspectiva da sociolinguística variacionista no Brasil. Florianópolis: Fórum linguístico, 2011. v. 8. n. 2. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5007/1984-8412.2011v8n2p187, acesso em 12 fev. 2013.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

Downloads

Publicado

30-01-2014

Como Citar

GONÇALVES, L. A. de A.; BARONAS, J. E. de A. Concepções de linguagem: gramática de língua portuguesa e ensino de língua materna. Entretextos, Londrina, v. 13, n. 2, p. 243–265, 2014. DOI: 10.5433/1519-5392.2013v13n2p243. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/16191. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.