Trauma e prematuridade: o que fazer diante do nascimento inesperado de um bebê?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2020v11n3p138

Palavras-chave:

prematuridade, trauma, psicanálise

Resumo

Este artigo propõe um estudo teórico acerca do nascimento prematuro como um evento traumático para o bebê e a sua família, especialmente  para a mãe, que também pode ser considerada uma mãe prematura. Primeiramente, falaremos sobre o trauma no contexto específico do nascimento prematuro. O trauma do nascimento será apresentado como uma falha ambiental, que está relacionada à falta de provisão dos cuidados maternos, primordiais no estágio de dependência absoluta. Depois, apontaremos possibilidades de intervenção precoce, com o objetivo de evitar a cristalização da dor e do sofrimento psíquico ocasionados pelo nascimento antecipado. O trabalho psicanalítico individual ou em grupo de escuta, bem como a literatura e o Método Canguru são mencionadas como caminhos para as mães fazerem um contorno naquilo que é real, indizível traumático, para conseguirem estabelecer um vínculo afetivo com o seu filho.

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Biografia do Autor

Andréa Leão Leonardo-Pereira de Freitas, Universidade de Brasília

Doutoranda do departamento de Psicologia Clínica e Cultura da UnB

Eliana Rigotto Lazzarini, Universidade de Brasília

Professora Doutora do departamento de Psicologia Clínica e Cultura da UnB

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Publicado

2020-12-18

Como Citar

Freitas, A. L. L.-P. de, & Lazzarini, E. R. (2020). Trauma e prematuridade: o que fazer diante do nascimento inesperado de um bebê?. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 11(3), 138–152. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2020v11n3p138

Edição

Seção

Artigos Originais