A desindustrialização no Brasil e a doença holandesa: uma revisão da literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2317-627X.2018v6n2p141

Palavras-chave:

Doença Holandesa, Desindustrialização, Revisão Sistemática.

Resumo

Este trabalho apresenta um panorama teórico-conceitual que correlaciona as variáveis desindustrialização e re-primarização da pauta exportadora com a ducht disease. A metodologia utilizada foi à revisão sistemática identificando e avaliando os estudos integrantes das bases de dados da Scientific Electronic Library Online e do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação, constantes nos sistemas até 30 de setembro de 2017, tendo-se utilizado como critério selecionador, o termo “doença holandesa” e a revisão por pares. Os dados coletados identificaram argumentos favoráveis e contrários à presença da doença holandesa na economia brasileira. Apesar disso os resultados revelam que as bases de dados utilizadas pelas correntes são distintas, o que não permite afirmar se existe ou inexiste doença holandesa no Brasil. Dentre os argumentos favoráveis à presença da doença holandesa, encontram-se linhas teóricas que vinculam a persistente apreciação da moeda nacional com a reprimarização da pauta de exportações, o que desencadearia a desindustrialização da economia. Já os argumentos contrários à existência da doença no Brasil indicam que os postos de trabalho no ramo industrial permaneceram estáveis, que a pauta de exportações não sofreu alterações significativas recentemente, que a indústria de transformação manteve um nível de participação média anual no Produto Interno Bruto e que os setores de elevada e média-elevada tecnologia tiveram significativo crescimento.

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Biografia do Autor

Dalton Tria Cusciano, Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP

Doutorando em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP.

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Publicado

11-12-2018

Como Citar

Cusciano, D. T. (2018). A desindustrialização no Brasil e a doença holandesa: uma revisão da literatura. Economia & Região, 6(2), 141–155. https://doi.org/10.5433/2317-627X.2018v6n2p141

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Artigos