O "entre-lugar" dos folhetos de cordel no século XXI

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DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2014v9.e31743

Palavras-chave:

Entre-lugar, Folhetos de cordel, Século XXI

Resumo

No cruzamento entre passado e presente, clássico e “vulgar”, oral e escrito, há o elemento do meio, o elemento de ligação, o “entre-lugar”. Bhabha (2001) define o termo como o espaço da transição. O estudo corrente aproxima o sentido de “ligação” ao papel que o cordel desempenha na cultura brasileira. Cultura que se faz constantemente a partir do embate conflitante (e ao mesmo tempo harmonioso) de costumes de etnias diversas e de povos que, distantes de suas origens, unem os fios históricos de suas vivências na formação de um tecido imaginário da memória de discursos fundadores provenientes de territórios estrangeiros. Elo entre culturas, enfatiza-se o cordel que une histórias e figura como um bricolage, nos moldes de Claude Lévi-Strauss (1989): um produto derivado do que alguns classificam como arte chamada “bruta” ou “ingênua”, porém que está apto a executar um grande número de tarefas diversificadas. Produto idealizado para “servir” como ponte de passagem, liga e constrói narrativas, dá coerência às imagens trazidas à tona pela memória de cada grupo. Dessa forma, conceitos como “entre-lugar”, propostos por Bhabha (2001), subsidiam as reflexões acerca do papel que o cordel assume na contemporaneidade mediante o percurso de continuidade de uma memória que se coloca frente aos desafios de transformação e desenvolvimento necessários para o envolvimento e a adaptação do produto cultural cordel ao sistema social configurado para tecer o cenário histórico do século XXI.

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Biografia do Autor

Linduarte Pereira Rodrigues, Universidade Estadual da Paraíba

Doutor em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba. Professor do Departamento de Letras e Artes e do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores da Universidade Estadual da Paraíba

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Publicado

2014-10-30

Como Citar

Rodrigues, L. P. (2014). O "entre-lugar" dos folhetos de cordel no século XXI. Boitatá, 9(18), 158–176. https://doi.org/10.5433/boitata.2014v9.e31743

Edição

Seção

Dossiê