Inflamação e câncer: Discutindo a patogênese e o tratamento dos gliomas

Resumo

Inúmeras pesquisas têm sido realizadas no intuito de compreender a formação, o crescimento e a disseminação do câncer, incluindo os mecanismos que possam interferir na sua progressão. A transformação tumoral acarreta em mudanças na produção local de citocinas. As células inflamatórias presentes no tecido tumoral podem contribuir para o desenvolvimento e manutenção do câncer pela liberação de potentes mediadores solúveis que regulam a sobrevivência e proliferação celular, angiogênese, remodelamento tecidual, metabolismo e integridade genômica. A compreensão da patogênese dos gliomas e sua abordagem terapêutica representam grandes desafios na oncologia atual. O glioblastoma multiforme é o mais comum e agressivo dos tumores primários do sistema nervoso central (SNC), sendo bastante resistente a intervenções terapêuticas. Os gliomas raramente se disseminam além do SNC, mas invadem difusamente seu tecido hospedeiro por contigüidade. As adjacências do tumor apresentam várias características da resposta inflamatória, incluindo a ativação da micróglia e macrófagos, astrócitos hipertróficos reativos, invasão vascular e formação de edema. Diversos  estudos experimentais, epidemiológicos e clínicos indicam que os antiinflamatórios não-esteroidais, especialmente os inibidores seletivos da enzima ciclo-oxigenase 2, apresentam-se como drogas anti-câncer promissoras. Deste modo, a compreensão dos mecanismos que modulam o desenvolvimento dos gliomas, sobretudo com relação aos mediadores inflamatórios, e seu papel nas diferentes fases de progressão tumoral são fundamentais para o estabelecimento de terapêutica específica.