Do terreiro ao púlpito – apropriação e ressignificação de elementos de crença das religiões afro-brasileiras pela liderança da Igreja Universal do Reino de Deus (1977-2010)

Autores

  • Marco Antonio Barbosa Universidade Estadual de Londrina - UEL

Palavras-chave:

Igreja Universal do Reino de Deus, Neopentecostalismo, Religiões afro-brasileiras, História das religiões, Intolerância religiosa

Resumo

Com o objetivo de contribuir com as pesquisas no campo da história das religiões e religiosidades, esse trabalho apresenta um estudo de análise das apropriações e ressignificações de crenças e práticas das religiões afrobrasileiras pela liderança da Igreja Universal do Reino de Deus (1977-2010), com especial atenção à simbiose ritualística que hoje ultrapassa os limites do sincretismo religioso, com ênfase à obra “Orixás, Caboclos e guias: deuses ou demônios?” de Edir Macedo. Há um paradoxo atribuído à inclusão da liturgia afro-brasileira nos cultos neopentecostais, demonstrando proximidade e ao mesmo tempo incompatibilidade entre esses dois campos religiosos. Procuro refletir sobre os caminhos discursivos que a Igreja Universal do Reino de Deus percorre como forma de ressignificar os elementos de crença das religiões afrobrasileiras deslegitimando o poder do outro através da estratégia de demonização. A diabolização do outro serve como elemento demarcador de território. Nesse sentido, a IURD não somente extrapola suas fronteiras institucionais, como também, incorpora mecanismos de funcionamento de religiões fora do campo cristão. Sendo assim, a demonologia na IURD resulta na recuperação e aceitação das representações e concepções acerca das forças maléficas que acompanham a própria história do cristianismo, e na identificação das forças do mal principalmente nas entidades espirituais que compõem o panteão das religiões afro-brasileiras. Nesse processo, a intolerância religiosa se faz presente.